sexta-feira, fevereiro 29, 2008

O dia dos anos bissextos

Qual é coisa qual é ela que ocorre de 4 em 4 anos e em anos pares? A esta pergunta há mais de uma resposta válida: podem ser os Jogos Olímpicos, ou o Campeonato Mundial e Europeu de futebol, ou o dia 29 de Fevereiro, o mais raro que o calendário tem.
Ora, porque na sua órbita a Terra demora 365 dias e 6 horas a dar uma volta completa ao Sol, a cronológica convenção humana estabeleceu ser hoje o dia de contabilizar as 6 horas não cumpridas e assim acumuladas em cada um dos últimos 4 anos. Assim, o dia de hoje é o dia exclusivo dos anos bissextos, o que não obsta, porém, a que Fevereiro continue a ser o mês mais curto do ano.
Conheço uma pessoa, já reformada, que nasceu no dia 29 de Fevereiro de 1928: faz hoje 80 anos, mas, curiosamente e em rigor, festeja o seu aniversário apenas pela vigésima vez. Parabéns, sr. Afonso - você é o idoso mais jovem que eu conheço!

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quinta-feira, fevereiro 28, 2008

3 coisas que até uma gata percebe



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quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Dois estranhos pares

O estranho e singular casal gótico da foto acima foi impedido de entrar num autocarro, porque o condutor do mesmo ficou chocado com o que viu. Mas, se se trata de adultos que vivem de acordo com as suas escolhas, não andam desnudos, não ofendem os transeuntes e, sinceramente, não parece que haja qualquer violação de direitos humanos ou da dignidade da mulher, não deixa de ser menos insólito proibi-los de, pagando os respectivos bilhetes, entrarem num transporte público, invocando o pretexto de que a trela iria pôr em risco a segurança dos restantes passageiros no caso de travagem brusca! Certamente não é essa a razão fundamental que proibe a entrada de (outros) animais em transportes públicos...
Por outro lado, esta espécie de atitude canina está de acordo com a vontade da jovem, que se descreve como «animal de estimação humano», asseverando que: "Comporto-me como um animal e tenho uma vida bastante calma. Não cozinho nem faço limpezas e não vou a lado nenhum sem o Dani".
Os gostos discutem-se, mas a prática manifestação dos mesmos não tanto.
Por cá, também temos pares estranhos e singulares, como o da gravura abaixo, que retirei do blogue «Irmão Lúcia» - estes têm a vantagem de o motorista deles ser particular, mas a desvantagem de terem que se gramar um ao outro!


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terça-feira, fevereiro 26, 2008

Congelar a estupidez

Se a concentração, há cerca de uma semana, de um punhado de professores descontentes à porta da sede nacional do Partido de Sócrates, pode ser considerada como ilegítima perturbação de direito de reunião, já as concentrações que se têm multiplicado nos últimos dias decorrem do exercício de um direito cívico, mesmo que em consequência de convocatórias informais e características da era tecnológica em que vivemos (mail, sms, blogues). Face ao crime legislativo que os irresponsáveis do Ministério da Educação pretendem impor - seja na avaliação do desempenho docente, seja no estatuto do aluno, seja no modelo de gestão escolar -, os professores podem e devem recorrer ao direito à indignação e manifestar a sua repulsa por tantos atentados simultâneos à dignidade da sua profissão.
Depois dos protestos na área de Saúde, os protestos de professores a que temos assistido são a prova inequívoca do desespero em que o Governo está a lançar uma classe profissional de relevante importância nacional, como se a culpa do apodrecimento da qualidade de ensino fosse dos docentes e não dos carrascos que sentam comodamente o rabo nos gabinetes da 5 de Outubro ou do palácio de São Bento. De facto, Lurdes Rodrigues tem um conhecimento prático da vida escolar tão ajustado à realidade como ajustada é a capacidade que um analfabeto tem de interpretar um texto, mormente se de pedagogia se tratar...
Fazer depender a avaliação dos professores de itens como o abandono escolar e as classificações atribuídas aos alunos é apenas um singelo exemplo da má fé, ignorância e inqualificável chantagem, apenas possível em pessoas patologicamente obcecadas em resultado de um qualquer recalcamento recôndito e obscuro.
Este fenómeno de intervenção popular tem a virtude de se constituir como uma forma de luta social complementar e autónoma em relação aos sindicatos e organizações afins, logo, menos politizadas. E a urgente demissão da ministra da Educação e dos seus secretários de Estado faria neste momento mais pelo futuro de Portugal do que a redução de todos os défices. E, já agora, porque não obrigá-los a restituir todo o dinheiro que auferiram enquanto parasitaram no Ministério? Que bom seria se a força dos argumentos derrotasse os argumentos da força...
Justo seria se, em vez de se congelarem aumentos de salários e progressões na carreira, se congelasse a estupidez e a incompetência!

