quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Para acabar de vez com a escola

Se a conjugação da incompetência com a desonestidade, a ignorância e a má fé, matassem, então o trio de ocupantes do Ministério da Educação - para não dizer o governo inteiro - há mais de dois anos que fariam parte de um qualquer «clube dos imbecis mortos». As más notícias sobre o aniquilamento do sistema de ensino público sucedem-se a um estonteante ritmo, havendo já sólidas razões que indiciam ter a Educação em Portugal entrado num irreversível coma induzido pelos carrascos que vegetam na 5 de Outubro.
Desta vez quer este (espécime de) governo transferir para as autarquias a gestão da contratação e colocação de professores; ou seja, se esta gestão ainda vinha sendo um reduto administrativo a salvo da nódoa da corrupção, pretende-se que passe a estar à mercê do caciquismo autárquico, que, como é público e notório, constitui um dos maiores câncros institucionais que grassam nesta (aparente) democracia em que vivemos. Como não compaginar esta pretensão político-administrativa com os níveis de corrupção que, no nosso país, caracterizam e ensombram a credibilidade do exercício municipal do poder?
Ninguém vê que, actualmente, a definição das actividades de complemento curricular e a forma como os respectivos docentes são recrutados - pagos a recibo verde e com salários variáveis - dependem de quem os contrata e não da qualidade profissional do contratado? Há mesmo «professores» que, sendo funcionários públicos municipais, nem habilitação académica têm para o exercício da docência... Mas isso não espanta, pois reflecte a imagem do governo de um engenheiro sem engenho!
Bem podem os professores que são livres e independentes começarem a pensar em juntar-se aos que têm filiação partidária no PS e no PSD (veja-se a vergonhosa nova lei autárquica), para beneficiarem do tácito compadrio e da generosa cunha que doravante se prefigura, se esta proposta ministerial vier a obscurecer a ameaçada luz do dia.
Cada vez mais é urgente termos cidadãos activos e vigilantes; cada vez mais parece necessário fazer um 26 de Abril!

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