terça-feira, abril 01, 2008

Em ninho de cucos / 19

Uma das (infelizmente) poucas medidas aceitáveis que este governo quer implementar - e que só peca por tardia - é a de extinguir o divórcio litigioso. E, talvez por isso, o clube de solteiros profissionais que reúne sob o epíteto de Comissão Episcopal Portuguesa rosne perante um pontual projecto de lei sensato, socialmente pertinente e ajustado a um Estado laico, composto de cidadãos livres, autónomos e intelectualmente emancipados. Persistem os nostálgicos dos autos-de-fé e salazarentos atavismos de outrora em não discernir a mudança cultural inevitavelmente operada: a igreja romana já não tutela indiscriminadamente - graças a Deus! - as consciências com a opressão dos estúpidos e erróneos dogmas emanados de abjectos Concílios dos tempos em que o Sol girava à volta da Terra.
Como continuar a dar ouvidos a esta canibal e anticrística legião de papa-hóstias, cúmplices e fautores dos mais hediondos crimes contra a humanidade, títeres e mentores de déspotas, adversários da democracia e discriminadores de divorciados, homossexuais e mulheres? Afinal, quais lóbistas impenitentes, o que este aglomerado de vendilhões do templo e vestidos de sotaina pretende já não é só regozijar-se com o penoso cenário de cônjuges desavindos a arrastarem o corpo e as economias pelos corredores dos tribunais, mas, no limite, contaminar os governantes com o veneno das suas execráveis idiossincrasias para banir o divórcio (amigável ou litigioso) do nosso ordenamento jurídico.
No fundo, o que os gestores portugueses da multinacional vaticana prezam, promovem e defendem é o seu lucrativo negócio milionário de almas, esmolas, ilusórias redenções, esperanças de salvação, vãs promessas e paraísos celestiais. Não lhes basta as injustificáveis benesses de «concordatas» e afins privilégios infames concedidos pelo Estado laico, e ainda vociferam desavergonhadamente contra imperativos de elementar justiça social... Vale a esta multidão parasitária e improdutiva que o medo da morte e a pueril crença em irracionais ressurreições ainda movem muitos pobres de espírito que os alimentam nos seus dilatados estômagos e na sua episcopal soberba.
Que moral têm estes celibatários para determinar ao Estado laico a autista protecção do casamento? Acaso alguém já viu um vegetariano defender as superiores virtudes da dieta omnívora? Ao clero católico só o diabo, e com muita paciência, os perdoa!

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2 Comments:

Blogger Ai meu Deus said...

inteirissimamente de acordo! E o mais irritante é que depois confundem isso com liberdade religiosa (e "isso" é a exigência de poderem impor aos demais, além dos seus fiéis, as próprias doutrinas).

Abraço.

9:48 da tarde  
Blogger morffina said...

Filhos da Puta!

7:41 da tarde  

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