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segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Legendar o silêncio icónico (76)

Os funcionários do futuro ou o futuro dos funcionários?
(Brevemente, o homo sapiens demens!)

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A pobreza que esconde a pobreza

Estamos no grupo D, entre os piores oito países da União Europeia onde se registam níveis relativamente altos de pobreza nas crianças. No risco de exposição das crianças à pobreza somos mesmo o penúltimo país da União (só a catolicíssima Polónia nos supera). Este governo não é, seguramente, o responsável pela pobreza infantil em Portugal, pois é um fenómeno social omnipresente inclusivamente após 1974, consequência da acção e da omissão de todos os governos até hoje.
Agora, o que é inadmissível é a cínica desvergonha e o execrável despudor com que este governo a si próprio atribui o mérito na implementação de eficazes políticas sociais, mormente tratando-se de um executivo sustentado por um partido que se denomina «socialista» e que é, na realidade, insolentemente inócuo na sua acção de redistribuição mais socialmente justa da riqueza.
Por mais esta e dezenas de outras razões, o PS já não é socialista, mas o Partido de Sócrates; o PS já não é uma instituição nacional de prestígio, mas antes uma organização de um imaginário País de Sócrates!

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quinta-feira, fevereiro 21, 2008

O charuto está a chegar ao fim

Por conhecidas razões de saúde, Fidel Castro anunciou que vai abandonar a chefia do Estado cubano e das Forças Armadas, mas não manifestou explicitamente a intenção de abdicar do cargo de secretário-geral do PC e, logo, a sua sombra pairará ainda no exercício do poder. Costuma ser assim com os ditadores - casam com o poder até que a morte os separe!
Fidel é uma das figuras mais marcantes do século XX e, apesar de líder de um pequeno país, durante 49 anos fez passar também por si os desenvolvimentos da política mundial. Embora fosse um comunista por conveniência histórica e conjuntural, a queda do muro de Berlim e o colapso do regime soviético deixaram-no órfão, política e geoestrategicamente. Mas a essa contrariedade conseguiu resistir, como resistiu a uma invasão, a reiteradas tentativas para o derrubar e assassinar, bem como a bloqueios e infames embargos económicos desde há décadas e que teimam em persistir - tudo com a assinatura e patrocínio do vizinho americano.
Claro que nem tudo foram espinhos nesta histórica caminhada de poder, iniciado em Janeiro de 1959, e a fortuna não abandonou este audaz: por exemplo, a preciosa mão da China e da Venezuela de Chavez têm sido a preciosa retaguarda de Cuba em termos de auxílio económico e logístico prestado. Além disso, os sarilhos execráveis em que os EUA se têm metido em horizontes longíquos, constituem uma forte distracção do próximo problema cubano e têm permitido ao regime de Fidel ganhar tempo e granjear simpatias (quem não se lembra da visita papal em 1998? e da admiração que inspirava nas Cimeiras Ibero-Americanas?).
Convenhamos que o homem mudou a face do país. A Cuba pré-castrista, a de Fulgêncio Batista, era o bordel e o casino dos EUA: um país pobre, atrasado e totalmente dependente, uma perfeita república das bananas corrupta e controlada pelas máfias norte-americanas da época. Com Fidel, Cuba tornou-se um lugar turístico de eleição e apresenta hoje um índice de desenvolvimento humano que coloca a ilha caribenha em 51º lugar a nível mundial, à frente do México, do Brasil, da Venezuela, da Colômbia, do Peru e muitos outros países do mesmo continente; os cubanos têm uma esperança média de vida superior à dos portugueses e até à dos compatriotas de Bush; e a taxa de literacia de Cuba é invejavelmente elevada. Presumo que estes dados do Relatório do Desenvolvimento Humano são da ONU e não de uma organização castrista...
