Saddam e os outros...
Os Estados, mormente os democráticos, garantem a sua viabilidade mediante a criação de instrumentos jurídico-policiais reguladores e de coacção que, entre outros aspectos, legitimam a violência física. Este dispositivo disciplinar deve ser exercido exclusivamente pelo Estado.
Porém, accionar a pena de morte é o juízo sancionatório mais eticamente reprovável e degradante, indigno do respeito pelos direitos humanos e próprio de códigos normativos irracionais e incapazes de se elevarem do chão primário de rústico senso comum (baseado no olho por olho, dente por dente). Quanto mais não seja, a intrínseca falibilidade humana é motivo suficiente para não se presumir a mais que provada infalibilidade e falta de isenção judiciais e evitar que o Estado seja tão criminoso para com inocentes como um homicida.
Por conseguinte, a condenação à morte de Saddam Hussein é uma triste notícia para a parte racional e razoável do mundo ocidental, mesmo tratando-se de um facínora e demente homo sapiens, indigno de, em rigor, ser considerado ser humano. Se cometeu crimes contra a humanidade, por que foi julgado num tribunal fantoche e não no TPI? Não será o argumentário condenatório dirigido a Saddam, em muito idêntico ao argumentário censório da bélica e criminosa política externa unilateral de Bush e dos Estados Unidos?
Pena que, estando as mãos de Bush tão manchadas de sangue como as do iraquiano, a (des)ordem internacional - tão cruel, hipócrita e flagrantemente desigual e injusta - faça a distinção entre Saddam e os outros...
Etiquetas: Política
1 Comments:
Ler's play hangman, shall we?
A hint has been given. If you don't guess the person in question will be hanged.
Please don't guess!
_ _ S _ S _ _ _ _ _ _ S
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