segunda-feira, outubro 16, 2006

O preço russo da liberdade de expressão

Há um conflito na Tchetchénia que dura há anos e que os média internacionais obliteraram, favorecendo a vocação imperial da Rússia que o fim da era soviética não fez esmorecer. Nesse recôndito lugar da Ásia, as tropas russas oprimem barbaramente um povo que luta pelo direito à autodeterminação, tal como aconteceu em Timor. Porém, no hipócrita jogo geoestratégico de interesses, convém ao Ocidente que a vastidão territorial da Rússia não se desagregue mais, sobretudo agora que Vladimir Putin vem prestando vassalagem aos desígnios norte-americanos.
No seio deste sinistro quadro de relações internacionais, há ainda vozes que apontam o dedo às injustiças, mesmo sob ameaças de morte. Anna Politkovskaia é um nome que passou a ser sinónimo de coragem: esta jornalista russa, de 48 anos, não se intimidou e enobreceu a dignidade deontológica da profissão de jornalista, engrandecendo-a na sua importância de veículo privilegiado de denúncia de factos e situações condenáveis de dominação violenta e tirânica. Politkovskaia era crítica da administração do seu país, em particular do seu aspirante a czar, Putin, escrevendo sobre a grave violação dos direitos humanos cometida pelo governo tchetcheno pró-russo, e mesmo sobre o regime coercivo no interior das tropas russas. Pagou com a vida a ousadia da sua intrepidez e perseverança em demandar dizer a verdade, pois foi brutal e cobardemente assassinada em Moscovo. Foi a 13ª vítima desde que Putin tomou o poder, em 2000.
A promíscua autoridade do país dos sovietes vigora a coberto do alinhamento no lado das conjunturais conveniências hegemónicas mundiais e minando a democracia interna pelo alargamento da influência do Estado através dos tentáculos da corrupção nepotista. O tamanho da Rússia continua proporcional ao tamanho da cruel impunidade dos poderosos. Não admira, sendo a Rússia dirigida pelo ex-chefe da KGB e - provando a desordem mundial da triste ONU - membro permanente do seu Conselho de Segurança... É este o mundo em que vivemos!

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

C...zar! Que Putin de azar!

É assustadora a nova ordem mundial emergente.

Abraço
MF

11:08 da manhã  

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