quinta-feira, novembro 30, 2006

Uma incómoda erecção

Há notícias que nos surpreendem pelo seu carácter insólito e suscitam apreensão nos espíritos mais dados a uma fundamentação racional dos fenómenos que nos rodeiam. Isto porque há os outros, mais propensos à vivência de misticismos alienantes que levam à adopção de comportamentos que dão que pensar, muito para além da máxima pascaliana de que «o coração tem razões que a razão desconhece».
Esta consideração decorre de uma notícia que li e que relata que, na Tailândia (etimologicamente significa "terra dos deuses"), um monge budista de 35 anos foi perturbado durante a sua meditação transcendental por uma inoportuna erecção. Até aqui estamos no plano da normalidade, pois o consumo abundante de Viagra sugere que muitos homens pagariam para terem a fortuna de que os seus falos se dilatassem com tanta espontaneidade.
O que já não é normal é que o monge tenha tido uma reacção inaudita: incomodado por tal erecção o ter desassossegado no seu rumo em direcção ao nirvana, vai daí e, com uma machadinha, corta o pénis na posição de máxima vitalidade funcional. Internado agora no hospital, o búdico macho recusa-se a que os médicos lhe reimplantem o amputado órgão, invocando que o mesmo é incompatível com uma vivência integralmente espiritual.
Qualquer que tenha sido a razão que provocou o intumescimento dos tecidos do pénis do monge, este exemplo devia inspirar o clero católico, tão zeloso que é do celibatário princípio contra a indisciplina do corpo: quanto mais não fosse, salvaguardava-se o cumprimento da sacerdotal castidade e a integridade física de muitas criancinhas!

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Primum vivere deinde philosophare - 21

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Tooneladas de siso - 3º quilo

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terça-feira, novembro 28, 2006

Infidelidade cubana

Segundo alguns analistas norte-americanos, e a julgar pelas imagens do hospital tornadas públicas, Fidel Castro padece de cancro e morrerá em 2007. Se assim for, supunhamos que estamos nos instantes seguintes à médica declaração de óbito do ditador e façamos uma prolepse:
Fidel chega ao Céu, onde é recebido pelo inevitável São Pedro que, obedecendo a divinas ordens superiores, lhe recusa e impede a entrada nas celestiais paragens e o manda para as tórridas profundezas do Inferno. Chegado aí, é recebido por Lúcifer em pessoa, que, num inaudito e apócrifo assomo de simpatia, informa Fidel que já o aguardava; dá-lhe as boas-vindas e fá-lo sentir-se em casa.
Entretanto, o ex-guerrilheiro lembra-se que, freudiano acto falhado ou não, esquecera as suas malas junto às portas do Céu. O diabólico guardião do purgatório imediatamente providenciou o envio de dois irrequietos diabinhos para subirem às alturas da sagrada morada e trazerem as olvidadas malas. Ora, o eficientíssimo São Pedro havia-as recolhido para a secção de perdidos e achados e tinha-se ausentado para ir almoçar. Acto contínuo, o par de diabinhos decide escalar o muro do Paraíso e, já no seu interior, é visto por dois anjinhos (não sei de que sexo!) que por ali deambulavam em peripatética descontracção, comentando um(a) para o(a) outro(a):
- É incrível! Ainda não há um quarto de hora desde que Fidel Castro foi para o Inferno e já temos refugiados...
É caso para dizer que, em Cuba, "penso, logo exílio"!

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Legendar o silêncio icónico (21)

A dificuldade de sincronizar os sorrisos.
(Para mais tarde identificar!)

