Novas alarvidades

Ora, o que o governo transmite aos portugueses é um pressuposto de sucesso e realização pessoal dissociado de imperativos de competência e de estatuto social, que menoriza a importância e a dignidade de profissões úteis no tecido económico e na estrutura das sociedades saídas do modelo industrial de produção, como é a nossa, desqualificando e humilhando-as. Não questiono a importância da promoção da formação e qualificação dos recursos humanos e do incremento da escolaridade nacional, mas lamento que isso se faça à custa de mensagens subliminarmente desprestigiantes de profissões que, apesar do menor grau de habilitações exigível para o seu desempenho, se revestem de uma importância igualmente inquestionável.
Se este governo fosse coerente na acção e íntegro na decisão, este anúncio vergonhoso teria sido chumbado. Mas a incongruência não podia ser maior da parte de um elenco executivo liderado por alguém que, de engenheiro, somente tem a ilegitimidade do título, a vaidade nacional de ter um prefixo antes do nome e a suspeita forte de um canudo irregularmente obtido e fabricado por medida. Assim, qualquer um é engenheiro, valendo mais um papel timbrado de membro de governo do que o mérito de um efectivo e honesto labor discente...
Depois do infeliz «Allgarve», temos um novo eufemismo: antes dizia-se "injustiças"; agora diz-se "novas oportunidades"!
Etiquetas: Política
1 Comments:
A sigla desta coisa é NO!
Abraço
MF
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