segunda-feira, março 26, 2007

Sacramentos com pés de barro / 1ª Parte

A Igreja Católica é a secular instituição que, sob a aparência de intuitos exclusivamente espirituais, oculta persistentemente a pedofilia praticada no seio do clero; discrimina oficial e dogmaticamente as pessoas pelo género a que pertencem (as mulheres não podem aspirar a mais do que «madres superioras» de conventos de freiras em irracional reclusão); regista uma biografia de horror e iniquidades ímpar na História; foi por diversas vezes dirigida por Papas debochados e dementes de mancebia, entre outros aspectos que completam um vergonhoso rol de obscenidades com que a Igreja de Roma se tem erigido e, paradoxalmente, afirmado. Reiteradamente, desde os primórdios de constantiniana benção e fundação, esta (des)humana instituição age no sentido contrário de prédicas que debita na opulência de santuários tão contrária à mensagem geral de humildade inscrita nos Evangelhos - seguramente, Jesus não seria cristão (religião fundada por Saul de Tarso, mais conhecido por «São Paulo») e muito menos católico!
Escrevo, pela enésima vez neste blogue, sobre esta empresa multinacional sediada no Vaticano, na sequência de um texto recentemente publicado, de nome «Sacramentum caritatis» e da autoria do neomedieval pastor alemão Ratzinger, ou Papa Bento 16: é mais um documento com a chancela dogmática de um bispo de Roma, que vem reafirmar posições católicas tradicionais, como a indissolubilidade do matrimónio (entre macho e fêmea, claro está!), a impossibilidade dos divorciados recasados poderem comungar, a oposição ao aborto e à eutanásia, a manutenção do celibato obrigatório do clero, e outros anacrónicos preceitos afins...
Como se já não bastasse o chorrilho conhecido de preconceitos acéfalos que a Igreja Católica inventa, alimenta e difunde, o actual Papa acrescenta que, doravante, deve o clero aumentar o uso do latim e do canto gregoriano (o padre Borga que se cuide!). Ora, se em português as litanias recitadas maquinalmente se constituem como fórmulas exangues e insípidas de semântica (Maria chega a ser «mãe de deus»!), mormente para leigos analfabetos e iletrados, imagino o esforço que passa agora a ser necessário para decorar as ladainhas em latim, faladas ou cantadas em solene coro gregoriano. A vantagem poderá ser que isso faça exercitar a memória, designadamente dos mais anosos crentes, auxiliando no combate ao Alzheimer em complemento com os jogos de Sudoku (credo, meu deus, que nome tão impúdico!). Mas percebe-se: ideias inanimadas recitam-se em língua igualmente morta!

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2 Comments:

Blogger Ai meu Deus said...

Ó ALM, não há para ti salvação possível. Mesmo assim, que Deus te valha, se puder...

...e um abraço.

11:14 da tarde  
Blogger morffina said...

Será que se pode dizer "pisces fudere conae" na homília?

Abrassum Sanctum
Marcus Morffinus

12:29 da manhã  

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