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segunda-feira, novembro 27, 2006

Mário Cesariny (1923-2006)

PASTELARIA

Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura

Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante

Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício

Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola

Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come

Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir de tudo

No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra

Nobilíssima Visão (1945-1946), in burlescas, teóricas e sentimentais (1972)

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sexta-feira, novembro 24, 2006

Óbito

O sistema educativo português morreu ontem, após a reunião do Conselho de Ministros. Paz à sua alma!
A causa da morte, há muito pressentida, foi a aprovação do novo Estatuto da Carreira Docente, fruto de uma terrível infecção pelo vírus LVP (Lurdes Valter Pedreira).
Como pôde a ministra ter a desonestidade e a insolência de, perante a comunicação social, afirmar que tal documento tem a concordância dos professores, apesar dos sindicatos estarem contra o mesmo? Esquece tão sinistra figura que nunca 14 sindicatos de professores reivindicaram tão insistentemente e em uníssono e nunca tantos docentes se juntaram em manifestação? Como pôde ter a desfaçatez e indecência de sugerir que o novo Estatuto não é ainda mais impositivo e lesivo da dignidade docente, devido à existência de um Estatuto anterior? Serão os docentes tão malandros e incompetentes, que careçam tanto de disciplina? Como podem pessoas que desconhecem o húmus que dá vida às escolas, arrogantemente saberem o que é melhor para estas? Quantas aulas, quando e durante quanto tempo leccionou o vírus LVP nos ensinos básico e secundário? Quando se impedirá que académicos pedabobos, contaminados pelas parvas ciências (!?) da educação, regulamentem o ensino não superior?
Sou ateu, mas vivendo numa sociedade predominantemente cristã, e porque tenho o optimismo de acreditar que não há males que sempre durem, nutro a esperança de que o sistema educativo experiencie o milagre da ressurreição!

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Os aumentos que convêm

Em declarações recentes à TSF, José Sousa, mais conhecido por José Sócrates, afirmou:
"Espero que os portugueses compreendam que quando há uma evolução dos preços, quando muda o ano, há sempre aumentos, os quais têm a ver com a inflação."
Se o Primeiro-Ministro fosse um político honesto (o que é quase impossível no actual quadro, interno e externo, da real politik), usaria este mesmíssimo argumento para se referir aos salários, do mesmo modo como crua e austeramente o usa para se referir aos preços dos bens de consumo e dos serviços.
Já não bastavam as sucessivas e incessantes mentiras, ainda por cima o homem tem dualidade de critérios. Muitos grandes males nunca vêm só. Para quando os grandes remédios?

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Legendar o silêncio icónico (20)

Há vizinhos que vivem de costas voltadas!
(Ou a crueza da arte figurativa...)

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quinta-feira, novembro 23, 2006

Legendar o silêncio icónico (19)

Semelhança entre o SIDA e Santana Lopes: ambos andam por aí...
(... e parece não terem fim à vista!)

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segunda-feira, novembro 20, 2006

Sem dó nem Pai Natal

Numa atitude de claro abuso de poder, Hugo Chávez determinou a proibição de os edifícios públicos na Venezuela exibirem figuras do Pai Natal (que, como se sabe, enverga as cores da Coca-Cola) ou árvores de Natal, por considerar que são ambos símbolos do imperialismo americano. Não deverá ser fácil aos venezuelanos habituarem-se à ausência do vetusto Nicolau, da exuberante cornadura das condutoras renas, bem como da apaziguadora candura do pinheiro iluminado (seja ele de plástico ou tenha sido amputado da floresta a que cruelmente o subtrairam).
Ora, não consta que os elementos do presépio sejam colaboracionaistas do governo de Bush, pelo que se presume que a estes não chegará o implacável mandamento tirânico de Chávez.
É certo que o democrático ditador sul-americano tem, como qualquer pessoa ou Estado de bem, razões para lamentar, condenar, censurar e até boicotar a pax americana, mas daí a culpar o inocente Pai Natal e impedir as criancinhas de lhe verem as macilentas e alvas barbas... É quase como proibir a criação de gado por ser responsável pelos hambúrgueres da McDonalds! Como é fácil perder a razão!

