sexta-feira, junho 30, 2006

Quando o ambiente estorva a poluição capitalista

Li com apreensão a seguinte notícia inclusa na edição de ontem do pasquim do Sr. Fernandes:
"Portugal tinha de apresentar à Comissão Europeia, até amanhã, o Plano Nacional de Alocação de Licenças de Emissão (PNALE), que distribui os direitos de poluição com dióxido de carbono pelas indústrias. O Governo não vai cumprir o prazo, dada a dificuldade de entendimento entre o Ambiente e a Economia sobre o total de licenças a atribuir. A versão do PNALE colocada no princípio do mês em discussão pública é tida pelo Ministério da Economia como um documento do Ministério do Ambiente e que é preciso emendar. A indústria está insatisfeita e reclama mais direitos de emissões. O que está a ser negociado é a introdução de mais medidas no Programa Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC), que reduzam o impacto das emissões de outros sectores, eventualmente nos transportes. Isto permitiria à indústria poluir mais e também acomodar novos investimentos com grandes emissões de carbono, como a expansão da refinaria da GALP em Sines e novas centrais eléctricas a gás natural. (...) A associação patronal [CIP] não aceita o novo PNALE, está contra os obstáculos ambientais à construção de novas barragens e à instalação de projectos turísticos na costa alentejana, no Alqueva, no Douro, e ataca ainda a nova Lei da Água. «A economia está completamente asfixiada», diz Francisco Van Zeller, presidente da CIP."
Por este andar, asfixiados vamos andar todos nós com o modo criminoso como se adoptam modelos de desenvolvimento económico incompatíveis com questões ambientais, sabendo como sabemos que Portugal é já um dos maiores poluidores no mundo. Afinal, como bons aliados dos Estados Unidos que temos sido, há que mandar às malvas o Protocolo de Quioto. E como irá ser quando os recursos do planeta estiverem irreversivelmente esgotados?
Esta questão preocupante desemboca na decana civilizacional apologia de uma irrefutável confiança no capitalismo globalizado, o qual é um perigo para a democracia - e, em geral, para as sociedades abertas e os Estados de direito -, comparável mesmo com ideologias totalitárias dominantes num passado recente e remoto. Aliás, esta asserção é defendida em «A Crise do Capitalismo Global - A sociedade aberta ameaçada», de George Soros, um insuspeito especulador bolsista, advogado do sistema capitalista.
Localizando a problemática, acontece que, em Portugal, os grandes empresários não se contentam com as indulgências e benefícios de que são destinatários da mercê subserviente do poder político - favorecimento do poder económico esse que se constitui como um proteccionismo paradoxalmente oposto à economia de mercado pura e dura, que dizem defender - e, pela voz mais mediatizada de Belmiro de Azevedo, recorrentemente e até à náusea se ouvem declarações insolentes e depreciativas da legitimidade política na regulação da res pública e que, por extensão, ferem a dignidade da soberania popular e da própria democracia. A arrogância do Tio Patinhas marcoense chega ao ponto de propor uma nova Constituição que entronize de vez a ditadura do poder económico e que emagreça e subalternize o poder político (aventa a ideia de um primeiro-ministro, dez ministros e cem deputados, e talvez ainda quisesse acrescentar que tal estrutura fosse composta por quadros da Sonae escolhidos por si e o Estado deixasse de gastar dinheiro em eleições!) - estamos perante mais um avanço na configuração ideológica do sistema democrático...
Com isso, Belmiro e seus pares matariam vários coelhos de uma só cajadada, permitindo-lhes acumular ainda mais capital (veja-se o sector bancário) num quadro de baixos salários e consequente elevada taxa de poupança, imunes que estariam ao escrutínio eleitoral que lhes tiraria qualquer preocupação e sensibilidade para promover valores sociais e políticos (veja-se o caso da Opel da Azambuja).
O caminho mostra-se sinuoso na concretização efectiva de um desenvolvimento sustentado que conjugue harmoniosamente a protecção ambiental com a adequada criação, produção e justa distribuição de riqueza, e dúvidas não tenho de que será por obra do capitalismo globalizado que a teoria económica marxista ressuscitará do adormecimento provocado pelas ilusões construídas à volta da queda do muro berlinense. Como dizem os ancestrais aforismos, "quem com ferros mata, com ferros morre" e "o feitiço volta-se sempre contra o feiticeiro"! Saibamos interpretar o mito de Sísifo...

