quinta-feira, junho 28, 2007

O esquecimento global

As alterações climáticas e o aquecimento global entraram na agenda política mundial e até Bush já balbucia tímidas preocupações ambientais, admitindo finalmente a evidência há décadas difundida e partilhada por insuspeitos organismos não governamentais e sociedades científicas internacionais. Com efeito, somos hoje confrontados com fenómenos naturais que contrariam os ciclos expectáveis da regularidade em que a Natureza funciona e que são consequência directa da actividade humana sobre o planeta, a qual tem a marca incontornável da selvática ferocidade das políticas capitalistas e o ferrete do neoliberalismo: o lucro tudo tem justificado, inclusivé o esgotamento e a destruição dos recursos da Terra.
Se as metas do Protocolo de Quioto, por si só, são pouco ambiciosas e modestíssimas, mesmo assim os EUA e a Austrália, dois dos maiores poluidores mundiais, eximiram-se ao seu cumprimento e a quantidade de emissões de dióxido de carbono (CO2) aumentou em 41 países industrializados, segundo um recente relatório da ONU. Aliás, os subscritores do Protocolo emitiram mais CO2 em 2004 do que em 2000 e, no seio da União Europeia, Espanha e Portugal foram os que mais aumentaram tais emissões (49 e 41%, respectivamente).
Nesta lógica de desenvolvimento não sustentado, dissociado da promoção e preservação da qualidade ambiental, não surpreende que, no Orçamento de Estado para este ano, o governo português tenha incluido 72 milhões de euros para a constituição de um «Fundo de Carbono», ou seja, parte dos custos a pagar no futuro pelo excesso de emissões são mensuráveis e pagos já por todos os consumidores e contribuintes que pagam impostos. E, porque o futuro está ameaçado e conhecidas que são as causas da ameaça, urge delinear e implementar as estratégias adequadas para a solução do aquecimento global; mas, para isso, é preciso tomar consciência de que a factura do esquecimento global é mais onerosa e transcende qualquer contabilidade, mesmo a que diviniza o lucro.
Com o cinzento e o negro a substituirem o verde, é também a esperança que se vai desvanecendo; e não há pior e mais grave défice do que o défice ambiental!

2 Comments:

Blogger morffina said...

Também temos direito de desenvolver a nossa economia ... AARRRRGGGGGGGHHHHHHH!!!!!!!!

FIM

7:59 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

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6:37 da manhã  

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