Claro que há cubanos descontentes, sobretudo os votados ao exílio, grande parte dos quais estão na Flórida - e têm razão. Fidel não é um democrata, é um ditador, pouco preocupado com direitos sociais e liberdades cívicas fundamentais, como a de expressão, de opinião e de associação. E é por isto que as virtudes deste revolucionário esmorecem perante os defeitos que demonstra. Há muito que se impunha a abertura política em Cuba e o apego à autoridade por parte de Fidel já exalava o odor da senilidade e tresandava a anacronismo. Valeu a maleita que o diminuiu e o obrigou a ser razoável.
Em Portugal, o nosso ditador de serviço e beato de Santa Comba, também teve de dar um trambulhão para cessar de governar. Pena foi que, ao contrário do ditador cubano, deixasse como herança o aumento do fosso - que já era intransponível - que separava Portugal dos congéneres europeus: um país faminto, socialmente inculto e iletrado, clericalmente submisso e enganado e um rasto de morte causado por uma guerra colonial evitável e de má memória... Portugal continua hoje a pagar o preço desse meio século de obscurantismo.
Sorte a de Cuba não ter de superar uma ditadura tão cruel e finalmente ver concretizar a possibilidade de mudança de regime político. A verdade é que os charutos demoram a fumar, mas este está a chegar ao fim!

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terça-feira, fevereiro 19, 2008

Mais uma «independança»

A recente declaração unilateral da independência do Kosovo é uma perigosa aventura geopolítica e sócio-cultural, cujos contornos complexos tornam imprevisível as consequências que dela poderão resultar. Contudo, creio tratar-se de mais um erro a acrescentar aos muitos que vão aprofundando a desordem mundial sob a batuta norte-americana. É curioso verificar como os EUA devem à sua conveniente dimensão territorial grande parte do seu poderio além-fronteiras, tendo travado uma violentíssima guerra civil para impedir que o Sul se tornasse independente do Norte, e, apesar disso, vêm agora representar o papel de paladinos dos pequenos povos oprimidos. Claro que os seus títeres ingleses, quais cães amestrados, alinham pelo mesmo diapasão do dono, como se não fossem eles próprios colonos ocupantes das longíquas Malvinas ou das adjacentes Escócia e Irlanda do Norte. Esta dualidade de critérios certifica o oficioso terrorismo de Estado legitimado pela cobardia internacional.
Assim, o cinismo imperialista dos EUA e dos seus cúmplices aliados próximos é já um truísmo mundial, tantos são os ostensivos atropelos ao Direito Internacional. Pior do que isso, e que esta «independança» ilustra, é a instrumentalização americana dos povos para seu benefício: Bush detesta os albaneses (desde logo são muçulmanos e um potencial ninho de fundamentalistas, tal é a pobreza que grassa por aquelas bandas), mas com a independência do Kosovo volta-se a dividir os países da UE e, com isso, agudiza-se o sentimento de inviabilidade de um autêntico projecto europeu, desestabilizando-o - e, suprema ironia, caberá à UE suportar os custos de uma independência de um território sem viabilidade económica. Por outro lado, amputa-se uma fatia de território à Sérvia, que é de cultura religiosa ortodoxa e uma tradicional aliada da Rússia, desse modo contendo-se a influência e ambição russas no leste europeu.
Aos EUA não interessa rigorosamente nada saber que o Kosovo é o berço da nação sérvia e é sérvia desde há muitos séculos, antes de os albaneses para lá começarem a ir e o povoarem e nele se reproduzirem exponencialmente com o próprio beneplácito sérvio. Num ápice, esquece-se ignobilmente a limpeza étnica posterior à entrada das forças da NATO, que motivou o abandono da região por parte de dezenas de milhar de não albaneses.
Por que razão os EUA não acalentam pública e oficialmente a vontade independentista dos bascos, dos corsos, dos tchetchenos ou dos norte-irlandeses, para não referir outros exemplos no mundo? Nesta caixa de Pandora aberta por mãos tão sujas de sangue, só faltava termos agora os açorianos a pedir a independência. Mas, neste caso, Washington estaria do lado de Lisboa - é que, nos Açores, os norte-americanos já lá estão!