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quinta-feira, junho 29, 2006

Ruas, o arruaceiro da «intifada» viseense

O exercício de cargos públicos, políticos e administrativos exige dos respectivos titulares um elevado sentido de cidadania e de responsabilidade, entre outros atributos importantes, e para isso são pagos e, a meu ver, bem pagos. Porém, vamo-nos habituando a ver na classe política não um grupo de pessoas, mas um bando de irresponsáveis, ainda por cima beneficiários de um sentimento de impunidade face aos atropelos, ilícitos, negligências e mesmo crimes que comprovadamente cometem. Há mesmo políticos que passam por morais doutrinadores e que, na verdade, são uns fora-da-lei acima da lei. É uma das vicissitudes da democracia em povos, como o português, onde a corrupção e a cunha são o sangue e o oxigénio que dão vida à interacção social quotidiana.
Alguma vez algum primeiro-ministro, ou ministro das Finanças ou da Economia dos sucessivos governos foi responsabilizado pelo estado lastimoso das contas públicas e o correlato aumento das assimetrias sócio-económicas que envergonham Portugal no contexto mundial? Algum ministro da Saúde, da Justiça ou da Educação, actual e anterior, foi punido pela degradação e estagnação que a sua gestão provocou nesses sectores vitais de um Estado soberano? Alguma vez Avelino Ferreira Torres, Fátima Felgueiras, Isaltino Morais, e tantos outros, verão o Sol aos quadradinhos entre as paredes de uma cela? Qual, e para quando, o veredicto dos casos Casa Pia e «Apito Dourado»? Os exemplos podem multiplicar-se e mostram como neste miserável país do "faz de conta" o rei vai nu e a democracia é escalvada e estéril. Tudo, fruto das políticas que há décadas são adoptadas, de Soares a Sócrates, de Eanes a Cavaco, e que são ditas e tidas como do centro ou da esquerda e direita moderadas...
Ora, recente episódio veio do presidente da Câmara Municipal de Viseu e da Associação Nacional de Municípios, Fernando Ruas, que, numa alocução proferida na segunda-feira durante a reunião da Assembleia Municipal de Viseu e transmitida por uma rádio local, incitou autarcas e munícipes das freguesias a agruparem-se para "correrem à pedrada" os inspectores do Ministério do Ambiente que têm aplicado multas aos presidentes de Junta. Ou seja, em Viseu vale tudo, mesmo o grave incumprimento das regras ambientais que, ao contrário do que Ruas pensa, são factor imprescindível do desenvolvimento que diz defender! Asseverando estar a "medir muito bem aquilo que disse", o inenarrável edil viseense recusou-se a pedir desculpas aos governantes da pasta do Ambiente, e agora vem a público defender que é uma mera expressão em sentido figurado - Fernando Ruas é que dá mostras de ser um autarca e político em sentido figurado! É preciso ter muito mau gosto para produzir injunções tão insidiosamente provocadoras e que incitam à violência, as quais só têm paralelo com o comportamento dos dignitários líderes da máfia, que tudo resolvem por desrespeito e desprezo para com a lei e como manifestação ostensiva de um poder discricionário.
Ruas teve uma atitude de arruaceiro e parece que, afinal, o ditadorzinho das ilhas Desertas, da Madeira e Porto Santo já começa a fazer escola e a ter discípulos também no continente, não sendo mera coincidência serem do mesmo partido e o embrião continental ter sede no "cavaquistão". Muitos anos de poder transtornam e turvam a lucidez de procedimentos, o sentido dos limites, o recato legal e a humildade na relação com os outros. Ruas é um dinossáurio autárquico, nível de exercício político tão corrompido e contaminado de caciquismo e cumplicidade clientelar, e este seu exemplo só vem confirmar, uma vez mais, que a limitação de mandatos de cargos públicos e políticos é uma urgência nacional.
Termino deixando a Fernando Ruas uma sugestão: que tal ir com os presidentes de Junta do seu concelho visitar a Palestina para um curso intensivo de "correr à pedrada" as persona non grata do burgo, inclusivé os inspectores que zelam pelas leis?! Ficaria certamente conhecido como o grande mentor da... «intifada» viseense!

