Confundir a ave com a floresta
O ministro da Agricultura tem reiteradamente desdramatizado o dossiê H5N1, assegurando que, se o flagelo da gripe das aves atingir Portugal, há um plano de contingência devidamente elaborado e cujo modus operandi inclui a proibição de circulação nas zonas afectadas até um raio de três quilómetros e o estabelecimento de cordões sanitários de dez quilómetros, tudo isso acautelado coordenadamente com as forças de segurança.
Se é certo que, presumo eu, outros países tiveram já a experiência de accionar análogas soluções de emergência numa situação real de transmissão da doença, não deixa de surpreender a forma serena como o governo português, na pessoa de Jaime Silva, dá mostras de tanta segurança, tranquilidade e proficiência perante o constrangimento de um hipotético cenário de epidemia ocorrer efectivamente em Portugal. Nem parece que o nosso país é invariável e persistentemente assolado todos os anos por incêndios de grandes proporções que vão fazendo a história triste da delapidação do património natural português. E, que se saiba, os incêndios florestais não são causados nem por vírus mutáveis nem por aves migratórias! Aqui, é a irresponsabilidade que é imutável e a culpabilização que migra.
Que o exemplo dado pelo titular da agrária pasta não seja mais um exemplo de como o actual executivo manipula habilmente a opinião pública e finge convictamente resolver, quando o que de facto faz é disfarçar arrogantemente a sua impotência e incompetência. Oxalá o ministro António Costa siga o paradigma de sapiência do seu colega de governo e que, finalmente, o fenómeno humano de desleixo e loucura pirotécnica deixe de nos incendiar o mato e a paciência.
De outro modo, das duas uma: ou não há no mundo governo mais precavido e imbuído de atitude prudencial e sentido de eficiência que o liderado por José Pinto de Sousa, perdão!, José Sócrates quero eu dizer; ou este governo continuará a concorrer com Pinóquio e a adoptar medidas infelizmente reais e só adequadas a cenários eventuais de um mundo... virtual!
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