terça-feira, novembro 07, 2006

A política arte da fuga

Depois da suspensão do mandato de António Vitorino, a semana passada foi a vez de Jorge Coelho renunciar ao seu mandato, invocando querer iniciar uma nova fase para se dedicar à sua actividade profissional. Ora, não será politicamente indesculpável e eticamente injustificável não cumprir os compromissos assumidos com os eleitores, em tempo de campanha? Não são os mandatos de quatro anos? Acaso Coelho, e outros animais da política, terão justificação plausível para abdicar de imperativos éticos de democrática representatividade e cidadania, como é o caso do cumprimento integral do tempo de exercício da missão pública para que foram eleitos e com o poder de que foram investidos? [Mas, da mesma forma, não será também censurável a acumulação de cargos numa mesma pessoa, num monopólio preocupante de suspeita e caciquismo?] O que pensarão disto os desempregados deste país que, se recusarem uma fortuita oferta de emprego, nem direito a subsídio têm?
É, pelo menos, a segunda vez que o socialista beirão procede assim; a primeira foi numa trágica noite de Março de 2001, lavando as mãos perante a (ir)responsabilidade da queda da ponte em Entre-os-Rios - estranha forma de assumir responsabilidades! [Como era esperado, e não obstante a expectativa optimista do ex-ministro e testa de ferro do PS, a culpa acabou, invariavelmente, por morrer solteira, cinco anos depois!]
Porém, reconheço que, se até um primeiro-ministro enveredou pelas cobardes artes da fuga, não será de surpreender que um deputado debande igualmente. Pena que Pina Moura não tenha sido tão célere em tal decisão. Bem vistas as coisas, ocorre-me observar a Jorge Coelho o mesmo que a Vitorino, Durão e Moura: agora que os senhores não fazem falta nenhuma, é que se vão embora?

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Já vissstesss a velocidade a que um coelho foge? E geralmente foge primeiro para esssquerda e depoisss vira repentinamente para a direita.

4:09 da tarde  

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