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quarta-feira, junho 28, 2006

Primum vivere deinde philosophare - 9

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terça-feira, junho 27, 2006

Breves notas e diatribes (1)

1. A cidade de Santa Comba Dão tem, por estes dias, sido referida na comunicação social a propósito de, numa das freguesias do concelho, habitar um serial killer responsável moral e material pelo homicídio de três jovens santacombadenses que estavam já desaparecidas há meses. Ora, e apesar do sacro nome - ou talvez por isso? - aquela cidade beirã continua a ser célebre por más razões e infelizes coincidências, estigmatizada que é pelos seus próprios habitantes e conterrâneos, correndo o risco, não tarda, de ficar conhecida como a terra dos assassinos em série ou «Santa Morte Dão»: já não bastava o beato celibatário António Salazar, e agora aparece outro doente mental, por sinal também António, para cimentar a má fama da urbe a que nem Santa Comba vale. Se eu fosse de lá, pois António me chamo, começava a ficar preocupado... O melhor é mudar hagionomasticamente para ver se resulta, por exemplo, Santo Adolfo Dão - António é que não! Mas santos da casa...
2. Mais a norte, em Vila Pouca de Aguiar, um foguete provocou 11 feridos durante um festival de pirotecnia organizado pela Câmara Municipal e incluído no programa da Feira do granito e do dia do município. Estes eventos tão tipicamente nacionais constituem estranhamente motivo de atracção para numerosas assistências que vivem o fascínio de estar de cabeça virada para o céu, diurno e nocturno, a ver irromper os clarões de fogo complementados pelos estouros tonitruantes, que o ar puro e o silêncio parecem fazer mal à saúde do poviléu...
Quem brinca com o fogo ainda bem que se pode queimar e não me causa pena, lástima ou comiseração que a energúmena e insensível gente que polui o ambiente carbonize e estropie o corpo por razões tão fúteis, gratuitas e desnecessárias, alimentando a estupidez de rituais irracionais, que inclusivamente incutem nas tenras mentes dos filhos, por entre fiapos de algodão doce, o mau gosto pelo voyeurismo pirómano. Há tradições que, embora entorpecidas pela estagnação civilizacional e cívica, persistem em continuar e cuja utilidade como elemento de cultura só pode ser defendida por mentalidades graníticas. Mas, afinal, o que em Vila Pouca de Aguiar se festejava era a Feira... do granito!

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segunda-feira, junho 26, 2006

Portugal 1 - Holanda 0

E esta laranja era amarga e foi descascada com uma faca pouco afiada mas que provocou muitos cortes nos dedos...
Os primeiros minutos de jogo decorreram em toada morna e de estudo mútuo, com grande equilíbrio a meio-campo e linhas defensivas compactas sem concederem espaços. Cristiano Ronaldo ressentiu-se de um toque na perna direita logo nos minutos iniciais, o que motivou um desempenho visivelmente abaixo do esperado, não admirando que fosse substituído por Simão ainda na primeira parte. A Holanda mostrou contudo mais determinação ofensiva, até que, aos 23 minutos e em contra-golpe, Maniche marca o único golo da partida dando a melhor sequência a um lance notável pelo lado esquerdo.
O jogo retomou o equilíbrio a meio-campo, com jogadas alternadas de ataque, mas sempre com a equipa holandesa a ter ligeiro ascendente no domínio ofensivo, mais justificado agora em função da desvantagem no marcador. A forte marcação de que foi alvo anulou Pauleta nos lances longos e nos passes curtos, à excepção do remate que fez aos 45 minutos junto da área de baliza e em que Van der Sar evitou o segundo golo português. O intervalo veio, não sem antes Costinha ver o segundo cartão amarelo e a consequente expulsão - desviar ostensivamente o trajecto da bola com a mão após já ter sido admoestado com o primeiro amarelo é de uma irresponsabilidade inadmissível em alta competição.
A segunda parte começou com Portugal a jogar com dez contra onze e com Petit no lugar do apagado Pauleta, denunciando Scolari preocupações sobretudo defensivas que denotavam igualmente a apreensão que jogar em inferioridade numérica sempre suscita. O domínio de posse de bola persistia laranja e a barra salvou do empate a selecção das quinas aos 49 minutos e a remate de Cocu; na resposta imediata, Miguel obrigou Van der Sar a outra boa defesa. Aos 51, Van Bommel chuta com força e Ricardo afasta para canto com alguma margem de risco.

