quinta-feira, março 08, 2007

'Flexipoupança'

Consequência do paradigma económico vigente, a globalização imprimiu dinâmicas de mobilidade laboral inéditas e que exaustivamente consolidam o pressuposto de que os empregos já não são para a vida. A precariedade é filha da 'flexipoupança' (disfarçada cinicamente pela eufemística 'flexigurança'), traduzida na selvagem demanda de vantagens competitivas, incremento desenfreado de produtividade e cega acumulação de lucros.
Ora, este modelo faz com que o futuro dos trabalhadores não seja já coincidente com o futuro das empresas nem faça parte das preocupações destas, mesmo que pontuais e desgarrados gestos de filantropia procurem dissimular essa indiferença. Ou seja, os actuais contextos económicos impõem a ideia de que o emprego não representa já um factor de estabilidade e segurança.
Mas, então, são agora poucos os motivos que estimulam a produtividade, dada a ausência de vínculo laboral sólido: se o futuro dos trabalhadores não consta das preocupações das empresas, como se quer que o futuro das empresas conste das preocupações dos trabalhadores? Se o crescimento do PIB é para engordar os cofres dos bancos e de outros grandes grupos económicos, que razões têm os trabalhadores para se sacrificarem? Para quê o empenho em criar riqueza, se não há equitativa distribuição da mesma?

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