Breves notas e diatribes (1)
1. A cidade de Santa Comba Dão tem, por estes dias, sido referida na comunicação social a propósito de, numa das freguesias do concelho, habitar um serial killer responsável moral e material pelo homicídio de três jovens santacombadenses que estavam já desaparecidas há meses. Ora, e apesar do sacro nome - ou talvez por isso? - aquela cidade beirã continua a ser célebre por más razões e infelizes coincidências, estigmatizada que é pelos seus próprios habitantes e conterrâneos, correndo o risco, não tarda, de ficar conhecida como a terra dos assassinos em série ou «Santa Morte Dão»: já não bastava o beato celibatário António Salazar, e agora aparece outro doente mental, por sinal também António, para cimentar a má fama da urbe a que nem Santa Comba vale. Se eu fosse de lá, pois António me chamo, começava a ficar preocupado... O melhor é mudar hagionomasticamente para ver se resulta, por exemplo, Santo Adolfo Dão - António é que não! Mas santos da casa...
2. Mais a norte, em Vila Pouca de Aguiar, um foguete provocou 11 feridos durante um festival de pirotecnia organizado pela Câmara Municipal e incluído no programa da Feira do granito e do dia do município. Estes eventos tão tipicamente nacionais constituem estranhamente motivo de atracção para numerosas assistências que vivem o fascínio de estar de cabeça virada para o céu, diurno e nocturno, a ver irromper os clarões de fogo complementados pelos estouros tonitruantes, que o ar puro e o silêncio parecem fazer mal à saúde do poviléu...
Quem brinca com o fogo ainda bem que se pode queimar e não me causa pena, lástima ou comiseração que a energúmena e insensível gente que polui o ambiente carbonize e estropie o corpo por razões tão fúteis, gratuitas e desnecessárias, alimentando a estupidez de rituais irracionais, que inclusivamente incutem nas tenras mentes dos filhos, por entre fiapos de algodão doce, o mau gosto pelo voyeurismo pirómano. Há tradições que, embora entorpecidas pela estagnação civilizacional e cívica, persistem em continuar e cuja utilidade como elemento de cultura só pode ser defendida por mentalidades graníticas. Mas, afinal, o que em Vila Pouca de Aguiar se festejava era a Feira... do granito!
Etiquetas: Sociedade
5 Comments:
Seria bonito percorrer a história de todas as cidades deste país e ligá-las ao passado dos seus habitantes e conterrâneos... qual delas ficaria ausente de algum "doente mental" que a manchasse? Podíamos até começar pelo Porto... essa cidade que até no seu brazão contempla uma imagem da Virgem! Será assim tão imaculada?!!
Caro Micróbio: é feio pôr na boca dos outros o que elas não disseram. Onde é que eu defendi o Porto ou disse que este era diferente? Aliás, eu referi-mo à parolice e pirosice nacionais, tu é que não leste bem! As tuas artimanhas retóricas são como os foguetes: rebentam mas desaparecem de seguida, tal a inconsistência. Se o brazão do Porto ou Braga ou Esposende ou Feira têm a Virgem, lamento. Mas enfim, faz parte da pirosice na qual não alinho.
Abraço,
ALM
Mas quem disse que tinhas falado no Porto? O Porto foi apenas um exemplo, assim como podia ter referido qualquer uma daquelas que referiste... mas achei piada ao facto de salientares Santa Comba Dão como o berço de tão ilustre figura, assim como achei piada ao facto de traduzires as minhas "artimanhas retóricas" em foguetes que "rebentam e desaparecem", mas tu lá foste apanhar as canas... :-)
PUM!PUM!PUM! O que me lixa é que o Santacombadense subiu aos nacionais em vez do Académico da minha terra de adopção. Por falar em Lixa, será que também tem uma virgem no brazão. Este gosto pelas virgens é preocupante. Daqui a pouco temos gente a explodirem-se por causa das virgens celestiais como recompensa. Espera aí! Já acontece! Só que a recompensa ... Será?
Ah! E a da Nazaré que todos querem ir lá ao Sítio.
Excelente post Miguel, digo, António.
Abraço
MF
Very pretty design! Keep up the good work. Thanks.
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