quinta-feira, julho 06, 2006

Portugal 0 - França 1

O FIM DO SONHO E A REPETIÇÃO DA HISTÓRIA
Noventa minutos bastaram para a selecção gaulesa, jogando quanto baste e sem se desgastar muito, tal como fizera contra o Brasil, desmoronar o sonho português de lograr chegar a uma final do Mundial. Mais uma vez, um penálti (algo duvidoso mas merecedor do benefício da dúvida) concretizado por Zidane reforçou a maldição francesa: tinha sido assim nas meias-finais do Euro 2000 e já anteriormente no Euro 84 ficámo-nos também pelas meias-finais tombando frente aos do costume.
A selecção das quinas jogou abaixo do que poderia, não tendo fluidez, objectividade atacante nem profundidade na construção das jogadas; os jogadores lusos imprimiram pouca velocidade nos lances ofensivos e foram sendo facilmente desarmados pela possante muralha defensiva francesa e só de remates de meia-distância, sobretudo de Cristiano Ronaldo e de Maniche, é que a bola chegou com algum perigo à baliza de Barthez, que foi um mero assistente do jogo, tão poucas vezes teve que se empenhar (um remate de Deco aos 4 minutos e outro de livre de Ronaldo aos 78). Pauleta andou em subrendimento nesta competição - assisti-lo foi sempre tarefa inglória - e estranho que Scolari não tenha dado oportunidade a Nuno Gomes, mais experiente e eficiente que Postiga, e fisicamente a equipa nacional revelou-se debilitada. Portugal só se pode queixar da sua confrangedora ineficácia atacante (um só golo, contra a Holanda, na fase de eliminatórias) e da sua incapacidade em criar espaços nos sectores intermédio e avançado que permitissem penetrar no sector defensivo adversário.
FIZEMOS O LUGAR DE OUTSIDER
Nesta 18ª edição do Mundial de Futebol, Portugal fez o papel de outsider: nas meias-finais, as outras selecções qualificadas eram anteriores campeãs do mundo (Alemanha, Itália e França). Em recentes edições anteriores, tal papel foi desempenhado pela Croácia, pela Turquia ou pela Suécia, como mais remotamente o foram a Hungria, a Holanda ou a extinta Checoslováquia. A história é taxativa e demonstra que os portugueses se precipitaram nas congeminações de vitória que idealizaram: o Alemanha 2006 volta a confirmar que as selecções campeãs mundiais pertencem a países relevantes geográfica e demograficamente - e logo também politicamente -, atributos que Portugal não tem. Alguém me desmente?
Parece que a tradição ainda é o que era!
Agora, frente à Alemanha, resta-nos cumprir no sábado aquele jogo curioso de consolação de semifinalistas vencidos para a medalha de bronze. O melhor que podemos fazer é igualar os "magriços de 66" com um terceiro lugar (no entanto, estes não tiveram oitavos-de-final e passaram directamente da fase de grupos para os quartos-de-final, pois eram bem menos as nações em competição). Depois começará o apuramento para o Euro 2008, novo ciclo para a lusa esperança em ser deveras campeão, pois campeões de vitórias morais já temos troféus virtuais que cheguem.
Graças à França, os vendedores de móveis de Paços de Ferreira já podem respirar de alívio...

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6 Comments:

Blogger Al Cardoso said...

Faco precisamente a mesma leitura do jogo que voce fez.
Quanto ao jogo de amanha, se e que houve erros de arbitragem contra nos a favor da Franca, que esperam neste jogo em que jogamos com o pais organizador?
Sejamos realistas, como disse o "sargentao" nos somos o patinho feio.
No entanto espero enganar-me.

Um abraco fornense.

5:18 da manhã  
Blogger O Micróbio II said...

Abaixo o conformismo!
"...o Alemanha 2006 volta a confirmar que as selecções campeãs mundiais pertencem a países relevantes geográfica e demograficamente - e logo também politicamente -, atributos que Portugal não tem"... não desminto! Mas duvido que países como Brasil, Uruguai e até a própria Argentina (selecções com vários títulos) também tenham similares atributos!

10:16 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Nunca fizemos verdadeiramente um bom jogo neste mundial. Mostramos a nosso verdadeiro valor contra a França.
Quando eles marcaram notou-se um alívio nas suas faces como quem diz: Pronto. Já está. Agora é só esperar um bocado e pouparmos-nos um bocadinho para a final. Acho que o Platini até foi embora depois do golo.
No mundial dos alhos ainda fizemos um bom jogo contra a Polónia. Tinhamos melhor equipa porque os Figos e Pauletas e companhia estavam mais fortes, só que tinhamos alguns jogadores de carácter fraco que juntando-se ao treinador só podiam resultar em desgraça.
Este também tem as suas superstições mas pelo menos conseguiu fazer uma equipa com uma mentalidade forte. O pior foi as pernas e a consequente acutilância atacante.
3º lugar? Who cares?

Abraço

MF

6:17 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Caro Micróbio: concedo que é discutível que o Uruguai se insira nesses atributos, mas este país ganou a 1ª edição em casa (em 1930) e a segunda em 1950. Ou seja, nada ganha vai para 60 anos!! A Argentina e o Brasil são dois dos mais populosos países da América do Sul, ou ignoras isso? Ignorarás também quem manda no Mercosul? O Brasil é o 5º maior país do mundo e um dos que muitas previsões indicam que terá um crescimento económico ímpar neste século! Andas desatento ou desinformado? Querer contrariar sempre, nem sempre dá certo... ;)
Abraço,
ALM

3:39 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

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