A (bat)Ota segue dentro de momentos
Os insensatos homens do leme a que se chama «governo português», deram mais uma prova de sagacidade face aos ventos adversos que contra eles sopram, decidindo adiar por seis meses uma decisão definitiva sobre o local de construção do aeroporto alternativo ao da Portela. O ministro Mário Lino encarregou uma instituição na sua dependência directa (!), o Laboratório Nacional de Engenharia Civil, de fazer uma análise técnica comparativa entre a Ota e Alcochete, na sequência de um estudo apresentado pela CIP e que - qual trunfo na manga guardado em segredo até ao último instante! - concluiu que os 7500 hectares do Campo de Tiro de Alcochete é a melhor opção para a instalação do novo aeroporto.
Da parte do governo, quero crer que se trata tão somente de uma manobra dilatória e não de um verdadeiro recuo que indicie uma mudança de opção. É uma espécie de estratégica batota (que rima com Ota): embora negativo para a Ota, o estudo revelado pelo sr. Van Zeller constituiu astuto e oportuno pretexto para Sócrates adiar a decisão. Mas porquê?
Primeiro de tudo, há que não ignorar que um aeroporto na Ota remete para terrenos privados, enquanto um aeroporto em Alcochete é terreno público - é um pormenor que faz toda a diferença! Com efeito, e paralelamente, a expectativa de construção da infraestrutura aeroportuária no concelho de Alenquer não é dissociável da especulação imobiliária que tem impulsionado negócios (alguns já concretizados e, outros, em via de se concretizarem), assim como a possibilidade de posterior encerramento do aeroporto da Portela permitirá libertar uma vasta área no espaço da Alta de Lisboa, com enorme potencial de urbanização.
Mas, a estes motivos de ordem económica, acrescem motivos de natureza política, dado o momento em que este adiamento acontece: António Costa deixa de ser importunado, na campanha das eleições intercalares de Lisboa, com a questão comprometedora da Ota, o que retira argumentos aos adversários e atenuam a implicação de Costa com São Bento (desde que ganhou com maioria absoluta nas legislativas de 2005, o PS só acumula derrotas eleitorais); Sócrates exerce a presidência da UE com menor pressão social e mediática, diminuindo também a probabilidade de ter ministros seus, e outros socialistas, a brilharem na galeria de disparates proferidos em declarações públicas; e, por último mas não menos importante, pode ser que, entretanto, a débil economia do país melhore até ao fim do ano.
Esta é a maneira de governar o "interesse público" e, para o futuro novo aeroporto, proponho que se designe de «Aeroporto da (Aned)Ota», tão hilariantes estão a ser os contornos da sua concretização. Entretanto, faça-se uma semestral pausa; a (bat)Ota segue dentro de momentos!
Etiquetas: Política
1 Comments:
Aeroporto (Idi)Ota ou Ota(rio), também seria razoável.
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