Fracos fazem fraca a forte gente!
O governo português, pela mão da ministra da Educação e com o pusilânime beneplácito político de Sócrates e Cavaco, tem dado continuidade a medidas de desmantelamento da qualidade do ensino público, mediante a produção de perversos despachos e circulares, alguns ilegais (como planificar o próximo ano lectivo com base num quadro normativo por aprovar e que contraria o que está em vigor), que vão inevitavelmente conduzir à inequívoca degradação em curso da dignidade da profissão docente e concomitante corrosão da autoridade professoral - científica, pedagógica e institucional. Com efeito, as profundas e subversivas alterações ao Estatuto da Carreira Docente (ECD) representam a consolidação da prática de um sistema de ensino que, por detrás de intenções demagogicamente publicitadas como positivas à leiga generalidade das pessoas, vai minar os alicerces que deveriam presidir a orientações sensatas de promoção efectiva de um ensino de qualidade, rigoroso, sério, exigente e responsável, bem como de valorização da actividade docente, a qual é escravizada pelo novo documento do ECD.
A desvalorização agressiva e maldosa do papel e utilidade sociais dos professores, conjugada com a decana puerilização do ensino que (de)forma cidadãos cognitivamente limitados e intelectualmente desinteressados (os estudos da OCDE são inexoravelmente categóricos na identificação das graves deficiências dos estudantes portugueses; há alunos que concluem o 12º ano sem saber ler ou escrever correctamente!), acaba afinal por não surpreender quando se sabe que, como muito bem observou Nuno Crato, na proposta de a(du)lteração do ECD, que verá a luz do Diário da República em Outubro, não se inscreve uma única vez a palavra «ensinar» (!!?). Por outro lado, e como vem sendo tradição nos sucessivos elencos governativos, o titular da pasta da Educação é invariavelmente alguém que faz profissão nos meios académicos e cujo currículo até pode estar inundado de interessantes teses, aclamadas prelecções em seminários como ilustres paineleiros convidados, estudos teóricos e livros publicados (a disponibilidade de calendário dos professores universitários dá para tanto), mas que do ensino básico e secundário só têm a experiência do tempo em que eram alunos. Ora, a Educação em Portugal tem sido, nos últimos 25 anos, campo de experimentação de conjecturas académicas importadas de escolas e correntes que se dizem pedagógicas e que fazem parte das tão divulgadas "ciências da educação" - verdadeiras aberrações anacrónicas produtoras de receituários pseudopedagógicos e autêntica fonte de receitas para as Universidades, que delas ministram mestrados e doutoramentos perfeitamente estéreis e inócuos, senão mesmo obstaculizadores de um ensino decente e promotor de aprendizagens reais e de saberes fundamentais, como o atesta a lastimável cultura geral dos jovens que aparecem na escola e dela saem e julga(ra)m frequentá-la.
A intromissão da ignorância escudada em presunção nunca é recomendável e mais contraproducente se torna se os ignorantes exercem o poder. Já diz o aforismo: "Quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão?"
Sou professor do ensino secundário e, de 2003 a 2005, tive o aumento salarial congelado e continuo, ano após ano, a perder poder de compra, num claro desincentivo à auto-formação, que é muito cara; além disso, o último ano e meio de serviço não vai contar como tempo de serviço (contrariando a lei e as mais elementares regras éticas e deontológicas) e a progressão na carreira foi bloqueada indefinidamente, suspeito mesmo que definitivamente. Não é assim que se aposta na Educação, que continua a ser vista como uma despesa e não como um investimento; nem é com primeiros-ministros como Sócrates que esse nobre objectivo se concretiza: o engenheiro tem os seus dois filhos a estudar no ensino básico na Escola Alemã, desembolsando 1500 euros por trimestre, fora as actividades extra-curriculares, com direito à possibilidade de obterem um futuro ingresso em universidades no estrangeiro. Melhorar o ensino não é difícil, mas fazê-lo com vontade política e boa fé é dispendioso, pressuposto que estes sucessivos governos têm desprezado e encoberto por névoas de desinformação demagógica que por conivências e interesses obscuros nem os 25 (!) sindicatos de professores sabem desvelar e denunciar, nem os próprios docentes visados sabem combater, classe acéfala e subserviente que é e cujo zelo de escravo já aqui uma vez lamentei. Nunca vi tamanha superação da fidelidade canina como a que se testemunha nos gabinetes dos Conselhos Executivos!
Com "professores" destes a "ensinar" "alunos" assim, orientados por "governantes" destes com "sindicatos" assim, Portugal continuará a ser tranquilamente presença assídua na cauda dos rankings de desenvolvimento da União Europeia e outros. Mas qual é o problema? Como país iminentemente católico, segue-se o princípio bíblico que afirma que "os últimos são sempre os primeiros"...
A intromissão da ignorância escudada em presunção nunca é recomendável e mais contraproducente se torna se os ignorantes exercem o poder. Já diz o aforismo: "Quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão?"
Sou professor do ensino secundário e, de 2003 a 2005, tive o aumento salarial congelado e continuo, ano após ano, a perder poder de compra, num claro desincentivo à auto-formação, que é muito cara; além disso, o último ano e meio de serviço não vai contar como tempo de serviço (contrariando a lei e as mais elementares regras éticas e deontológicas) e a progressão na carreira foi bloqueada indefinidamente, suspeito mesmo que definitivamente. Não é assim que se aposta na Educação, que continua a ser vista como uma despesa e não como um investimento; nem é com primeiros-ministros como Sócrates que esse nobre objectivo se concretiza: o engenheiro tem os seus dois filhos a estudar no ensino básico na Escola Alemã, desembolsando 1500 euros por trimestre, fora as actividades extra-curriculares, com direito à possibilidade de obterem um futuro ingresso em universidades no estrangeiro. Melhorar o ensino não é difícil, mas fazê-lo com vontade política e boa fé é dispendioso, pressuposto que estes sucessivos governos têm desprezado e encoberto por névoas de desinformação demagógica que por conivências e interesses obscuros nem os 25 (!) sindicatos de professores sabem desvelar e denunciar, nem os próprios docentes visados sabem combater, classe acéfala e subserviente que é e cujo zelo de escravo já aqui uma vez lamentei. Nunca vi tamanha superação da fidelidade canina como a que se testemunha nos gabinetes dos Conselhos Executivos!
Com "professores" destes a "ensinar" "alunos" assim, orientados por "governantes" destes com "sindicatos" assim, Portugal continuará a ser tranquilamente presença assídua na cauda dos rankings de desenvolvimento da União Europeia e outros. Mas qual é o problema? Como país iminentemente católico, segue-se o princípio bíblico que afirma que "os últimos são sempre os primeiros"...
Etiquetas: Política
4 Comments:
Já agora podias ter acrescentado um outro aforismo que,apesar de não vir citado na Bíblia, aqui faria todo o sentido... "quem quer qualidade, que a pague..."
Ou então: "O sábio nunca entrará no Paraíso" (mais ou menos isto).
...Olá Miguel, olha que dos amargos também não reza a história!!!...
Beijo
Rosa Duarte
I like it! Good job. Go on.
»
Enviar um comentário
<< Home