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sexta-feira, novembro 17, 2006

Primum vivere deinde philosophare - 20

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Ambiguidade semântica

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Laranjada

Vi a entrevista com Cavaco Silva na SIC Notícias; e uma conclusão parece-me óbvia: é difícil a "concertação estratégica" entre o Presidente da República e o Primeiro-Ministro ser mais perfeita, a ponto de as presidenciais palavras mais parecerem as de um ministro, tal foi o teor laudatório das palavras de Cavaco sobre Sócrates e a acção do governo. Claro que há uma intenção de, por um lado, preservar e fomentar a lealdade institucional essencial à estabilidade da acção política (condição necessária para o desenvolvimento do país, como disse o algarvio) e, por outro, de praticar a isenção e equidistância na relação entre órgãos de soberania.
O erro de Cavaco é julgar que existir uma vontade reformista é condição suficiente para Portugal progredir, não pensando que há más reformas ou boas reformas mal implementadas, cujos resultados afundam ainda mais o país, social, cultural, ambiental e economicamente.
Mas quem não deve ter dormido descansado é Marques Mendes: com esta entrevista, o líder laranja viu o seu trabalho de líder da oposição ainda mais dificultado, como se não lhe bastasse já a pública oposição interna que lhe tem sido movida pelo impertinente e rabugento Luís Filipe Menezes ou, também ontem numa entrevista dada à RTP, pelo mendicante e infeliz Santana Lopes, que anda mesmo por aí a fazer-se ao lugar que deixou em penosas circunstâncias.
Com amigos assim, Mendes não precisa de inimigos e, enquanto uns vivem num mar de rosas, outros coabitam em autêntica laranjada!

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quinta-feira, novembro 16, 2006

O amor e a morte, segundo Süskind

Li «Sobre o Amor e a Morte», de Patrick Süskind, recentemente editado pela Editorial Presença. Trata-se de um curto ensaio de 60 páginas, no qual este escritor alemão de 57 anos, autor do best-seller «O Perfume», reequaciona a condição humana à luz da relação entre os princípios vitais do Eros (amor) e Tanatos (morte), identificando inusitadas ligações através de uma reinterpretação do mito de Orfeu.
Embora a temática nuclear do livro não seja nova ou inédita - por exemplo, a teoria psicanalítica de Freud já havia abordado a ligação e a existência de tais pulsões -, Süskind complementa-a com aportações originais, como o confronto que estabelece na parte final da sua reflexão entre a grandeza da pequenez humana de Orfeu e a pequenez da grandeza (supostamente) divina de Jesus. Tudo para, no fundo, fazer o elogio da humanidade que o amor e a morte sublimam.
Destaque também para a subtileza do humor elegante e sóbria erudição com que o escritor bávaro convoca Goethe, Kleist, Wagner, o universo da mitologia grega clássica ou três exemplos do quotidiano, para sustentar a tese desta meditação.
Este livro proporcionou-me um grande prazer intelectual e, por isso, refiro-o como sugestão de leitura e exercício introspectivo sobre o que somos, mesmo que, segundo Gedeão, seja "inútil definir este animal aflito".
NOTA: Agradeço à amiga Rosa Duarte, grande companheira e cúmplice de dialógicas confidências e tertúlias existenciais, por me ter dado a conhecer este livro e proporcionado a sua leitura.

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quarta-feira, novembro 15, 2006

Percepções & Realidade

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terça-feira, novembro 14, 2006

