Portugal dos pequeninos

É, portanto, flagrante a ausência de capacidade de distanciamento temporal por parte dos que intervieram telefonicamente - imbecil e falacioso critério de votação! - e assim ajudaram suplementarmente a financiar a RTP...
Mas há outra conclusão que me parece legítimo extrair deste concurso: os ideais de Abril têm fracassado e assiste-se hoje, 33 anos depois, a uma sociedade assimétrica e profundamente injusta, o que incute em milhares de portugueses um sentimento de desalento e desilusão face ao regime (supostamente) democrático em que passámos a viver. Este dado confere um significado simbólico a esta pírrica vitória de Salazar, tratando-se de um voto irreflectido de protesto (esquecendo que as virtudes do Estado Novo e do comunismo exponenciam muitos dos males da democracia, sob formas igualmente reprováveis de nepotismo, caciquismo, corrupção, injusta distribuição de riqueza, para não falar da eliminação de liberdades básicas, como a de expressão, opinião e associação), evidente na preferência por duas personalidades antitéticas e mitificadas na mútua oposição em que se erigiram durante 48 anos e ambas felizmente derrotadas pelos ventos da História.
Numa falência da razão, muitos portugueses parecem continuar a suspirar por regimes opressores, como o fascista e o comunista, mostrando vocação de escravos e uma menoridade cívica e política que se consubstancia em resultados destes: dar a vitória a figuras antidemocráticas mediante um escrutínio (aparentemente) democrático é descobrir que continua a haver um nostálgico e cobarde «Portugal dos pequeninos» e D. Sebastião já não está só!
Etiquetas: Sociedade
2 Comments:
Eu, portuguesinho, venho por este meio, solicitar que pensem por mim, que eu, se não for muito complicado, executo.
PS. Sinto aqui uma certa intertextualidade que me lisonjeia.
Abraço
MF
Amén! Ainda estou a digerir essa. Acho que por mais que dissequemos o resultado, o resultado não muda e é muito, muito mau!
Enviar um comentário
<< Home