quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Pouco católicos

Sentenciam recentes dados estatísticos que, em Bragança, são já mais os casamentos civis do que os casamentos católicos, o que indicia uma saudável mudança de hábitos e de mentalidade que apraz registar, mormente tratando-se de um distrito interior e rural. E se uma das razões que concorre para este comportamento «pouco católico» é, certamente, o elevado custo da festiva boda que complementa ritualmente a cerimónia eucarística, outra há não menos relevante e de directa proporcionalidade, a saber: há menos casamentos religiosos porque a religião desperta também cada vez menos interesse e não permite o divórcio.
Até há algumas décadas, os plebeus casavam pela igreja em quantidades industriais (as excepções eram residuais) e movidos por um genuíno sentimento religioso. O grosso da clientela papista era pobre e, por isso, a boda tinha contornos de indigência e ficava a cargo de familiares e amigos - que se disponibilizavam para cozinhar, servir e pôr a mesa -, o fato era o domingueiro e, em muitos casos, no fim do próprio dia do enlace ainda sobrava tempo para continuar a amanhar os campos e alimentar o gado. Era até frequente casar à semana.
Subjacente ao casamento religioso estava, portanto, a importância da benção e o peso censório da atávica tradição, e casava-se sem gastar um tostão. Hoje, a benção não é o fim, mas o instrumental pretexto para a farra da boda. Por conseguinte, e em vez de teimar em vituperar as profanas uniões conjugais, a vaticana gente vai ter de se mexer se quiser defender a sacramental instituição do matrimónio.
Ou muito me engano, ou, não tarda, o Papa irá abolir o celibato para salvar e fomentar o santo casamento; e, para dar o exemplo, o próprio bispo de Roma se voluntariará para arranjar catraia e juntar aliança ao cardinalício anel. Como se vê, a igreja italiana só tem a ganhar se continuar a andar a reboque da sociedade, em Bragança como na Terra!

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3 Comments:

Blogger Liliana Matos said...

Olá,professor!

Obrigada pela sua visita :)

É sempre com agrado que o recebo no meu "cantinho de momentos e emoções".

Bjs

Até sempre

Liliana Matos

1:42 da manhã  
Blogger Liliana Matos said...

O curso vai bem.
Terminei no passado dia 30 o primeiro estagio (serviço de Medicina do Hospital S.Teotónio-Viseu), o qual tinha iniciado a 26 de Novembro de 2007.
Foram 8 semanas intensas. Muito trabalho. Mas sem dúvida que foram as 8 semanas da minha vida mais loucas, mais diferentes daquilo que tinha vivido até então.
Vivi situações que me marcaram, chocaram, encantaram...
E no fim pensei: Valeu a pena. É
isto que quero.
Dia 18 de Fevereiro voltarei novamente para as aulas, frequências, trabalhos, etc.
Mas agora trabalharei nisso tudo com mais garra, a fim de voltar para o contacto com os doentes, de voltar para o "CUIDAR".

Beijinhos

Obrigada:)
Por todas as palavras... lá no meu cantinho... e enquanto meu professor.

P.S. Penso que nunca lhe disse, mas nunca me esqueço da sua aula de apresentação ao tal 12ºC.
Nunca tive assim uma.
Foi completamente diferente, original.
Pareceu-me uma conversa de amigos de longa data. Daqueles que nos são muito queridos.
A sua voz, naquele dia e em todos os outros que se seguiram ao longo do ano,acalmava. Voz sem pressas. Admirava a sua calma,tranquilidade.
Faltaram-me mais professores assim.
Obrigada

Até sempre

Liliana Matos

2:07 da manhã  
Blogger Ai meu Deus said...

Ó ALM,

até para não se perder a imagem tão positiva dos teus (ex)alunos, pára de atacar a santa madre igreja, pelo menos durante a quaresma. E lembra-te de que o sagrado sacramento do matrimónio é para toda a vida: até que a morte, mandada por Deus, os separe! E que quem viver em concubinato, sem uma união abençoada por Deus, há-de penas nas penas do inferno durante toda a eternidade. Salva-te enquanto é tempo, homem!

8:01 da tarde  

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