Autogolo de Santana
Diz o povo "nunca digas desta água não beberei" e assiste muitas vezes à razão popular a evidência dos factos. Com efeito, e da parte que me toca, nunca pensei que um dia iria sentir-me tentado a fazer uma vénia ao burlesco ex-primeiro-ministro (e ex-muitas coisas mais). Esse dia foi ontem, ao testemunhar a irreverência e ousadia do ex-autarca em não aceder a continuar a entrevista que dava na SIC-N a Ana Lourenço, após ter sido interrompido para que a estação de Carnaxide pudesse cobrir em directo a chegada de José Mourinho ao aeroporto de Lisboa.
Santana tem razão em protestar contra critérios jornalísticos tão lamentáveis e não se coibiu até de produzir uma asserção condenatória da loucura em que o país está mergulhado, sintomática do privilégio concedido a meros fait-divers pela linha editorial dos média nacionais. Louvo a coragem e a temeridade do ex-presidente do Sporting e, por momentos, até pensei votar nele, mas a lucidez e sensatez com que procuro nortear as minhas tomadas de decisão cedo me chamaram à realidade e, ao contrário da lusa sina, não tenho a memória curta...
É que, afinal, o ex-secretário de Estado da Cultura, apreciador das obras de Chopin para violino, deve muito da sua projecção pública às revistas cor-de-rosa e aos seus comentários televisivos em programas de debate futebolístico de que foi prolongado membro de painel. E como primeiro-ministro... Além disso, deixar coisas a meio é já uma sua marca pessoal, pelo que deixar esta entrevista a meio acaba por não causar estranheza. Aliás, talvez por também não a ter concluido é que ela foi boa.
Portanto, por uma vez Santana teve razão, embora, qual autogolo, critique um estado de coisas de que ele foi cúmplice activo num passado que nem é tão distante assim. E mal vai este país quando recebe tão oportunas e pertinentes lições de civismo de alguém como o ex-presidente do «PPD/PSD»!
2 Comments:
Pura dor de coto... o homem sentiu-se ultrapassado no ranking do jetset e vai daí disparatou!
Ciúme!
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