segunda-feira, maio 15, 2006

«Políticos, Caciques e Outros Anátemas» - 8º Acto

Ainda bem que o preço do barril de petróleo não parece querer deixar de aumentar, dando desta forma cobertura ao verdadeiro escândalo que o clientelismo político-partidário criou nos órgãos de cúpula da GALP. Os impostos que agravam exponencialmente o preço de um litro de combustível em Portugal servem para manter o monopólio desta empresa e alimentar uma fonte de receitas que beneficia não apenas os cofres do Estado, mas também uns quantos que pela sua inutilidade parasitam esses mesmos cofres.
Assim, os bolsos do "povo" têm de beneficiar os 290 000 euros de indemnização pagos a um quadro superior da GALP em 2004, que de lá saiu para a REFER pela mão de António Mexia (um verdadeiro espírito de missão!); ou os 6600 euros mensais para o jovem rebento de Miguel Horta e Costa, que, certamente pelos seus méritos e decana experiência, ingressou precocemente nos quadros da empresa; ou os 6350 euros mensais, além de gabinete e seguro de vida (no valor de 70 meses de ordenado!), concedidos a Freitas do Amaral de 2003 a 2005, como consultor da empresa (deve ter sido importantíssima essa consultadoria!); ou os 8000 euros mensais pagos ao administrador da área do imobiliário (a fazer o quê?), o democrata-cristão Manuel Queiró; ou a contratação de um administrador espanhol com a oferta de 15 anos de antiguidade, pagamento de casa e colégio dos filhos, fora outras regalias; ou os 17 anos de antiguidade e seguro de vida equivalente a 70 meses de ordenado (Freitas não é mais do que os outros...), que se juntam a um salário de 17 400 euros por mês, a Guido Albuquerque, cunhado do ex-ministro laranja de Durão e Santana, Morais Sarmento (que curiosa familiar coincidência!); ou os 3000 euros, só pelas presenças, dados a Ferreira do Amaral por um cargo não executivo (que importância não tachista tem este tipo de cargos?), mais os 10 000 euros de PPRs - compensou o alto serviço à pátria que foi ter servido de carne para canhão do PSD em anteriores eleições presidenciais disputadas contra a candidatura do virtual vencedor Sampaio; ou os 10 000 euros de remuneração de um engenheiro agrónomo para a área financeira (na minha ignorância, nunca tinha vislumbrado a relação entre agricultura e refinação de petróleo!); ou os 9800 euros por mês pagos à especialista em Finanças que foi para o Marketing; ou os 30 000 euros que ganha o presidente da Comissão Executiva e os 17 500 euros pagos aos vogais; ou os 20 000 euros mensais auferidos por Murteira Nabo...
Nabo é o povo que valida e se conforma com estes escândalos e abastece na GALP. Com cargas fiscais tão elevadas e excessivas sobre os produtos petrolíferos, até eu, que, como o Jesus de Fernando Pessoa, nada percebo de economia, finanças ou gestão, seria bem sucedido na prossecução dos objectivos da empresa. Bendita guerra no Iraque, bendito crescimento sino-indiano, bendita instabilidade na Nigéria, bendita crise de petróleo!

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