Desigualdades educativas

Mas esta injustiça revela-se ainda mais grave por muitas escolas privadas serem socialmente segregadoras e, em abundantes casos, até difusoras de princípios confessionais que ferem a laicidade do Estado, por via do dinheiro público desbaratado em tais infundados e pérfidos financiamentos, como refere a notícia do periódico em apreço.
A destruição em curso da escola pública e a gradual privatização do ensino de qualidade, bem patente quer no encerramento de unidades de ensino quer nas entrelinhas do novo Estatuto da Carreira Docente, inserem-se numa estratégia mais ampla que, disfarçada de meritocrática e cinicamente pretextando a igualdade de oportunidades, agudiza e agrava as desigualdades e assimetrias sociais, não cuidando que todos partam da mesma posição - é que, antes das «oportunidades», devia estar a «igualdade»! Assim se assegura a oligárquica conjuntura em que os estudantes mais carenciados continuam longe de, à partida e à chegada, estarem em pé de igualdade com os colegas oriundos dos estratos sócio-económicos dominantes. Mais ainda num paradigma laboral em que o acesso aos bons e proveitosos empregos do mercado de trabalho se afigura cada vez mais difícil.
No hodierno mundo neoliberal, já nem a teoria de Justiça de John Rawls parece ter garantias de sobrevivência: em democracia prega-se a equidade e a igualdade, mas, afinal, há uns poucos que são mais iguais que os outros muitos! E, concluindo, quantos são os filhos de governantes e outros detentores de cargos públicos que frequentam o ensino público, a começar pelos do suposto engenheiro e ex-aluno da Universidade Independente?
1 Comments:
Não te preocupes. Os quadros interactivos e os figurantes vão salvar isto tudo.
Abraço
MF
Enviar um comentário
<< Home