Adivinhava-se o sufoco holandês, que os sete minutos iniciais da etapa complementar prenunciavam e que iam dando alento e confiança à equipa do país das túlipas. Faltava à selecção lusa frescura física e elasticidade para dar profundidade ao seu jogo e sacudir a pressão holandesa com consistência e objectividade atacantes. Por outro lado, Figo e seus pares iam sendo amarelados pelo árbitro, um após outro, o que limitava a estratégia da equipa. Valeu que Boulahrouz foi expulso por acumulação de cartões, mas mal, a meu ver, numa fase em que o árbitro russo, Valentin Ivanov, perdia algum discernimento no julgamento dos lances, o que o levou a puxar do cartão sistematicamente. Porém, aquele defesa deveria ter visto directamente o cartão vermelho directo logo no início do jogo, pelo modo violento como atingiu e lesionou a perna de Cristiano Ronaldo - escreveu-se direito por linhas tortas. Estavamos no minuto 62 quando voltou a haver igualdade numérica, dez contra dez.
As quezílias entre jogadores repetiam-se e as pequenas batalhas campais iam interrompendo o decurso normal do jogo; Figo e Deco incorreram em comportamentos merecedores de cartão vermelho, envolvendo-se em cenas nada dignas deste âmbito competitivo. O que se passou em campo dos 72 aos 76 minutos foi vergonhoso. Assim, a expulsão de Deco aos 78 não surpreendeu e, tal como a de Costinha, o que a motivou é impróprio de jogadores de topo. Portugal, reduzido a nove, abdicou do ataque e Miguel, o melhor jogador português em campo, mesmo esgotado, ia sendo o abono de família na defesa. A desistência de construir situações ofensivas era gritante e valia a ineficácia concretizadora dos holandeses e a concentração de Ricardo na baliza. Ainda houve tempo para Van Bronckhorst ser expulso aos 94 minutos: ficavam nove contra nove!
E o jogo lá terminou após sete minutos de tempo de desconto e eu quase a sofrer de um ataque cardíaco que me deixou sem...............

