segunda-feira, abril 10, 2006

Evangelizações de legalidade duvidosa

Enquanto passeava o cachorro, fui abordado por dois "elders", também conhecidos por "mormons", facilmente reconhecíveis pela camisa branca, gravata e calças pretas de corte clássico. É a segunda vez que estes emigrantes norte-americanos me interpelam na rua, sempre aos pares, mas da primeira vez tive mais sorte, visto serem duas as jovens da congregação que me abordaram, uma das quais particularmente bonita. Desta vez foram dois mastuços de carinha lavada e fisionomia ariana. De ambas as vezes constatei que estes autoproclamados missionários não estão bem preparados, quer teológica quer linguisticamente: debitam uns quantos dogmas e postulados avulsos com o crivo interpretativo e certificado de manipulação do seu patrono e fundador, Joseph Smith (um dos muitos charlatães que abundam na história e que afirmaram ter tido visões místicas), e mal articulam uma frase completa em português decente ou, pelo menos, aceitável.
Muito embora fosse eu o interpelado e o objecto de ensinamento catequético, o que sucedeu foi o inverso: eu é que lhes expus a minha perspectiva face à questão religiosa que os move, argumentando a favor do ateismo que defendo e interrogando-os sobre o sentido da crença fideísta, particularmente a cristã. Ou seja, o papel de chato acabei por ser eu a desempenhá-lo, e não os coitados "elders", convertidos inadvertidamente por mim à situação de passivos ouvintes. Depois de uma boa meia hora de conversa, lá nos despedimos com amizade.
Tal como os impertinentes mosquitos nas noites cálidas de Verão, há um qualquer movimento de atracção que impele até mim estas criaturas que deambulam pelas ruas, não em busca de sangue para sugar, como os ditos insectos, mas de potenciais sangrias/fraquezas espirituais que se deixem enredar pelo viscoso marketing religioso que vendem sob a forma de bíblia ou livro doutrinário. Afinal, tudo tem um preço, mesmo que seja garantir uma qualquer assoalhada no edénico local de origem e paraíso eterno...
Porém, será legítimo este procedimento publicitário? O que se trata é de procurar promover e vender um produto em plena via pública, sem alvará de licenciamento, sem estabelecimento próprio constituído e sem recibo! Não configurará esta situação uma prática ilegal? Se existisse, o que pensaria Deus a propósito disto?

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

ora bom tema se lê hj!
inda hoje me interrogo sobre a causa de estes ditos messionários deambularem por pontos estratégicos, como a Foz, onde já os constatei a interpretar idosos que além da dificuldade auditiva tinham o problema de perceber o "inglês-aportuguesado" e culminavam-nos com a bela resposta "eu cá tenho a minha religião e não preciso de outra" (aconselho vivamente a escolherem melhor o público ouvinte dado que há quem não queira dar-se ao trabalho de fazer um acto deveras complicado que é pensar e quem sabe até ripostar...penso que escolhem esta classe etária plo facto de,normalmente serem os menos instruídos e fáceis de cair em falinhas mansas). mas continuando, nunca fui interpelada por estes indivíduos, consegui apenas reparar no aspecto fisionómico "mastuço"(belo termo) k possuem numa das suas pregações e saber k eles costumam vir lá das américas estudar e também pregar(foi o que disseram ao meu pai uma vez)..cada um tem direito às suas crenças,se eles acreditam no k a religião deles diz e a seguem tudo bem desde que não contribuam para o numero acrescido de publicidade enganosa c/as suas pregações aos peixes.
por falta de tempo,ñ poxo alongar-me neste comentario além disso ñ convém substituir o autor!!
os melhores cumprimentos e viva às férias sem alunos a azucrinar!!!

10:43 da tarde  

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