Do proletariado ao precariado

Portanto, a inequívoca objectividade dos números indica que o contingente dos trabalhadores precários está em alta, ao ponto de 20% da população actualmente empregada se ver inibida de exercer o elementar direito constitucional de fazer greve, coagida pela lógica predatória da maximização do lucro e devorada pela obsessão capitalista que diviniza o binómio produtividade-competitividade. A sensibilidade e a preocupação sociais parecem ser agora ideais de gente irrealista e destituída de pragmatismo...
Mas as características do novo mundo laboral introduziram ainda uma aviltante desigualdade que se acentua e desmente os neoliberais que se escudam na falácia da modernização tecnológica que justifica a dispensa de mão-de-obra humana: aos cada vez mais que estão desempregados, contrapõem-se os cada vez menos que têm mais trabalho acrescido, tornando contraproducente fazer greve, ter uma gravidez de risco, necessitar de uma intervenção cirúrgica ou, inclusivé, fazer férias, num movimento de aniquilação de direitos básicos fundamentais que tanto custou a adquirir. Quem diria que, de direito inalienável, o trabalho se iria converter num bem precioso ou num privilégio invejável!
Como desmentir que se está a diluir, material e conceptualmente, a fronteira entre trabalho e... escravidão?
Etiquetas: Política
2 Comments:
pois é... a diluição é mesmo conceptual e material. E material: essa é que é a desgraça maior.
Abraço.
Eu trabalho! Yupi!!!!
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