O falso liberalismo da direita

Na Europa, sabemos que a dicotomia esquerda/direita faz sentido para classificar a prática política, em função do entendimento divergente sobre o papel funcional e interventivo do Estado na regulação da vida social e individual. Ideologicamente, a direita advoga, em traços gerais, a menor intervenção possível do Estado e o correlativo incremento da predominância do sector privado e o respeito pelas liberdades individuais, ou seja, que o Estado não interfira na livre escolha do cidadão.
Porém, a direita assenta os seus princípios num liberalismo restrito e redutor e, afinal e paradoxalmente, opressor do conceito lato de liberalismo: restrito e redutor, porque, na prática, restringe e reduz as escolhas individuais e a importância do poder de iniciativa ao estrito domínio económico; opressor, porque é prosélito de um conservadorismo que subordina novas escolhas e modernas tendências à caduca rotina da tradição. Com efeito, é ridiculamente contraditório defender-se a liberdade de escolha do papel higiénico que se compra na loja que quisermos, e ser-se contra a liberdade de escolha em opções pessoais absolutamente fundamentais, por terem a ver com a intimidade (por exemplo, a despenalização do aborto, a legalização da eutanásia ou o casamento de homossexuais). Enfim, decisões que apenas a adultos que cumprem a lei e pagam impostos diz respeito e em nada interferem na vida e nas escolhas de outrem.
Pegando num exemplo, não será o casamento homossexual também um contrato privado, com os mesmos direitos e deveres, como o culturalmente convencional casamento heterossexual?
É que, no debate ideológico, político ou filosófico, temos de ser consequentes e consistentes: se se defende o primado do individual e da liberdade sobre o colectivo e o centralismo estatal, então, logicamente, não se pode fazer oposição ao direito de abortar, de não querer sofrer irreversivelmente ou de escolher o parceiro com que se partilham a cama e os fluídos orgânicos. O entrave à lucidez na configuração de uma sociedade realmente justa, fraterna e livre, por parte da direita, radica na intromissão de obsoletas tradições religiosas e/ou sócio-culturais, com rotinas instituídas e dogmaticamente aceites e fundadas em ineptos preconceitos e anacrónicos interditos morais.
Intelectual e civicamente desonesta, a direita, partidária do "não" a direitos individuais fundamentais, incorre ainda noutro equívoco ao trair um princípio enunciado por John Stuart Mill, um dos ideólogos e teóricos do liberalismo, quando, no seu livro «Da Liberdade», asseverou que o preconceito da maioria não pode limitar os direitos de cada um!
Como se vê, ser de direita não equivale a pensar direito...

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segunda-feira, novembro 13, 2006

A quadrada estupidez da redonda erudição

Este é um país do faz-de-conta: sob a aparência de que há mudanças e reformas, tudo fica, afinal, na mesma, ou muda até para pior! Mais grave isso se torna porque o confrangedor nacional-porreirismo dos portugueses os faz estarem acomodados e conformados, estáticos, sem reacção perante a idiotice de quem exerce o poder e toma as más decisões.
A Educação é o subsistema em que a evidência desta constatação é inequívoca, com disparates e asneiras a darem lugar a asneiras e disparates ainda maiores. É o caso - não só do absurdo ECD - da introdução, este ano lectivo, de uma «Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário» (TLEBS), que vem substituir a terminologia em uso há decádas. Na nova TLEBS, e para traduzir o ridículo da mesma com um singelo exemplo, os actuais "advérbios de modo" passam a designar-se de "advérbios disjuntos restritivos da verdade da asserção" (!?). Se a imbecilidade e a estupidez provocassem indisposição gástrica, os responsáveis pela Educação e os iluminados de académica cátedra proponentes da TLEBS esgotariam os stocks de guronsan...
Os actuais alunos dos ensinos básico e secundário são, em grande parte, analfabetos funcionais (formatados por um sistema de avaliação permissivo e irrealista) e que, em rigor, não sabem ler nem escrever com correcção gramatical nem ortográfica (só por distracção se chamam estudantes!), e pede-se-lhes agora que memorizem jogos conceptuais com que ilustres e eruditos linguistas se entretêm em patéticas teses de mestrado e de doutoramento.
Quem é responsável político pelo sector educativo até pode ser alguém que "não possui a habilidade, o saber que a sua profissão exige", ou "que, por deformidade orgânica, tem absoluta incapacidade moral"; por mim, chamá-los-ei apenas de "ignorantes" e "cretinos"!

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quarta-feira, novembro 08, 2006

Saddam e os outros...