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segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Primum vivere deinde philosophare - 77

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sábado, fevereiro 16, 2008

Parra americana

Neste concurso festivaleiro em que invariavelmente se convertem as primárias norte-americanas, se eu fosse eleitor em terras do tio Sam, o meu voto ia para John Edwards, o candidato democrata que ousou apresentar uma pertinente agenda progressista e que, talvez por isso, não logrou continuar na corrida presidencial. Por isso, não se esperem mudanças substanciais na política federal e externa dos EUA até 2013.
Com efeito, quer Obama quer Clinton protagonizam uma retórica que seduz e apela às minorias étnicas, às feministas, aos ambientalistas, aos desapossados e aos envergonhados pela imagem medíocre que o bushismo deu do país. Porém, nem um nem outro defendem, por exemplo, a implementação de um sistema de saúde público (que, pelo contrário, continua a ser baseado em seguros privados), embora seja expectável que, uma vez eleitos, o possam tornar um pouco mais abrangente; nem um nem outro vêem a crise actual do subprime como uma consequência directa da desregulação financeira, transparecendo ambos excessivas reservas na adopção de uma estratégia económica de superação da crise e de aperfeiçoamento de um sistema fiscal injusto e socialmente penalizador; ninguém os ouviu pronunciarem-se objectivamente acerca da energia nuclear como solução ou não dos problemas energéticos, ou acerca de prazos definidos para a retirada das tropas estadunidenses do Iraque...
Sabendo nós da importância que representam os milionários financiamentos privados das campanhas presidenciais, a ideologia não deixará de estar subordinada aos interesses capitalistas das multinacionais patrocinadoras e é isso que os discursos ambíguos e redondos - até dos democratas - têm inequivocamente subjacente. Como diz a sabedoria da plebe, é «muita parra e pouca uva».
Claro que o pior destes candidatos democratas será sempre melhor que qualquer um dos neocons republicanos, chame-se McCain ou não. Pelo menos, Obama e Clinton poderão contribuir activamente para tornar os EUA um país menos racista, menos machista e eventualmente menos homófobo e chauvinista. Contudo, o que o mundo precisa não é de um novo sucessor de Lincoln, mas de um novo polícia do mundo!

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sexta-feira, fevereiro 15, 2008

3 coisas que até uma gata percebe




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quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Para acabar de vez com a escola

