terça-feira, julho 08, 2008

Apito atrapalhado

Comédia ou thriller, o certo é que, depois das versões «dourado» e «final», temos agora o «apito atrapalhado», designação que bem podia nomear a indecorosa trapalhada criada pelo presidente do Conselho de Justiça da FPF, Gonçalves Pereira (como pode alguém ser juiz com comportamentos assim!?), que encerrou uma importante reunião decisória antes de esgotada a ordem de trabalhos e porque o quórum lhe era desfavorável. Além disso, declarou o impedimento de um dos cinco vogais do CJ, quando ele próprio é suspeito de parcialidade em favor de um dos recorrentes e, logo, mais incompatível do que Gonçalves Pereira é difícil vislumbrar...
No meio do tiroteio provocado por tantas jogadas de bastidores aparece Gilberto Madaíl que, pasme-se, se mostrou surpreendido com o imbróglio gerado, exímio que é em deixar-se ultrapassar pelos acontecimentos e prestando-se ao negligente e patético papel de assobiar para o lado, como se nada tivesse a ver com a contenda. Enquanto uns ganham, outros limitam-se a «empatar»!

Pela enésima vez, a promiscuidade de interesses nos órgãos jurisdicionais e disciplinares desportivos, mormente no futebol, revela-se uma aberração que persiste graças à voluntária cumplicidade e favorecendo os mais fortes: num passado recente, Leça FC e Gil Vicente FC foram inapelavelmente despromovidos de divisão na secretaria por ilícitos que também são praticados pelos clubes de maiores dimensões - por aqui se vê que a lei é a mesma para todos, desde que os poderosos não deixem de ser beneficiados. A separação de poderes parece ser um princípio ainda desconhecido das leis desportivas, o que atesta a menoridade da justiça desportiva em relação à justiça civil dos tribunais públicos (que, de si, é já sofrível). Aliás, um clube recorrer para os tribunais administrativos significa despromoção automática, pelo menos para a arraia miúda como o clube de Barcelos. Para quando a seriedade de instituir um Tribunal Desportivo?
Em Portugal, já não interessa o crime do criminoso mas antes o processo de apuramento da culpa e autoria do crime: deixou de estar em causa a corrupção de árbitros por dirigentes, passando a pretextar-se a ilegalidade das justas sentenças dadas em função de escutas telefónicas; já não interessa que o CJ seja favorável à decisão da CD da Liga, mas sim apurar o teor de actas e a legalidade de reuniões menos ortodoxas... É como se o importante fosse o papel em que se escrevem as leis e não a própria lei.
Com tanta «fruta» a nutrir o futebol em Portugal, não admira que tantos maus exemplos «frutifiquem»!

Etiquetas:

1 Comments:

Blogger morffina said...

A Itália que é a Itália, onde nós desconfiamos dos movimentos menos transparentes em vários sectores da sua sociedade, relegou a toda poderosa Juventus e puniu o Milan e a Fiorentina, entre outros.
Nós por cá castigamos com 9 pontos os que tentam corromper ...
E vamos ver se se aplica os castigos já deliberados.
Já não há pachorra ...

6:42 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home