Inglaterra 0 - Portugal 0 [1-3 g.p.]
Depois de tanta especulação, troca de argumentos e estatísticas e insinuações pouco desportivas entre as imprensas inglesa e portuguesa, lá teve início o tão aguardado jogo em Gelsenkirchen; os portugueses queriam vingar 1966 e a actual arrogância e sobranceria dos ingleses e estes queriam vingar 2004. Levaram a pior os súbditos da isabelina majestade.
A primeira parte foi equilibrada, com as jogadas de ataque repartidas entre as equipas, que ocupavam os espaços de maneira densa revelando enormes preocupações tácticas (o primeiro canto da partida só surgiu aos 40 minutos). Lampard e Gerrard tiveram forte marcação, anulando a poderosa meia-distância da armada britânica; Petit esteve particularmente bem nessa marcação. Portugal atacava sobretudo por acção de Cristiano Ronaldo, não conseguindo estender o jogo ofensivo, o que teve como contrapartida que o flanco esquerdo nacional ficasse mais vulnerável às investidas dos monárquicos. Figo compensava nas duas alas e também de modo tacticamente irrepreensível. Pauleta não se via. Mas tudo se passava de forma mastigada, com passes curtos na transposição de bola da defesa para a frente. O domínio de posse de bola foi repartido na primeira metade do jogo. A inexistência de oportunidades de golo justificou o 0-0 ao intervalo.
A segunda parte começou com toada idêntica, mas paulatinamente a Inglaterra ia assenhoreando-se do jogo muito por culpa da selecção das quinas, que concedia mais espaços para a movimentação adversária. Aos 61 minutos deu-se a expulsão de Rooney, colocando Portugal em vantagem numérica. Mas não se deu por isso e a manobra ofensiva nacional continuava lenta, procurando infrutiferamente linhas de passe que penetrassem por entre a inexpugnável muralha defensiva britânica. Fazia-se sentir a falta da criatividade de Deco em campo... Depois de Pauleta, o subrendimento de Tiago levou à sua substituição (respectivamente por Simão e Hugo Viana). Não havia fluidez e profundidade no jogo de Portugal. Aos 83 minutos Ricardo salva um remate de livre bem direccionado e executado por Lampard, na primeira e única oportunidade de golo em todo o encontro. Por seu lado, o sector atacante das cores lusas continuava confrangedoramente ineficaz e sem soluções. Figo, diminuído fisicamente, foi rendido por Postiga aos 86 minutos. Não havia ponto-de-lança a conseguir discutir o jogo aéreo na área inglesa.
Cumprido o tempo regulamentar, foi sem surpresa que houve necessidade de recorrer ao prolongamento: anteviam-se mais 30 minutos de nervos. Só aos 102 minutos Simão rematou com perigo à baliza de Robinson; Portugal dominava, mas novamente com circulação de bola enrolada e sem objectividade, de pé para pé em reversíveis lateralizações frente à area insular e cruzamentos sucessivos perfeitamente inócuos perante o acerto defensivo dos de sua majestade. Do nosso lado, Fernando Meira e Ricardo Carvalho revelaram-se também uma dupla de centrais irrepreensível. Só através dos remates de meia-distância é que a bola transpunha a linha de defesa adversária e quebrava a parcimónia do ataque português.
E assim se chegou à lotaria das grandes penalidades, em que Ricardo, uma vez mais, foi o carrasco dos ingleses ao defender três (!) penaltis (de Lampard, Gerrard e Carragher). God save the queen e os leões de São Jorge!
P.S. - Gostamos de comer francesinhas (eu, pelo menos, gosto), mas depois de um jogo para inglês ver e face ao saldo desfavorável com os gauleses, Portugal terá de, na sua meia-final, jogar à grande... e à francesa! O céu é o limite...
Etiquetas: Futebol
2 Comments:
"O céu é o limite..." Esta frase vinda de ti, só pode ser mesmo interpretada como ironia! :-)
A dream in ROOINS for the English.
Wayne Roonie stamped England out of the World Cup.
Queres ver que vamos ser a Grécia do Mundial? A jogar feio e a ganhar pela margem mínima.
Abraço
MF
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