quarta-feira, janeiro 31, 2007

Prémio sinistro

Certamente impelida por um qualquer pingo de piedade ou ínfimo vestígio de compaixão, a ministra da Educação instituiu um Prémio Nacional de Professores, no valor de 25000 euros, e quatro prémios de mérito (carreira, integração, inovação e liderança) sob a forma de diplomas, publicação de trabalhos ou viagens a escolas estrangeiras. Após a aprovação de um Estatuto que maltrata a profissão docente, dividindo-a, subestimando-a, desmotivando-a e relegando-a a uma função bur(r)ocratizada, Lurdes Rodrigues surpreende com este parco rebuçado: dar um prémio a um professor num universo de mais de 120 mil, que leccionam em níveis de ensino tão díspares, como se ensinar alunos do 1º ciclo, do 3º ciclo ou do secundário fosse o mesmo!
Esta atitude é semelhante à do ladrão que, apesar de ser ladrão, quer mostrar que nem é má pessoa recompensando uma das vítimas com uns beneméritos euros...
Há pouco que fazer nos gabinetes da 5 de Outubro, para a gente que neles senta o rabo se entreter com ideias festivaleiras que, em rigor, nada beneficiam a qualidade e a seriedade do ensino. E para compor o ramalhete, a sinistra e seráfica senhora escolheu o «correcto» Daniel Sampaio (o psiquiatra cujo «eduquês» oficializado vai aniquilando o sistema de ensino) para presidir ao importantíssimo júri. Já agora, só faltava designar também Eduardo Sá para a família de ilustres "pedabobos" do júri ficar mais composta!
Mas há um outro elemento que me provoca indignação neste concurso triste dirigido aos espoliados na dignidade da sua profissão: a ministra exclui, por ora, pais e alunos como proponentes de um candidato ao prémio, invocando que ser professor implica uma "dimensão técnica cuja qualidade deve ser validada pelos seus pares ou instituições de ensino". Mas então, não foi a ministra que queria, a todo o custo, que os encarregados de educação interviessem na avaliação dos professores?
Desgraçado país cujo sistema de ensino está entregue em sábias mãos de ignorância estampada no rosto e incoerente experimentalismo absurdo... O prémio que os professores deviam receber era o de mártires da ara escolar - pelo menos os que, em 2005, tiveram o discernimento de não votar no PS!

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1 Comments:

Blogger morffina said...

É injusto! Cristo teve o direito ao título de Deus!

Que os metem (os 25 mil) um a um, moeda a moeda, pelo ... acima!

Abraço
MF

4:16 da tarde  

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