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sexta-feira, junho 23, 2006

Primum vivere deinde philosophare - 8

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Laudas às férias e ao Verão

O tempo estival corresponde ao apelo das férias, ao usufruto de dias de ociosa ocupação tão aguardados há meses. Poder descansar sem estar condicionado pelos estreitos limites tirânicos dos ponteiros do relógio, mandar às malvas compromissos e obrigações profissionais, quebrar por uns dias o automatismo mecânico de rotinas instituídas, rever pessoas do lado solar da vida, conhecer novas paragens ou regressar aos lugares marcados pelo afecto, recuperar o bálsamo psicossomático que alenta e sustenta a disposição para novo ciclo opressor de labores e suores...
O calor dilata a coluna do mercúrio e contrai a extensão dos tecidos em bronzeada exposição de carnes, decreta em sazonal trégua a densidade de pudores e delicia de sensual volúpia humores e sabores, numa amena informalidade relacional e deleite emocional. Assim se tempera a existência e nos damos razões para lamentar a morte e agradecer a sorte. Ser em férias é a expansão de nós connosco e aos outros, é o tentado paroxismo da fugaz e etérea felicidade que se fixa em mais duradouro presente.
Férias não rima com coisas sérias; conjuga-se em indicativa lentidão, escreve-se com os pés na areia e o tronco na esteira, celebra-se em reforçado líquido - que o calor dilata os copos e o que neles se deposita, e a sede, e hidrata a vontade no desejo de afogar e afagar o corpo em banhos de Sol, mar e demais carícias. Estio é cálido torpor e frouxa ambição: calar a formiga com o silvo da cigarra, render a austeridade da abnegação com o silêncio da lassidão e dizer sim onde tantas vezes se diz não.
Zelar pela ignorância acerca do noticioso caos do mundo: não saber quantos morreram hoje naquela terra que se devora em guerra, ou qual a última gaffe cometida pela estupidez bushista, ou as últimas injúrias e insinuações do dirigente xis que provoca o clube ypsilon, ou as mais recentes medidas legislativas congeminadas pela energúmena incompetência dos vampíricos governantes, ou a oscilação de câmbios e bolsas, ou...
Fazer das férias a possível imperfeição de uma obra de arte; dar um tiro na asfixia capitalista: o prazer do ócio, o gozo do descanso, a plenitude tolerada da descontracção e... Verão!
P.S. - Embora ainda esteja agrilhoado com os ossos do meu ofício, faço votos de Boas Férias a todos os que, honrando-me com a amabilidade da sua visita a este blogue, têm dado quórum a estes textos de intuito catártico e partilha reflexiva.

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quarta-feira, junho 21, 2006

Portugal 2 - México 1

A passagem aos oitavos-de-final já estava garantida, mas mesmo assim a selecção não deixou os seus créditos por mãos alheias e venceu o grupo D e o seu cabeça-de-série, mesmo alinhando com uma equipa alternativa, escalada para retemperar energias a habituais titulares e gerir cartões amarelos.
O ímpeto ofensivo do México nos cinco minutos iniciais foi quebrado pelo golo madrugador e em contra-golpe de Maniche, dando a melhor sequência a uma boa jogada de Simão pelo lado esquerdo. Com boa pressão no meio-campo e uma dinâmica de posse de bola pautada por constantes mudanças de flanco, o jogo decorreu controlado até ao penalti oferecido pelo capitão mexicano, Rafael Marquez, e concretizado por Simão aos 24 minutos. O golo do México cinco minutos depois deveu-se a uma incrível falha de cobertura ao segundo poste, escancarando a baliza no seguimento de um canto. Aos 44 minutos, Ricardo defendeu um remate com selo de golo e impediu o empate; foram aflitivos os minutos finais da primeira parte.
Na segunda parte, Miguel provocou aos 56 minutos uma grande penalidade que, felizmente, Omar Bravo não conseguiu concretizar. A expulsão de Luis Perez, quatro minutos depois, veio facilitar a vida à nossa selecção que, até aí, não merecia estar a ganhar. Com mais um jogador em campo, Portugal arrefeceu ligeiramente a acutilância ofensiva dos mexicanos, equilibrando as operações no meio-campo. Porém, o México não desistia e ia pondo em sentido a defesa das quinas, embora pressionando sem grande perigo. E foi essa ineficácia do adversário que fez com que o resultado feito na primeira parte se mantivesse até ao fim.
Este jogo provou que Portugal não tem uma segunda equipa no banco, valendo como atenuante à fraca exibição o ter jogado a meio-gás e com a equipa B. Seja a Argentina ou seja a Holanda, frente ao próximo adversário Scolari terá de escalar um onze que inclua os que hoje viram o jogo do banco ou da bancada, como Nuno Valente, Deco, Costinha, Pauleta e Cristiano Ronaldo.
Com tango ou túlipas, agora é que o Mundial vai começar com as equipas a sério e a doer na fase de eliminatórias. Arriba Portugal!

