As vergonhosas chinesices do PCP
Na última edição do jornal «Avante», "o Comité Central do PCP saúda calorosamente o XVII Congresso do Partido Comunista da China, formulando os melhores votos de sucesso aos seus trabalhos e à acção dos comunistas chineses em prol do desenvolvimento e progresso social, fortalecendo o objectivo proclamado da constituição de uma sociedade socialista".
Ou seja, o PCP "saúda calorosamente" uma força partidária que é, há várias décadas, responsável por uma cruel ditadura de partido único num dos maiores e mais populosos países do mundo, onde a pena de morte é um recurso judicial banal e os direitos humanos não só não são reconhecidos como são flagrantemente violados; onde a liberdade de imprensa é uma miragem e o acesso à Internet fortemente condicionado; onde estão praticamente ausentes quer a instituição da segurança social quer o direito a pensões de reforma; onde a desregulamentação do trabalho é chocantemente absoluta e a acção sindical simplesmente proibida; e onde a condição feminina é desumanamente desclassificada e penosamente vivida, ao ponto de, e por instigação estatal, muitas bebés recém-nascidas serem mortas pelos próprios progenitores... Tudo isto num país que é actualmente o paradigma mais perfeito do que são as consequências atrozes da conjugação da globalização de mercado com a ideologia neoliberal e o capitalismo mais selvagem que se possa imaginar.
Todavia, o partido do camarada Jerónimo não se cansa de reiterar persistente e efusivamente a grande e duradoura amizade que mantém com os seus homólogos do PC chinês. E, por cá, o PCP apoia - e bem! - as iniciativas sindicais (como as recentes manifestações contra os atropelos aos direitos laborais e sociais, ou contra a «flexigurança») que fariam corar de indignação os infames dirigentes do «Império do Meio».
Com um comportamento tão soez e lamentavelmente contraditório, de pôr a democracia «de olhos em bico», o PCP é cada vez menos o partido da foice e do martelo, e mais o partido do cravo e da ferradura! Assim se vê, a «forca» do PC...
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