quinta-feira, março 15, 2007

Foi Nossa Senhora!

Mais de um ano depois de ter sido raptada do Hospital de Penafiel, com apenas três dias de vida, a pequena Andreia foi finalmente localizada. Em Cernadelo, Lousada, família e vizinhança rejubilam de alegria e proferem hossanas: já foram rezar o terço a Nossa Senhora, vão no domingo ao «santinho de Beire», em Paredes, e está anunciado que a petiz será baptizada em Fátima. O caso não é para menos pois, não fora a ajuda da amiga da irmã Lúcia (que Deus a tenha em eterno repouso) - estranhamente, os media dizem ter sido uma cunhada da raptora a denunciá-la -, e o paradeiro da bebé continuaria por desvendar!
Andreia é a mais nova de sete filhos de Isaura e Albino e reencontra o seio familiar biológico, tão pobre que a falta de recursos económicos não proporciona condições condignas de habitabilidade e obrigou a que alguns dos irmãos estejam à guarda de pessoas que não os pais e a família está referenciada na Comissão de Protecção de Menores. Comparando com a casa em que viveu o primeiro ano de vida, é preocupante a mudança para o clima de indigência que vai encontrar na nova casa (ou casebre?)...
Já agora, deixo o seguinte repto ao povo de Cernadelo quando estiverem em Fátima a baptizar a resgatada Andreia: que peçam a Nossa Senhora que torne férteis as muitas mulheres estéreis que desejavam ter filhos biológicos e que poderiam sustentá-los sem dificuldade; que a santa senhora inspire o preenchimento de um boletim do Loto ao casal Pinto; e que aplique os seus conhecimentos de pedopsiquiatria para que o desenvolvimento psicomotor da pequena não seja perturbado. Ah! e questionem esse membro do panteão católico por que obscuras razões deixou que outras crianças, em tantos casos noticiados pela comunicação social, sucumbissem às mãos criminosas e negligentes de ignóbeis adultos (a Andreia nem sequer, ao que parece, estava em perigo).
É que, a julgar pelos pais da Andreia, não é só com dinheiro ou esmolas que se consegue a cunha para intercessão da omnipotência divina, pois o vil metal não abunda naquele humílimo e modestíssimo lar de Lousada. Talvez seja à força das ladaínhas proferidas... Pena que as potestades nos celestiais lares nem sempre as ouçam!

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3 Comments:

Blogger Texuga said...

Bom, mesmo muito bom o texto e a crítica!

12:24 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Obrigado pela simpatia do comentário, Texuga! Apraz-me saber que não sou politicamente incorrecto sozinho!
Cumprimentos,
ALM

2:02 da tarde  
Blogger morffina said...

Esperemos que a menina não seja "entregue" a Nossa Senhora!

E os curiosos que apareceram em romaria para ver a criança e ficaram indignados porque a mãe nã a destapou!

Ainda se vive na idade das trevas em muito sítio de Portugal!

10:17 da manhã  

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