Se a conjugação da incompetência com a desonestidade, a ignorância e a má fé, matassem, então o trio de ocupantes do Ministério da Educação - para não dizer o governo inteiro - há mais de dois anos que fariam parte de um qualquer «clube dos imbecis mortos». As más notícias sobre o aniquilamento do sistema de ensino público sucedem-se a um estonteante ritmo, havendo já sólidas razões que indiciam ter a Educação em Portugal entrado num irreversível coma induzido pelos carrascos que vegetam na 5 de Outubro.
Desta vez quer este (espécime de) governo transferir para as autarquias a gestão da contratação e colocação de professores; ou seja, se esta gestão ainda vinha sendo um reduto administrativo a salvo da nódoa da corrupção, pretende-se que passe a estar à mercê do caciquismo autárquico, que, como é público e notório, constitui um dos maiores câncros institucionais que grassam nesta (aparente) democracia em que vivemos. Como não compaginar esta pretensão político-administrativa com os níveis de corrupção que, no nosso país, caracterizam e ensombram a credibilidade do exercício municipal do poder?
Ninguém vê que, actualmente, a definição das actividades de complemento curricular e a forma como os respectivos docentes são recrutados - pagos a recibo verde e com salários variáveis - dependem de quem os contrata e não da qualidade profissional do contratado? Há mesmo «professores» que, sendo funcionários públicos municipais, nem habilitação académica têm para o exercício da docência... Mas isso não espanta, pois reflecte a imagem do governo de um engenheiro sem engenho!
Bem podem os professores que são livres e independentes começarem a pensar em juntar-se aos que têm filiação partidária no PS e no PSD (veja-se a vergonhosa nova lei autárquica), para beneficiarem do tácito compadrio e da generosa cunha que doravante se prefigura, se esta proposta ministerial vier a obscurecer a ameaçada luz do dia.
Cada vez mais é urgente termos cidadãos activos e vigilantes; cada vez mais parece necessário fazer um 26 de Abril!

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À espera do dia do juízo final

Clique na imagem e veja se, nesta espécie de limbo, é capaz de identificar todas as celebridades retratadas.

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terça-feira, fevereiro 12, 2008

A oculta gordura dos elegantes

Em recente entrevista à SIC-N, José Miguel Júdice referiu-se ad hominem a Marinho Pinto, vituperando-o com infelizes adjectivos, como "gordo" e "forte". Com efeito, se é certo que os homens não se medem aos palmos, muito menos se avaliam ao quilo e - embora nesse particular seja de saudar a elegância do ex-bastonário - não teve ele, durante o tempo em que presidiu à Ordem dos Advogados, a coragem de incisivamente pôr o dedo na imensa ferida de ilegalidades que fazem de Portugal um país da cunha, da corrupção generalizada, de caciques, paraíso de compadrios e terreno fértil de nepotismos.
Marinho Pinto tem tido a cívica intrepidez e o corajoso arrojo de denunciar as paralisias jurídica e judicial que prevalecem impunemente, juntando-se assim ao coro das poucas vozes avalizadas que o fazem, sem os paninhos quentes ou a retórica do comprometimento político e/ou do benefício pessoal.
Ainda num artigo publicado hoje, Mário Soares reflecte sobre as intervenções públicas a este propósito e reconhece igualmente a existência de "benesses e concessões" concedidas pelo Estado, a troco de posteriores recompensas em "chorudos lugares", e de que há empreendimentos que "se sobrepõem às regras públicas de ordenamento do território, a pretexto do PIN". Com esta contraditória atitude de dar uma no cravo e outra na ferradura, Mário Soares e Manuel Alegre fazem hoje no PS (Partido do Sócrates) a figura triste que Eusébio faria se quisesse regressar à prática activa do futebol...
E mesmo agora que, inequivocamente, são mais as nozes do que as vozes, é sintomático que as injustiças persistam e continuemos a viver na paz podre habitual, resignados que estamos à fatalidade de uma vida social indissociável do roubo, da mentira, da dissimulação, da cumplicidade. Deixar de ser assim é quase deixar de ser português!
Por trás de tanta «elegância» há muita «gordura» disfarçada...

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segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Primum vivere deinde philosophare - 76

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domingo, fevereiro 10, 2008

Legendar o silêncio icónico (75)

Estará algum espectador nu na bancada?
(De tão bela, fala de barriga cheia!)

