quarta-feira, julho 23, 2008

A teia cigana

Confesso: sou alérgico ao atavismo e ao auto-isolamento característicos da generalidade das comunidades de etnia cigana, reiterado novamente pelo recente episódio no bairro social da Quinta da Fonte, em Loures. Como convicto interculturalista que sou, lamento que uma etnia, grupo social ou comunidade preserve incondicionalmente as suas raízes, práticas e costumes culturais, mesmo que obsoletos, anacrónicos e implicando um enclausuramento voluntário e unilateral face à sociedade envolvente.
Os ciganos, em geral, demoram a perceber que é possível e desejável possuir abertura de espírito para assimilar modelos de comportamento mais amplos e abrangentes, sem com isso descurar os traços essenciais da identidade normativa e axiológica da sua comunidade de origem. É incompreensível persistirem em hábitos de vida retrógrados, qual teia, como sejam a formação de autênticos clãs, o patriarcalismo sexista, a inflexibilidade nos papéis sociais atribuídos, a imposição da iliteracia, endogamia e maternidade precoce às suas jovens raparigas, ou a herança de um imobilismo profissional e socialmente estático, alheado de imperativos de formação escolar e académica... Tanto mais quando, ao que julgo perceber, o sedentarismo tem vindo a substituir o anterior nomadismo típico dos modelos de vida da diáspora original.
Afinal, não é só à sociedade que acolhe que cabe fazer um esforço de integração, mas também e incontornavelmente aos grupos acolhidos - e de esforço se trata, pois a tolerância activa para aceitar e integrar as diferenças exige uma vontade efectiva e uma disponibilidade sincera e cosmopolita, que, por imperativos de padrão cultural, não é espontânea. Se os ciganos não querem ser discriminados nas «quintas das fontes» em que coabitam, dêem-se ao trabalho de não discriminar os maioritários outros com quem têm, seguramente, o direito de (con)viver e coexistir!
Ah! E antes de abandonarem a Quinta da Fonte e exigirem mordomias imobiliárias ao autarca de Loures, paguem as módicas rendas em dívida, de 4€ mensais! Haja paciência...

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4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Este Governo é tão criativo nalgumas áreas e tão pouco noutras que merecem uma reflexão séria e soluções. O problema do crime e delinquência que cresce nos bairros sociais é um problema sério que não tem tido respostas efectivas, porque a sua redução não se nota, antes o contrário.

Uma lei muito simples poderia ser implementada, e que NEM SEQUER PODERIA SER CONOTADA COM QUALQUER DISCRIMINAÇÃO RACISTA OU XENÓFOBA: Porque não cria uma lei que expulse automaticamente dos bairros sociais todos os indivíduos (ciganos, pretos, mulatos, brancos, amarelos, etc) condenados por certo tipo de crimes, como: por tráfico de droga, de armas, assalto à mão armada ou por vandalismo contra o património que lhes foi confiado?

A medida serviria simultaneamente para melhorar o ambiente dos bairros e reduzir o crime em geral mesmo fora deles. É indigno que aquelas pessoas já recebam a nossa solidariedade e depois se portem como muitas vezes todos nós constatamos...

Zé da Burra o Alentejano

10:12 da manhã  
Blogger Ai meu Deus said...

pois!... quer dizer... ALM, se eu te não conhecesse, estaria em completo desacordo contigo. 1) Porque os ciganos não são só isso (e tu eventualmente conheces aspectos da sua cultura, a música nomeadamente, que queira deus que jamais desapareçam). 2) Porque é fácil, mas também errado, generalizar tanto quanto tu o fazes: tb poderias generalizar sobre os portugueses não-ciganos "lendo" a partir de determinadas aldeias e até cidades (que imagem, meu deus!): por exemplo, conheci já nos finais dos anos 70 alguns ciganos que não correspondem à imagem que tu traças (hoje são muitos mais). 3) Os estereótipos são do caraças! (quando se vê uma mulher ao volante a fazer uma asneira, as asneiras que se concluem sobre as mulheres...)

Abraço (musicalmente cigano).

11:48 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

concordo consigo

mas não iria tão longe.

já que numa palavra conseguiria descrever aquilo que o professor caracterizou com um texto grandito:

Burros!

- Os ciganos claro...

4:58 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

concordo consigo

mas não iria tão longe.

já que numa palavra conseguiria descrever aquilo que o professor caracterizou com um texto grandito:

Burros!

- Os ciganos claro...

4:58 da tarde  

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