segunda-feira, março 06, 2006

«Políticos, Caciques e Outros Anátemas» - 1º Acto

No dia 20 de Fevereiro, na Assembleia Municipal de Oeiras, o deputado social-democrata António Macieira Coelho apresentou uma declaração política a exigir ao presidente da câmara, Isaltino Morais, que se demitisse, na sequência das acusações dirigidas pelo Ministério Público: a Isaltino são imputados os crimes de corrupção passiva, branqueamento de capitais, abuso de poder e fraude fiscal (só faltava acusarem-no também de homicídio e invasão de propriedade!).
Porém, e numa atitude só compreensível no contexto do que se pode designar «coerência partidocrática», tão habitual entre os políticos dos partidos do costume, o deputado Macieira Coelho não votou a favor (absteve-se!) das duas moções de censura, apresentadas pelo Bloco de Esquerda e pelo Partido Comunista, contra o presidente da autarquia. Embora considere que "o mandato [de Isaltino] está inviabilizado, por uma questão de conduta moral", este inaudito deputado da secção de Algés acrescenta ainda, paradoxal e surpreendentemente, que "Isaltino devia abdicar do cargo por livre vontade e não devido a uma imposição".
Então, que sentido e pertinência tem apresentar uma declaração política exigindo a demissão de alguém, se simultaneamente se defende que a demissão deve ser voluntária e não imposta?
Senhor deputado Macieira Coelho: demita-se você e oxalá o outro o acompanhe!
P.S. - Sobre este assunto, ver a edição nº 333 da revista Focus, pág. 22

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