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sábado, fevereiro 09, 2008

Apito enferrujado

Os factos remontam ao dia 25 de Janeiro de 2005, quando o ex-autarca de Gondomar, Ricardo Bexiga, no momento em que se dirigia para o parque de estacionamento da Alfândega, no Porto, foi surpreendido por dois homens encapuzados que o agrediram com uma moca de madeira. Chegou a proteger-se com um braço das pauladas que levou, não evitando, no entanto, um golpe na cabeça que lhe custou uma sutura com 17 pontos.
Chegados a Fevereiro de 2008, para além de alguém que foi agredido (Ricardo Bexiga) - supostamente como represália por denunciar casos de promiscuidade entre política e futebol -, há também alguém que confessou ser a mandante da agressão e, logo, a autora moral do crime (Carolina Salgado). Ora, o que faz a justiça portuguesa é arquivar o processo por falta de provas que fundamentem a acusação, deixando a confessa autora moral do crime por condenar - ser a testemunha fulcral de acusação a Pinto da Costa não pode, num Estado de Direito, servir de atenuante tão determinante.
E, presumindo que o testemunho de Carolina Salgado, autora moral de um crime, não é, afinal, suficientemente credível para que o Ministério Público leve este processo a julgamento, que credibilidade tem ela nas restantes acusações que mancham a honra e a idoneidade de outras pessoas?
Desconfio que, se calhar, só se faria justiça se Bexiga fosse sovado em hora de expediente e à porta do tribunal. Ou talvez o problema tenha sido, excluída a hipótese de automutilação, o agredido ter sobrevivido, tornando-se um encargo para o Serviço Nacional de Saúde e para a o sistema de Justiça...
Os apitos podem entrar «dourados» nos tribunais portugueses, que, invariavelmente, se tornam apitos... enferrujados!

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sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Anéis públicos para dedos privados

O governo do sagaz «engenheiro» Sócrates prossegue na sua imperturbável directriz política de desmantelamento do Estado e esvaziamento da pública provisão de bens e serviços essenciais. E não é só na educação, na saúde, na segurança, nas pensões ou na justiça que tal ímpeto devastador do proveito público se faz sentir, abrangendo múltiplas latitudes decisórias - o Estado está a ser desacreditado e arruinado por dentro, perante a conformada apatia e a cómoda complacência do conjunto da sociedade. A letargia e a resignação são tão miseravelmente evidentes, que parecem os portugueses suspirar pelo regresso do 24 de Abril.
Desta vez, e como enésimo exemplo de desgovernação nacional, o «governo» optou por nova sangria ambiental deliberando retirar 744 hectares à Rede Ecológica Nacional nos concelhos de Grândola e de Alcácer do Sal. E para quê? Para que o Grupo Espírito Santo possa concretizar mais um dos seus projectos imobiliários. Com esta decisão, Sócrates permite que se gerem milhões de euros em mais-valias que serão inteiramente embolsadas pelo GES.
Como já é insolente costume, o pretexto do «interesse público» (investimento e criação de empregos numa zona carenciada) invariavelmente invocado é o cavalo de Tróia do assalto privado em conluio com os títeres que governam. Vale-lhes quer a impunidade que neste país assiste aos poderosos e endinheirados, quer a Justiça concebida para não funcionar. E vale-lhes também que, depois deste e anteriores Sócrates, outros Sócrates virão... Enquanto houver anéis, ninguém se preocupará com os dedos!

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Novidades, só no Continente!