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terça-feira, junho 20, 2006

O carpinteiro hipostasiado

Indico a seguir alguns aspectos biográficos e traços psicológicos referentes a alguém cuja identidade talvez seja conhecida.
Nasceu de uma virgem em 25 de Dezembro, numa gruta; o seu nascimento foi assistido por pastores. Não, não é Diónisos (que teve por pai Zeus e por mãe a virgem Semele)...
Foi considerado um grande mestre e um instrutor itinerante, fazendo-se acompanhar por doze discípulos. A quem o seguisse era-lhe prometida a imortalidade, tendo mesmo realizado milagres. Identificava-se com o «Sol nascente». Foi sepultado e ressuscitou ao fim de três dias, sendo a sua ressurreição celebrada todos os anos. Era também designado de «Bom Pastor» e identificava-se quer com o cordeiro quer com o leão; consideravam-no "o Caminho, a Verdade e a Luz", como igualmente «Logos», «Redentor», «Salvador» e «Messias». Consagraram o domingo como o seu dia, a que chamaram o «Dia do Senhor». A principal festividade que lhe foi dedicada ocorria por altura do equinócio da Primavera, uma época do ano actualmente conhecida entre nós por Páscoa. Na celebração litúrgica em sua honra havia um ritual eucarístico, ou «Ceia do Senhor», em que esta importante personagem era lembrada invocando-se a afirmação que ela própria enunciara em vida: "Quem não comer o meu corpo e não beber o meu sangue, para que possa ser um comigo e eu com ele, não será salvo."
Já se torna fácil identificar a figura que evoco, tantas são as pistas. Trata-se obviamente de... Mitra, cuja primeira referência conhecida encontra-se numa tabuínha cuneiforme de 1400 AEC (quinze séculos antes de Cristo!) a propósito de um tratado entre os Hititas e os Mitanni. A Pérsia - actual Irão - foi o foco de difusão do culto a Mitra, divulgado sobretudo no Império Romano entre os séculos 1 e 3 EC. A um judeu da Galileia dessa época, carpinteiro de profissão e conhecido por «nazareno», atribuíram desavergonhadamente as mesmas características e, contra a sua própria vontade, fundaram uma nova religião.
Que falta de criatividade! Que pena não haver nesse tempo legislação protegendo direitos de autor! Que exemplo paradigmático de como a cópia passa por original e se vende gato por lebre! É caso para dizer que há crimes perfeitos e que o cristianismo também é um comercial embuste e uma simples iMITRAção!

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Primum vivere deinde philosophare - 7

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segunda-feira, junho 19, 2006

Portugal 2 - Irão 0

Portugal cumpriu frente ao Irão e igualou a proeza de 1966 ao garantir a presença no Mundial para além da fase de grupos. Foi um jogo no qual a selecção alinhou com o mesmo onze inicial da final do Euro 2004, à excepção de Fernando Meira no lugar do lesionado Jorge Andrade.
A exibição da equipa portuguesa foi razoável, dispôs de quatro oportunidades de golo (50% de eficácia na finalização) e de um amplo domínio na posse de bola, mas manifestando ainda lentidão nos processos de transição defesa-ataque e alguma displicência defensiva. Figo e Deco foram os dinamizadores da construção das jogadas ofensivas, dando amplitude e profundidade ao jogo. Claro que, tal como Angola, o Irão é uma selecção menor, com óbvias limitações técnicas e jogou com uma disposição táctica defensiva (4x2x3x1) que só se desfez aos 63 minutos com o grande golo de Deco, após o qual a procura de espaços ficou facilitada a Pauleta e seus pares no ataque.
Globalmente, foi uma exibição consistente. Porém, a partir de agora é que Portugal vai ter a verdadeira prova de fogo, primeiro com o México e depois nos oitavos-de-final com a poderosa Argentina ou a calibrada Holanda. Continuarão os "magriços" de 66 a servir de inspiração?

