Em ninho de cucos / 5
No estertor da morte, a mana Lúcia, reclusa de recônditos claustros, denunciou com o agónico olhar a paixão que sempre manteve pelo crucificado. Tal era a sua humildade que via nos tremoços um pitéu dos deuses. Ficou por saber se usava lingerie erótica, se não bebia álcool ou se já sofria de aguda hipermetropia antes de ter visões e alucinações afins; ou até se se depilava e maquilhava antes de se fechar com os cardeais Cerejeira e António na sacramental intimidade da confissão...
Gosto destas tendências católico-pagãs para misticismos: são o paradigma do kitsch, a chama flamejante da crendice e constituem-se como preciosas narrativas promocionais que robustecem o negócio das almas da romana igreja papal. Gosto de notícias assim, à 24 horas, e esta enclausurada pastorinha era mesmo mulher de segredos!
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