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Humores # 20

1. Sherlock Holmes e Dr. Watson vão acampar. Montam a tenda e, depois de uma boa refeição e uma garrafa de vinho, deitam-se para dormir. Algumas horas depois, Holmes acorda e diz para o seu fiel amigo:
- Meu caro Watson, olhe para cima e diga-me o que vê...
Watson responde: Vejo milhares e milhares de estrelas...
Holmes, então, pergunta: E o que significa isso?
Watson pondera, por um minuto, depois enumera: 1. Astronomicamente, significa que há milhares e milhares de galáxias e, potencialmente, biliões de planetas; 2. Astrologicamente, observo que Saturno está em Leão e teremos um dia de sorte; 3. Temporalmente, deduzo que são, aproximadamente, 03h15min, pela altura em que se encontra a Estrela Polar; 4. Teologicamente, posso ver que Deus é todo-poderoso e somos pequenos e insignificantes; 5. Meteorologicamente, suspeito que teremos um lindo dia. Correcto?
Holmes fica um minuto em silêncio e diz: Watson, seu idiota! Significa que alguém nos roubou a tenda!!!
2. Uma solteirona descobre que uma amiga ficou grávida só com uma oração que rezou na igreja de uma aldeia próxima. Dias depois, a solteirona foi a essa igreja e disse ao padre:
- Bom dia, senhor padre.
- Bom dia, minha filha. Em que posso ajudá-la?
- Sabe, senhor padre, soube que uma amiga minha veio aqui e ficou grávida só com uma Avé-Maria...
- Não, minha filha, ela ficou grávida foi com um «padre nosso», mas já o transferimos.
3. O padre Dinis era novo na freguesia, tendo substituído o velho padre Eustáquio. Dinis estava uma bela tarde no confessionário, quando surge um jovem para a confissão:
- Sr. Padre vinha confessar-me...
- Diz lá rapaz, que pecado cometeste?
- Ai senhor padre, ontem à noite estive a sós com a minha namorada e... tive relações sexuais com ela.
- Mas ter relações sexuais não é pecado!
- Mas, senhor padre, é que meti o pénis no ânus da minha namorada - queria que me desse a penitência...
O padre Dinis fica atrapalhado, mas grita para a sacristia:
- Oh sacristão, o que é que o padre Eustáquio dava pela prática de sexo anal?
- Dava-me um chocolate Tobblerone, reverendíssimo.

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quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Primum vivere deinde philosophare - 75

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Pouco católicos

Sentenciam recentes dados estatísticos que, em Bragança, são já mais os casamentos civis do que os casamentos católicos, o que indicia uma saudável mudança de hábitos e de mentalidade que apraz registar, mormente tratando-se de um distrito interior e rural. E se uma das razões que concorre para este comportamento «pouco católico» é, certamente, o elevado custo da festiva boda que complementa ritualmente a cerimónia eucarística, outra há não menos relevante e de directa proporcionalidade, a saber: há menos casamentos religiosos porque a religião desperta também cada vez menos interesse e não permite o divórcio.
Até há algumas décadas, os plebeus casavam pela igreja em quantidades industriais (as excepções eram residuais) e movidos por um genuíno sentimento religioso. O grosso da clientela papista era pobre e, por isso, a boda tinha contornos de indigência e ficava a cargo de familiares e amigos - que se disponibilizavam para cozinhar, servir e pôr a mesa -, o fato era o domingueiro e, em muitos casos, no fim do próprio dia do enlace ainda sobrava tempo para continuar a amanhar os campos e alimentar o gado. Era até frequente casar à semana.
Subjacente ao casamento religioso estava, portanto, a importância da benção e o peso censório da atávica tradição, e casava-se sem gastar um tostão. Hoje, a benção não é o fim, mas o instrumental pretexto para a farra da boda. Por conseguinte, e em vez de teimar em vituperar as profanas uniões conjugais, a vaticana gente vai ter de se mexer se quiser defender a sacramental instituição do matrimónio.
Ou muito me engano, ou, não tarda, o Papa irá abolir o celibato para salvar e fomentar o santo casamento; e, para dar o exemplo, o próprio bispo de Roma se voluntariará para arranjar catraia e juntar aliança ao cardinalício anel. Como se vê, a igreja italiana só tem a ganhar se continuar a andar a reboque da sociedade, em Bragança como na Terra!

