Farinha do mesmo saco

Como cúmplice que é do sistema (pouco) democrático português, Soares não tem legitimidade para dar lições de moral e, no fundo, ao apregoar as virtudes da preocupação pelos problemas sociais, o que parece querer dizer é que os salários têm de ser baixos, mas não tão baixos que faça o PCP e o BE ganharem votos; as desigualdades sociais têm de ser grandes, mas não tão gritantes para que o povo não deixe de sustentar o sistema; os ricos têm de pagar impostos suficientes para manter a aparência de justiça social e equidade; o governo tem de congeminar uns subsídios avulsos para que o «socialismo» do PS não perca o ar de esquerda... Porém, que a dourada reforma de Soares não seja abalada por tão popular desassossego, que, não tarda, no Largo do Rato vai mesmo reflectir-se sobre a pobreza e os seus danos colaterais, ou não estivessemos a caminho de um ano de eleições que vai despertar a compaixão de Sócrates para uma súbita deriva humanista, generosa e altruista.
Soares tinha razão aquando do PREC, ao alertar para os perigos do comunismo, mas o tempo veio demonstrar que os sucessivos inquilinos de Belém e de São Bento são igualmente farinha do mesmo saco; e Sócrates não tem que se preocupar em meter o socialismo na gaveta: Soares já o fez há muito!
Etiquetas: Política
1 Comments:
o homem é só ares...
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