terça-feira, outubro 24, 2006

Socrático desgoverno - II

v) O ministro Correia de Campos, com a altiva jactância que o caracteriza, anunciou impante a descida de 6% no preço dos medicamentos, mas omitiu convenientemente a simultânea descida nos valores de comparticipação dos mesmos por parte do Estado. Habilidosa gente, a deste desgoverno!
E que dizer da adopção de taxas moderadoras na saúde, que o PS na oposição - e este ministro com particular destaque! - tanto criticou ao tempo do defunto governo de Santana? As mentiras são como os males, nunca vêm só, e vai daí, ainda se alargam tais taxas aos internamentos e aos actos cirúrgicos, as quais nem constavam do programa de governo... A mentira torna-se mais grave quando se traduz em descarado e inconfessado roubo!
vi) Como se já não bastasse o anátema de os professores dos ensinos básico e secundário serem invariavelmente tutelados por teóricos académicos sem experiência nos níveis de ensino não superior - quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão! -, ainda por cima a ministra e os seus curiosos secretários de Estado são autocratas arrogantes, que perspectivam a escola como se de uma unidade fabril com fins lucrativos se tratasse e a sala de aula uma linha de montagem em série, segundo técnicas de um "eduquês" absurdo, estafado e inútil.
No quadro do afrontamento aos professores, estas criaturas seráficas optam agora pela chantagem nas negociações do ECD, vergados que foram pelo invulgar sucesso de dois dias de greve dos docentes. Estes políticos de gabinete não sabem que a negociação com sindicatos e demais estruturas representativas é uma imposição legal e não um gesto de condescendente boa vontade da tutela, que parece recorrer à imperativa disjunção entre "estar caladinho ou levar no focinho"!
vii) Outra pérola no inequívoco desnorte e desacerto governativo veio da ministra Pires de Lima que, primeiro, se disponibilizou para mediar o conflito que na semana passada opôs a Câmara Municipal do Porto e ocupantes do teatro Rivoli; este gesto de voluntarismo desvaneceu-se logo de seguida, pois a ilustre ministra entretanto lembrou-se que não concordava com a forma como as instalações teatrais foram ocupadas nem com a persistência dos ocupantes em recusar sair das mesmas. Vale que o ridículo não mata!
viii) Só mais um exemplo do socrático desgoverno: há dias, o secretário de Estado Castro Guerra justificou a necessidade de aumentar em quase 16% (!?) os preços da electricidade, argumentando que os consumidores é que eram os culpados por tal aumento. Depois, reconhecendo o disparate, asseverou que estava num "dia infeliz". Não, sr. Guerra, o senhor faz é parte de um governo infeliz!
Com um governo assim, regido por pseudodecisões, pelo improviso, pela propaganda, pelo marketing político e pela incompetência, Portugal é um exemplo flagrante e vivo que prova a veracidade da asserção de Pio Baroja: "é mais fácil enganar uma multidão do que um homem"!

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

... e muita coisa através da multimérdia!

6:26 da tarde  

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