Os Estados, mormente os democráticos, garantem a sua viabilidade mediante a criação de instrumentos jurídico-policiais reguladores e de coacção que, entre outros aspectos, legitimam a violência física. Este dispositivo disciplinar deve ser exercido exclusivamente pelo Estado.
Porém, accionar a pena de morte é o juízo sancionatório mais eticamente reprovável e degradante, indigno do respeito pelos direitos humanos e próprio de códigos normativos irracionais e incapazes de se elevarem do chão primário de rústico senso comum (baseado no olho por olho, dente por dente). Quanto mais não seja, a intrínseca falibilidade humana é motivo suficiente para não se presumir a mais que provada infalibilidade e falta de isenção judiciais e evitar que o Estado seja tão criminoso para com inocentes como um homicida.
Por conseguinte, a condenação à morte de Saddam Hussein é uma triste notícia para a parte racional e razoável do mundo ocidental, mesmo tratando-se de um facínora e demente homo sapiens, indigno de, em rigor, ser considerado ser humano. Se cometeu crimes contra a humanidade, por que foi julgado num tribunal fantoche e não no TPI? Não será o argumentário condenatório dirigido a Saddam, em muito idêntico ao argumentário censório da bélica e criminosa política externa unilateral de Bush e dos Estados Unidos?
Pena que, estando as mãos de Bush tão manchadas de sangue como as do iraquiano, a (des)ordem internacional - tão cruel, hipócrita e flagrantemente desigual e injusta - faça a distinção entre Saddam e os outros...

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terça-feira, novembro 07, 2006

Legendar o silêncio icónico (18)

A Península Ibérica tem dois países sem fronteira imaginária!
(Alguém viu alternativas às SCUT?)

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A política arte da fuga

Depois da suspensão do mandato de António Vitorino, a semana passada foi a vez de Jorge Coelho renunciar ao seu mandato, invocando querer iniciar uma nova fase para se dedicar à sua actividade profissional. Ora, não será politicamente indesculpável e eticamente injustificável não cumprir os compromissos assumidos com os eleitores, em tempo de campanha? Não são os mandatos de quatro anos? Acaso Coelho, e outros animais da política, terão justificação plausível para abdicar de imperativos éticos de democrática representatividade e cidadania, como é o caso do cumprimento integral do tempo de exercício da missão pública para que foram eleitos e com o poder de que foram investidos? [Mas, da mesma forma, não será também censurável a acumulação de cargos numa mesma pessoa, num monopólio preocupante de suspeita e caciquismo?] O que pensarão disto os desempregados deste país que, se recusarem uma fortuita oferta de emprego, nem direito a subsídio têm?
É, pelo menos, a segunda vez que o socialista beirão procede assim; a primeira foi numa trágica noite de Março de 2001, lavando as mãos perante a (ir)responsabilidade da queda da ponte em Entre-os-Rios - estranha forma de assumir responsabilidades! [Como era esperado, e não obstante a expectativa optimista do ex-ministro e testa de ferro do PS, a culpa acabou, invariavelmente, por morrer solteira, cinco anos depois!]
Porém, reconheço que, se até um primeiro-ministro enveredou pelas cobardes artes da fuga, não será de surpreender que um deputado debande igualmente. Pena que Pina Moura não tenha sido tão célere em tal decisão. Bem vistas as coisas, ocorre-me observar a Jorge Coelho o mesmo que a Vitorino, Durão e Moura: agora que os senhores não fazem falta nenhuma, é que se vão embora?

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segunda-feira, novembro 06, 2006

Estranha catequese

Contaram-me que, no Chile, por ter roubado quatro bilhas de gás de uma igreja, um jovem de 18 anos foi condenado a pintar essa igreja, a mantê-la limpa e a assistir à missa todos os dias durante um ano. Não sabia que a eucaristia católica poderia ser instrumento de punição, mas, considerando os absurdos rituais de duvidosa teologia que por lá se praticam, até nem é surpreendente equipará-la à cela de uma prisão ou a uma multa...
Pessoalmente, não desejaria ao meu pior inimigo tão penosa sentença... E eu que julgava que na América do Sul já nenhum Estado recorria à tortura!
Porque não se lembrou o adolescente salteador de subtrair umas 10 bilhas de gás de um prostíbulo?

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sexta-feira, novembro 03, 2006

Boletim referendário

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quinta-feira, novembro 02, 2006

Primum vivere deinde philosophare - 19

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