terça-feira, julho 31, 2007

Ipsis verbis [7]

"Máquinas que somos, máquinas quase perfeitas a bem dizer maravilhosas, inda que frágeis, como não admirar as nossas peças, molas e válvulas e veias, todas elas animadas por um sopro que lhe parece alheio mas sai do seu próprio movimento, do arfar, dos uivos do animal, do desespero do anjo caído. (...) A curva flutuante de um seio de donzela, a provocação que é a anca do efebo ou da ninfa, tão parecidos que se confundem; a ampliação do olhar e os seus mistérios, esquivas e trocadilhos - íntima largueza do reino da alma que jamais encontrarás seu fundo, e a cor alacre arrebatada duma risada; os passos, o cetim da pele, o emaranhado dos pêlos do púbis, e a alegria loira duma cabeleira solta, desmanchada nos abraços, saindo triunfal duma cama semidesfeita."
- escritor Luiz Pacheco, "Comunidade", Contraponto, 1964

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1 Comments:

Blogger morffina said...

Oopsis púbis! (para uns)

Beleza natural, para outros.

2:12 da manhã  

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