sexta-feira, março 02, 2007

O eixo do mal

Antipatizo com Bush e os ignóbeis valores que representa! Desde o primeiro instante considerei criminosa e terrorista a invasão militar no Iraque, uma acção inqualificável de arrogância e prepotência unilateralista que vil e infamemente desprezou o direito internacional e a ONU, sustentada numa colossal mentira (posse de armas de destruição maciça por parte de Saddam) acolitada por Estados cobardes, designadamente o Reino Unido de Blair, a Espanha de Aznar e o Portugal de Barroso.
Quem comunga deste meu ponto de vista é por vezes acusado de "antimericanismo primário" por parte de mentes comprometidas e imbuídas de uma perspectiva maniqueísta: reduzem a realidade sócio-cultural a uma etnocêntrica dicotomia bons/maus, nós/eles, amigos/inimigos da liberdade... Esta concepção visa criar uma bipolarização que legitime o apoio político-militar internacional às teses de intervencionismo pela força das armas.
Paradoxalmente, Bush e os "bons", em nome da liberdade que hipocritamente dizem defender, disfarçam episódios como Abu Ghraib, Guantánamo, massacre de civis inocentes (os tais "danos colaterais"), escutas telefónicas sem autorização judicial, etc., que consubstanciam, afinal, uma clara e flagrante regressão das liberdades, direitos e garantias dos cidadãos, dentro e fora dos EUA. Apesar disso, subsistem os avestruzes que insistem na defesa da ideia de que criticar a administração Bush e a pax americana é estar do lado dos (outros) terroristas. Como se justifica a inexistência de resoluções da ONU contra os EUA? Como aceitar que os EUA se demarquem do cumprimento de Tratados, Convenções e Declarações internacionais? Até quando a justiça de um TPI não abrange os cidadãos americanos?
Ora, compreender um fenómeno não significa justificá-lo e, por outro lado, criticar um dos lados não quer dizer que perfilhemos as ideias dos antagonistas, sobretudo quando, como os EUA, se cometem os crimes de que se acusam os outros: criticar Hiroshima, Nagasaki ou Dresden não quer dizer que se seja nazi ou fascista! Aliás, desconfio de quem acha que a moralidade se impõe e é exclusiva do seu campo de contenda.
Antipatizo com Bush pelas mesmas razões que me fazem antipatizar com a Al-Qaeda e todas as formas de ditadura e os valores que representam, porque censuro a arbitrariedade, a violência gratuita, oportunista e interesseira. O mundo unipolar continuará a ser uma desgraça global: se internamente os EUA não são um país que promova a liberdade, a igualdade cívica e a justiça social, como podem querer presidir e monopolizar a (des)ordem mundial?

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3 Comments:

Blogger Ai meu Deus said...

De acordo. Com um

abraço do anti-americanista primário Ai meu Deus!

12:34 da tarde  
Blogger Texuga said...

É surreal que os americanos se tenham sentado à mesa das negociações do Tratado de Roma (que estabelece o TPI) e que na hora de o ratificar digam que não estão interessados... é surreal!

11:02 da manhã  
Blogger morffina said...

"Kyotos" assinem os tratados internacionais.
So say the americans, because they believe they're above the law.

Abraço
MF

12:29 da tarde  

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