sexta-feira, novembro 02, 2007

A arte do crime

Guillermo Vargas, conhecido artisticamente com o bíblico epíteto de «Habacuc», foi escolhido para representar o seu país, a Costa Rica, na Bienal Centroamericana Honduras 2008. Mas por que razão falo deste homem? É que este costarriquenho participou numa exposição na Nicarágua, em Agosto, na qual «exibiu» como uma das suas obras de arte uma singela instalação em que prendeu a uma corda a um canto da sala um cão de rua, faminto, sedento e em deplorável estado de saúde, que havia recolhido de um bairro pobre de Manágua por onde deambulava. O desafortunado animal acabou mesmo por morrer em plena sala de exposições, por inanição e falta de cuidados veterinários, no dia seguinte ao da inauguração.
Apesar dos apelos dos visitantes para libertar o cão, Vargas recusou-se a fazê-lo, com o argumento de que se tratava de uma homenagem a uma mulher nicaraguense morta em consequência de um ataque de um rotweiller. E, como se tudo isto não bastasse e não fosse suficiente prova de uma gratuita e cruel ausência de escrúpulos, o título da amostra estava grafado numa parede com uma colagem feita à base de... comida canina!
Entretanto, corre na net uma petição contra este suposto artista participar na Bienal de 2008.
Desconheço o talento artístico deste senhor, cujo comportamento é mais o de um criminoso do que o de um artista, qual arte do crime num crime sem arte: não ocorrerá aos «guillermovargas» deste mundo denunciar o nazismo, acorrentando um judeu moribundo? Ou censurar os eleitores de Bush, torturando um inocente iraquiano?
Guillermo Vargas é um cobarde, servindo-se da fraqueza alheia e dos elos mais fracos para as suas torpes reivindicações. Por mim, reconheço mais dignidade àquele cão morto e desgraçado pelos meandros da vida, do que ao sapiens vivo que fala castelhano e que instrumentaliza a arte para os vis fins da demência que o perturba!

1 Comments:

Blogger Texuga said...

Como é possível olhar para isto e não deixar de dizer que o Homem é o bicho mais animalesco que por cá anda... Choca-me a morte, de todos, seja de uma minhoca na alface, de uma mosca, de um cão ou de um Homem. Se calhar é por isso que quando tenho de tirar um destes bichos da minha frente me recuso a fazê-lo pela morte do mesmo, afasto-o simplesmente, pegando nele e transportando-o para outro lado. Simples.

4:01 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home