segunda-feira, maio 21, 2007

Portugal, país 2 em 1

Portugal é um país 2 em 1, tão graves são as assimetrias profundas entre as regiões do litoral e do interior. Dados recentes da Marktest indicam que apenas 25 dos 308 concelhos (6% do território, onde reside 45% da população!), quase todos do litoral, concentram metade do poder de compra nacional.
Este acentuado desequilíbrio demográfico (e, por extensão, económico) prova à saciedade como os sucessivos governos têm descurado a implementação de medidas que contrariem a desertificação das zonas do interior; pelo contrário, o poder político tem agravado essas assimetrias, demonstrando uma insensibilidade e injustificável falta de solidariedade, subordinado que está a lógicas economicistas e eleitorais que discriminam negativamente o interior cada vez mais desabitado. Veja-se o encerramento de escolas do 1º ciclo, de serviços de saúde e valências hospitalares, de esquadras de polícia e de tribunais, num ciclo vicioso que condena a interioridade ao isolamento...
As medidas para fixar ou atrair populações nos despovoados concelhos do interior têm sido, principalmente, da iniciativa do poder autárquico e têm consistido, sobretudo, na concessão de benefícios pontuais e avulso (subsídios para nascimentos e casamentos, ou para fixação de residência por casais jovens e estudantes universitários, isenção de impostos municipais para empresas que neles se pretendam fixar, oferecendo um preço simbólico por m2 de área nas zonas industriais, etc.). Mas de que servem tais benesses autárquicas, se as pessoas e as famílias não podem, paralelamente, ganhar o seu sustento e rendimento nesses concelhos? Os municípios afectados pela sua posição no mapa parecem esquecer que a fixação populacional decorre fundamentalmente da criação de emprego.
Estancar a desertificação demográfica do interior só será viável se houver vontade e boa fé políticas por parte da administração central, na efectiva adopção e implementação de medidas que promovam a interioridade, sem as quais o esforço dos autarcas será sempre em vão. Porém, não sejamos ingénuos: enquanto o mundo rural não tiver peso eleitoral significativo, de nada adianta que o Presidente da República seja de Boliqueime e o Primeiro-Ministro de Vilar de Maçada!

Etiquetas:

1 Comments:

Blogger morffina said...

E o reavivar da regionalização? Será que adiantará alguma coisa? Hmmmmm! Que Maçada!

Abraço
MF

10:07 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home