sábado, julho 12, 2008

José Patinhas Sócrates

O primeiro-ministro vai taxar em 25% os lucros especulativos que há vários meses as empresas petrolíferas vêm obscenamente acumulando por efeito das mais-valias associadas ao efeito de stock, estimando com isso que os cofres do Estado arrecadem 100 milhões de euros que serão destinados ao financiamento de políticas sociais que apoiem os mais pobres. Num comentário sobre esta medida, apresentada com o invariável aparato coreográfico e cénico - desta vez perante os directos televisivos no parlamentar debate do «estado da nação» -, bem poderíamos dizer que Sócrates é um altruista de última hora e que, finalmente, despertou para a vergonhosa situação de injustiça social que o seu governo aprofundou. Mas é puro engano!
O «engenheiro» debita mentiras sucessivas com um ar sério de convicção generosa e de moralista solidário. Alguns exemplos recentes: os carros movidos a electricidade a serem comercializados em breve pelo consórcio Renault-Nissan terão uma redução de 30% em impostos, quando se sabe que - e bem! - tais viaturas estão isentas de imposto; aponta números de cidadãos abrangidos pela sua súbita generosidade, quando se sabe que é mais reduzido o universo dos mesmos (entre pensionistas, estudantes, famílias com baixos recursos, utentes de transportes públicos, etc.) que beneficiarão de tais alívios fiscais; e agora veste o traje de Robin Hood com argumentos de um João Sem Terra.
Com efeito, e feitas as contas sem a hesitação guterrista, Sócrates reconhece oficialmente que a especulação em torno do ouro negro rende às petrolíferas cerca de 400 milhões de euros e apenas vai cobrar 25%. Isso não é, segura e honestamente, forma de moralizar a situação, antes alinhando no embuste, pois as empresas em apreço ficarão com 75% da especulação, ganhos cujo mérito é nulo, o que faz com que a imoralidade compense! Outros países optaram por uma tributação dessas mais-valias entre 40 a 60%, num pertinente paralelo com a tributação das mais-valias associadas à mudança do uso do solo. No mínimo, o pouco robinesco Sócrates podia e devia aplicar uma taxa respectiva de 50%.
Talvez por isso, no debate parlamentar de anteontem, tenha disfarçado ter sido desmascarado por Francisco Louçã com uma encenação de virgem ofendida pela contundente intervenção do bloquista - Sócrates despreza a verdade e odeia que chamem os bois pelos nomes. Não, quem está mais perto dos Tios Patinhas não pode ser candidato a Robin dos Bosques!

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1 Comments:

Blogger morffina said...

Robin Hood! Robin Hood! Riding through the glenn! Robin Hood! Robin Hood! With his band of men! Feared by the good! Loved by the bad! Robin Hood! Robin Hood! Robin Hood!

7:28 da tarde  

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