O perjúrio liberal
Logo no discurso de tomada de posse como primeiro-ministro, o presumível engenheiro e assumido liberal disfarçado de socialista Pinto de Sousa, denotou um assertivo e desassombrado impulso reformista começando a mudança em matéria de medicamentos, qual clínico sapiente dos padecimentos nacionais. Contudo, dois anos depois de ter anunciado que as mezinhas não sujeitas a receita passariam a ser vendidas fora das farmácias, esses indisciplinados remédios estão hoje, em média, 3,5% mais caros, quando o objectivo proclamado pelo ex-aluno da Universidade Independente era o de os fazer baixar.
São, pelo menos, as conclusões da credível Deco Proteste, que já em 2006 tinha concluído que os preços aumentaram 2,8%. Como se já não bastasse o exemplo da escalada imparável do preço dos combustíveis após a sua liberalização, por aqui se vêem, mais uma vez, as fingidas e ilusórias virtudes do neoliberalismo económico reinante: quem disse que, com menos Estado, liberalizando o mercado e aumentando a concorrência, os preços descem e a qualidade dos serviços aumenta? Para quando um comprimido que cure a dispepsia da direita e a miopia liberal?
2 Comments:
Parece que Pinto de Sousa se disfarçou de socialista para chegar ao exercício mais liberal do Poder de que há memória em Portugal: ao chegar à Capital, provindo de Vilar de Maçada, consciencializou-se de que poderia, sendo mais esperto que os citadinolocais, ser e fazer o que quisesse.
E era verdade.
E é verdade. "Olhe, faz favor, por onde viro agora para chegar ao Teatro S. João? É pela Direita ou pela Esquerda?"
A resposta é sintomática: "Tanto faz. Mas vá pela Esquerda que é mais rápido."
Estamos a ficar anacrónicos, António, perante estes Pinto de Sousa Homo Curvatus Portentoribus Habilis Politicus.
Há alguns comprimidos que se têm que partir ao meio e engolir uma parte de cada vez porque inteiro dá vómitos.
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