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quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Vampiros

As confederações patronais da indústria e do comércio (CIP e CCP) fazem lóbi para que a nova lei do trabalho permita às empresas despedir trabalhadores também sob o pretexto de renovação dos seus quadros de pessoal.
Esta investida contra direitos elementares dos trabalhadores começou na função pública e chegou a instigar a divisão na classe de assalariados, pondo os do sector privado contra os do sector público e forjando-se injustamente a culpabilidade dos funcionários públicos na inércia e ineficácia da máquina do Estado (embora reconheça que há pontuais mudanças que se justificam e se revelam necessárias). Agora chegou a vez deste tsunami neoliberal assolar o sector privado, querendo sujeitar-se a sua mão-de-obra ao caprichoso arbítrio do inculto tecido empresarial, tantas vezes fraudulento e parasitário dos favores do Estado.
Acusar o trabalhador de baixa produtividade é, comprovadamente, publicidade enganosa, quando se sabe que a maioria das nossas empresas não são competitivas devido à impreparação técnica e deontológica de parte significativa do patronato nacional, à inépcia de muitos «gestores» e «administradores» (alguns remunerados principescamente sem razão válida) incapazes de se reciclarem face às mudanças impostas pela globalização. Por outro lado, mesmo sendo públicas e notórias as gritantes assimetrias sociais que há em Portugal, persistem os vanzelleres deste país na sua cruzada pela flexigurança e pelo alargamento da facilidade nos despedimentos, pela diminuição das indemnizações a atribuir aos trabalhadores, teimam no horário de trabalho superior a 40 horas semanais e contestam o pagamento de horas extraordinárias (cada vez mais inevitáveis para manter o lugar)...
Neste desejo de renovação de quadros o que malevolamente se oculta é o facto de os mais novos serem menos exigentes na defesa dos seus direitos. E será assim que se recompensam os mais velhos? Vão trabalhar para onde? Que ética laboral e empresarial preconizam os vanzelleres deste país em quarentena socrática?
Para quem ainda duvide, os vampiros do saudoso Zeca existem mesmo e têm rosto: "Eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada!"

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terça-feira, fevereiro 05, 2008

Serviço cívico


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sexta-feira, fevereiro 01, 2008

O discípulo de frei Tomás

A vida de José Sócrates dava um filme cujo título bem podia colher inspiração no pregão de frei Tomás: «faz o que ele diz e não o que ele faz». Depois do atribulado e obscuro processo de obtenção da (presumível) licenciatura em Engenharia Civil na extinta UI (que também é interjeição de dor!), o Público desvenda hoje que o «engenheiro» assinou projectos na Guarda, na década de 80, cuja autoria parece, afinal, não ser dele. Como se sabe, as «assinaturas de favor» em projectos de engenharia e de arquitectura constituem um comportamento fraudulento unanimemente censurado pelas respectivas ordens profissionais.
A julgar pelos edifícios em questão, a qualidade do «eng. projectista» Pinto de Sousa será proporcional à sua qualidade de primeiro-ministro e, acima de tudo, pode revelar que Sócrates é um banal tuga, exímio em clandestinos expedientes e hábil na arte de fintar a lei. A ser verdade o que o Público trouxe a lume, é legítimo especular que, se calhar, o inquilino de São Bento nem sequer conhece a localização dos «projectos» que ilegalmente terá assinado...
Se Sócrates apregoa até à náusea as virtudes dos austeros sacrifícios que impõe aos portugueses, exigindo o escrupuloso cumprimento dos nossos deveres como cidadãos, não deveria ser um imperativo ético o exemplo vir de cima? A ser verdade o que o Público noticia, que moral tem Sócrates para continuar a legislar? Será irrelevante o carácter e a conduta pública de um primeiro-ministro? Será normal a admissibilidade conformista do caciquismo e do nepotismo como práticas instituídas?
O bastonário dos advogados não fala em vão e tem a coragem de dizer o que outros, cobarde e convenientemente, ocultam. O descrédito político-judicial deste país faz pensar que Sócrates saberá contornar mais este obstáculo informativo. Portugal tem a aparência e a qualidade dos «projectos socráticos» - é medonho!

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