terça-feira, abril 17, 2007

O delírio bélico

Enriquecendo a triste cronologia de tiroteios trágicos em estabelecimentos de ensino nos EUA, ontem foi a vez da Universidade de Virginia Tech ser o palco onde perderam a vida 33 pessoas, incluindo a do homicida. Recentemente, esta centenária instituição universitária havia sido abalada pelo assassínio de um segurança e de um polícia às mãos de um prisioneiro evadido que se barricou nas suas instalações, e por dois falsos alertas de bomba.
As doze vítimas do massacre do liceu de Columbine, em 1999, foram agora perfeitamente superadas e estes acontecimentos confirmam os dados que, escritos a sangue frio (para evocar Truman Capote), demonstram à saciedade serem os EUA um dos países mais inseguros - cerca de 30 mil civis são assassinados por ano em atentados desta natureza e muitos são já os políticos e activistas que não escaparam e se inscrevem nesta lista de horror (a começar logo por Abraham Lincoln, John e Robert Kennedy, Luther King, Malcolm X, etc.). Os sucessivos dirigentes políticos e governantes são os grandes (ir)responsáveis por estes belicosos fenómenos de perturbação social, ao perpetuarem com a sua passividade e cumplicidade situações de guerrilha urbana, potenciada pela escandalosa facilidade com que neste país se obtem e transaccionam armas de fogo: são à volta de 5000 (!) as feiras de armas que se realizam anualmente nos EUA e basta ter o BI regularizado e 50 dólares no bolso para se ser pistoleiro e ter acesso aos brinquedos mortais em tão fascinantes certames que inspiram o hábito de reeditar os tempos do far west. Assim se alimenta um cruel sistema capitalista que subordina o valor da segurança e da vida à lógica dos lucros colossais obtidos com o comércio interno de armas.
E é esta sociedade estado-unidense doente e decadente, ignorante e autista face a interesses alheios e aos problemas do resto do mundo, que impõe os seus interesses hegemónicos, até com recurso unilateral à violência militar. Há um Iraque dentro dos EUA e não surpreende que seja este o povo que, por duas vezes, elegeu um «John Wayne de trazer por Casa Branca», um criminoso que infectou o mundo com a iniquidade da injustiça, da desordem e da instabilidade, num dividir para reinar com o qual vai nutrindo o terrorismo com mais terrorismo.
Casos como o do Campus de Virginia Tech, lembram que, às vezes, a ameaça interna é tão letal como todas as Al Qaeda do mundo!

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1 Comments:

Blogger morffina said...

United Squizofrenia of America!

4:12 da tarde  

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