A "sinosite" do padre
Em Oliveira do Bairro, os sinos da Igreja Matriz, situada no centro da cidade, tocam de 30 em 30 minutos e, diariamente, à meia-noite, qual atroadora "sinosite", fazem soar as inevitáveis doze badaladas. Quem sofrer de insónias pode não contar carneirinhos, mas tem a sorte de poder contar as sonoras pancadas que emanam soltas e ruidosas do sagrado templo. Porém, o pior é aos domingos às sete da manhã, quando o badalo desprende... 60 (!) badaladas a lembrar indiferentemente a católicos, não católicos, agnósticos e ateus, que é dia da santa missa.
Ora, o padre de Oliveira do Bairro, com o sugestivo e adequado nome de António Cruz, manifestou admiração e surpresa com alguma contestação que começa a fazer-se sentir entre alguns moradores, lembrando que os sinos já lá estão a debitar as horas e minutos desde 1965 e, como remate de tão pertinente argumento cronológico, asseverou que "parece que os símbolos da igreja ainda incomodam muita gente"!...
Esta é mais uma prova de como uma instituição que prega, presumo, o respeito e a tolerância, não só não é consequente e consistente com a mensagem que transmite, como possui no seu seio membros que denunciam ter a nostalgia de tempos inquisitoriais, revelando uma absoluta e injustificável falta de decência, vergonha e civismo. E não é que aquela paroquial criatura ainda afirma que, para alterar o sistema de badaladas do relógio, não basta reclamar, pois tal mudança custa dinheiro!? Haverá maior insulto ao bom senso e à pobreza?
Na Igreja Católica, o reconhecimento de conquistas civilizacionais tarda muitas vezes e a riqueza material que possui é proporcional às pobrezas ritual e de espírito. Perdoai-lhes, Deus (que não precisais de sinos), que eles não sabem o que dizem ou fazem!
Etiquetas: Sociedade
2 Comments:
Regressando ao "Sem Quorum", folgo em verificar que o negro das batinas (não o negro que em tempos tb eu usei... a batina dos estudantes de Coimbra) te continua a incomodar... :-)
BONG! BONG! BONG! BONG! ...
Era dar-lhe com o badalo (?) do sino naquela cabeça oca!
Abraço
MF
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