Um banco «familiar»
A igualdade devia ser um inquestionável valor básico em democracia, inspirador das relações intersubjectivas e organizacionais e válido tanto no sector público como no sector privado. Porém, no Millenium BCP parece não ser assim e ser amigo ou filho do patrão traz privilégios acrescidos à margem de qualquer consideração ética; ou não tivesse a administração do maior banco privado português perdoado o pagamento de juros sobre uma dívida de 12 milhões de euros à empresa JMA e, em 2004, outra de 15 milhões a empresas de que Filipe Jardim Gonçalves era associado.
Ora, num país em que a vitória socrática no combate ao estúpido défice, criado com o PEC, se faz à custa dos enormes sacrifícios de milhões de portugueses, aos quais se impõe uma austeridade severa (subida de impostos, perda de poder de compra, congelamento de carreiras e salários, aumento da idade da reforma, flexibilidade e mobilidade, etc.) e cujos salários servem sobretudo para liquidar prestações de inevitáveis dívidas contraídas, Jorge Jardim Gonçalves podia ser igualmente complacente para com muitos outros clientes mais necessitados. Com isso, faria até jus à sua reputação de fervoroso cristão...
Vale ao banqueiro madeirense que está em Portugal, país onde, como diz o povo, "quem rouba um pão é ladrão, quem rouba um milhão é barão". Talvez seja por isso que o homem é membro da Opus Dei, como se já não fosse bastante ser católico: nem com os aparvalhados rituais da sua fé (chicotear-se-á?) evita que seja mais fácil um camelo passar no buraco de uma agulha! Para quando a sua beatificação?
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