terça-feira, junho 10, 2008

Dia da raça

O lapsus linguae de Cavaco Silva, ao declarar ontem que o 10 de Junho é o «dia da raça», como freudiano «acto falhado» que é, denuncia que, para o actual inquilino de Belém, o tempo da outra senhora nem era assim tão mau ou opressivo... Para quem habitualmente se mostra tão reservado em emitir opinião e mede tão pausadamente as palavras de improviso que debita em público e quer fazer passar uma imagem de moderação e de ponderação, este deslize verbal é revelador de uma aquisição cultural que está aquém do conteúdo de muitos dos discursos lidos nas cerimónias oficiais - quem serão os autores dos textos lidos pelo Presidente?
Só as claras limitações retóricas e intelectuais de Cavaco Silva justificam que seja o autor da célebre asserção «nunca tenho dúvidas e raramente me engano» e dispense apenas cerca de 5 minutos do dia em leitura de jornais. Como se (ou)viu, hoje é o «dia da raça» - afinal, o homem raramente se engana e ter dúvidas é coisa pouco presidenciável!
Para quando um busto a Salazar nos jardins de Boliqueim..., perdão, de Belém?

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2 Comments:

Blogger Ai meu Deus said...

deus me perdoe se peco, mas a voz do homem está cada vez mais parecida à de Salazar.

11:43 da tarde  
Blogger Marco Oliveira said...

Mas há algumas raças portuguesas: o Rafeiro da Alentejo, o Serra a Estrela, o Podengo Portugês, o Perdigueiro português, o Cao de Fila de S. Miguel,...
:-)

10:04 da tarde  

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