segunda-feira, abril 02, 2007

Reutilizar Auschwitz

Uma inaudita onda de medidas políticas de extrema-direita assola a Polónia, governada pelos ultraconservadores gémeos Kaczynski, Lech (o presidente) e Jaroslaw (o primeiro-ministro): depois de defenderem a restauração da pena de morte no país, de terem elaborado a legislação antiaborto mais restritiva da Europa, de iniciarem conversações com os EUA para, à revelia da União Europeia, a instalação de um sistema antimíssil e de intimarem 700 mil polacos (entre professores, funcionários públicos e jornalistas) para, no prazo de dois meses, confessarem o seu colaboracionismo comunista na época pré-Walesa, brevemente deverão aprovar legislação homofóbica no sentido de despedirem os professores que "promovam atitudes homossexuais", que o fútil preconceito desta gente designa de "uniões sodomitas".
É inequívoco o retrocesso civilizacional que estas medidas implicam, aproximando a Polónia de países como o Irão. Mas, tratando-se do maior país católico europeu, que até tem como recente referência nacional o ideário retrógrado de Karol Woytila (João Paulo II), não estranha que a convergência com o fundamentalismo religioso esteja a ser o caminho trilhado, enfraquecendo os argumentos daqueles que se opõem à adesão da Turquia à UE. Aliás, o silêncio da Igreja Católica sobre a violação dos direitos humanos em curso na Polónia, indicia a papal satisfação e contentamento por esta cruzada anticomunista, misógina e homofóbica...
Oxalá os gémeos Kaczynski não se lembrem de reutilizar Auschwitz, recriando uma nova «solução final» desta caça às bruxas! E como pode a UE continuar muda e quêda?

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1 Comments:

Blogger morffina said...

... daí o meu lamento no meu penúltimo post.
Esta Polónia não cabe na UE.

3:48 da tarde  

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