segunda-feira, agosto 27, 2007

Ipsis verbis [8]

"Mas a apetência da instituição pelo dinheiro sempre foi enorme, bem conhecida, e atravessa os dois milénios da sua história. Constantino comprou-a e a Igreja deixou-se comprar. Depois, ao longo dos séculos, há uma sucessão impressionante e contínua de crimes, de roubos, de saques, de extorsões, de guerras, de negócios escuros, de chantagens e ameaças, directamente comandados pela Cúria romana, cujo alvo exclusivo é a apropriação da riqueza. Foram as cruzadas, as violências contra os albigenses, os templários ou os hussitas; a escravatura, os negócios das armadas, a exterminação dos judeus, as guerras religiosas, a participação activa com os imperialismos. Tudo isto rendeu à Igreja de Roma milhões e milhões. (...) O seu objectivo central é a acumulação e o lucro. Basta ver-se, nos tempos que correm, como é impressionantemente poderosa a rede de interesses comerciais do Opus Dei e como hipocritamente os bispos fingem ignorar essa realidade obtida à custa da exploração do Homem. (...)
"Todo o poder vem de Deus". Por isso, a Igreja honrou a memória de Constantino e apadrinhou os grandes senhores absolutos da História. Ao chegar ao século XX prosseguiu, firmemente, a mesma senda. Apoiou Hitler e Mussolini, não lhe importando os horrorosos crimes de que foram responsáveis. Tornou-se sustentáculo insubstituível dos regimes fascistas de Franco e de Salazar. (...) O Vaticano foi, ou é, o grande escudo protector de Pinochet, Videla, Stroessner, Savimbi, Gorbatchov, Boigny, Waldheim e de milhares de outros pequenos ou grandes criminosos. (...)
O Vaticano invoca a sua autoridade espiritual mas entrega a gestão dos seus dinheiros aos monopólios mundiais. O Papa declara-se viajante da Fé mas consente que as suas digressões pastorais sejam pagas pela BIC, pela Coca-Cola, pela Mercedes-Benz e por outros impérios financeiros."
- Jorge Messias, «O Crepúsculo dos Deuses», Campo das Letras, 2001, pág. 209 - 213

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