sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Anéis públicos para dedos privados

O governo do sagaz «engenheiro» Sócrates prossegue na sua imperturbável directriz política de desmantelamento do Estado e esvaziamento da pública provisão de bens e serviços essenciais. E não é só na educação, na saúde, na segurança, nas pensões ou na justiça que tal ímpeto devastador do proveito público se faz sentir, abrangendo múltiplas latitudes decisórias - o Estado está a ser desacreditado e arruinado por dentro, perante a conformada apatia e a cómoda complacência do conjunto da sociedade. A letargia e a resignação são tão miseravelmente evidentes, que parecem os portugueses suspirar pelo regresso do 24 de Abril.
Desta vez, e como enésimo exemplo de desgovernação nacional, o «governo» optou por nova sangria ambiental deliberando retirar 744 hectares à Rede Ecológica Nacional nos concelhos de Grândola e de Alcácer do Sal. E para quê? Para que o Grupo Espírito Santo possa concretizar mais um dos seus projectos imobiliários. Com esta decisão, Sócrates permite que se gerem milhões de euros em mais-valias que serão inteiramente embolsadas pelo GES.
Como já é insolente costume, o pretexto do «interesse público» (investimento e criação de empregos numa zona carenciada) invariavelmente invocado é o cavalo de Tróia do assalto privado em conluio com os títeres que governam. Vale-lhes quer a impunidade que neste país assiste aos poderosos e endinheirados, quer a Justiça concebida para não funcionar. E vale-lhes também que, depois deste e anteriores Sócrates, outros Sócrates virão... Enquanto houver anéis, ninguém se preocupará com os dedos!

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