Em ninho de cucos / 4
Finalmente há um acólito do Vaticano que troca a excitação eclesial pela excitação litoral e decide pregar em outras freguesias, perdão, maresias... E irá o inovador clérigo para o sagrado ofício de sotaina, de mais tímidas bermudas ou em mais arrojado calção de banho? Deus o proteja de malévolas tentações face às epidérmicas visões com que se vai deparar e, ao mesmo tempo, robusteça a paciência dos veraneantes (nem na praia têm sossego!), incomodados que vão ser com os cristãos apelos à castidade e os vitupérios ao preservativo. É que o dinâmico sacerdote corre o risco de que... o afoguem!
3 Comments:
António, tu sabes que tudo quanto escreves me dá um imenso prazer intelectual e esse prazer seguirá imaculado seja lá qual for o tema que privilegies, concorde eu ou não contigo.
Quanto a mim, crio as minhas personagens dentro da plasticidade textual da minha poética, assumo pontos de vista insólitos mesmo para mim, tento desdobrar-me.
Criados, os textos já não são eu, nem sequer são meus. São da chamada recepção e a respectiva descodificação é responsabilidade sua também, dê para onde der.
Creio, e por experiência o creio mais, que não há convicta paixão ou causa que nos devore que mereça ser servida aos circunstantes em vasos laminados no rebordo ou então embebidos do vinagre que rebaixa e atinge. Tu compreendes isto bem, tenho a certeza.
É difícil, mas é o caminho. Mas isto não se aplica tanto a certos figurões que nos traem e defraudam grosseiramente e cuja responsabilidade e visibilidade não se prestam a habilidades, a chico-espertezas, enfim, à substimação da tua e nossa razão. Sátira com eles. Desmontagem argumentícia de qualquer arrogância.
Abraço
joshua
Caríssimo "Joshua" (eu não me escondo em pouco corajosos pseudónimos e assumo o nome que os meus pais me deram, mesmo correndo o risco de com isso jogar com armas desiguais!): permite-me que com frontalidade te confesse que me surpreendes por escreveres tanto e dizeres tão pouco (ou nada?), num exercício semelhante de concretizar a quadratura do círculo... Não sei se é da "plasticidade textual da (tua) poética" ou da ausência em ti de poder de encaixe; mas como não te conheço para descortinar semelhanças em ti com um outro qualquer felino ou género, obeso ou esquálido (tens mesmo piada! :)), não ouso dar o passo para o que não sei. É uma questão de honestidade epistemológica, além de que procuro a integridade de uma identidade e não o camaleónico "desdobramento" que defendes para ti - são perspectivas legítimas, embora não igualmente plausíveis.
Se todos pensássemos como tu (vide o que escreveste no parágrafo penúltimo do teu comentário) não havia revoluções nem mudanças de paradigma, todos engoliriamos o conformismo dos totalitarismos que tu achas que não são os "figurões" (a verdade tem as cores do arco-íris). Só se progride com a razão e não com subjectivas concepções do "espírito"; por isso houve o renascimento, o iluminismo e o laicismo...
[Não discuto aqui as questões do metatexto, se os textos são o eu do autor ou se dele se separam em vida própria, embora tb aqui eu não tenha as tuas certezas.]
Abraço e continuação de boas personagens!
ALM
Se este indivíduo se aproximasse de mim na praia, já que dificilmente me encontraria noutra situação, baptizava-o prolongadamente nas águas do mar.
Espero ter dito mais em tão poucas palavras.
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