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sexta-feira, junho 16, 2006

«Políticos, Caciques e Outros Anátemas» - 10º Acto

Ex-deputado do PSD, ex-secretário-geral da JSD e ex-presidente da Federação Académica do Porto, Ricardo Almeida viu um dos autuados seis seus excessos de velocidade (imagino os cometidos!) prescrever no tribunal, em virtude de as autoridades nunca terem conseguido notificá-lo. Será que um órgão de soberania (tribunal) não consegue identificar o paradeiro ou residência de um membro de outro órgão de soberania (Assembleia da República)? É que Ricardo Almeida foi deputado de 1999 até Abril deste ano!...
Como se isso não bastasse, mais tarde este jovem e desenrascado piloto de estrada também não pagou cerca de 90 euros de uma contra-ordenação. Ora, o caso deveria ser enviado para execução judicial, porém, puxando ou não do seu estatuto político-partidário (será que a imunidade parlamentar chega a tanto?), o social-democrata em apreço e ex-muita coisa viu a multa nunca chegar a tribunal, pois parece que nunca chegou a sair da Direcção-Geral de Viação. Simples coincidência ou suspeita amnistia e favorecimento, o que é certo é que se trata de mais um acto desta novela que parece fazer jus à ideia de que o esplendor da corrupção é como o Sol: brilha em Portugal de modo mais intenso!

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quarta-feira, junho 14, 2006

Legendar o silêncio icónico (8)

A experiência mística dos animais e o poder inabalável da fé.
(O silêncio icónico não permite escutar a uníssona oração...)

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Uma novela terrorista chamada Guantanamo

Há poucos dias, a ministra britânica dos Assuntos Constitucionais, Harriet Harman, afirmou na BBC que Guantanamo "está numa terra sem lei. Ou a mudam para os Estados Unidos ou a fecham". Por seu lado, o primeiro-ministro inglês, lacaio e cúmplice do terrorista Bush, asseverou recentemente que esta base norte-americana em Cuba é "uma anomalia que tem que acabar". Por conseguinte, qualquer dúvida sobre o comportamento criminoso do «império do bem» se dissipa perante tão insuspeitas asserções.
Ora, no sábado de manhã três presos foram encontrados mortos nas suas celas nesta prisão militar, presumivelmente por se terem suicidado usando roupas e lençóis com que se enforcaram. Em reacção a este acontecimento, Bush disse estar "profundamente inquieto" e insistiu mesmo para que "os corpos sejam tratados com o máximo respeito"!
Que bom seria se o cinismo idiota e a vil hipocrisia matassem, para que eu, finalmente, pudesse tratar Bush com respeito...

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terça-feira, junho 13, 2006

A criança que há nos adultos

Sou um convicto republicano; tudo o que tenha a ver com a monarquia suscita em mim um sentimento de fastio e compaixão, pois o régio sistema afigura-se-me coisa obsoleta e ultramontana, como uma relíquia que ainda vai funcionando, não obstante ter já outros e mais fiáveis modernos substitutos sucessores. Como aquele calhambeque que se colecciona e que ainda vai servindo para passear em encontros de coleccionadores e em fins-de-semana de solarengo estio, mas sem poder ter mais extensiva utilidade e intensivo uso, sob pena de se desconjuntar irremediavelmente.
Por que motivo refiro isso? Bom, porque os nossos vizinhos ibéricos são monárquicos e acompanham com a fátua curiosidade habitual as aventuras da família real que, desde há oito meses e se o machismo constitucional for corrigido, têm na infanta Leonor uma putativa rainha, dada a vinculação dinástica que advoga que o mérito está no azul do sangue. Por razões pouco racionais, tenho uma remota simpatia pelo rebento de Felipe e Letícia: ambos nascemos no dia 31 de Outubro, embora não seja esse facto que me levará a deixar de ser republicano; a afectividade não me tolda o bom senso político nem a lucidez democrática.
Ora, acontece que li num jornal diário que foi celebrada uma missa na catedral em frente do Palácio Real, em Madrid, com o objectiva de a cachopa ser apresentada... à virgem de Atocha! A petiz, segundo o periódico, e por mais que a sua mãe procurasse arrancar-lhe um sorriso, por mais pequeno, ligeiro, subliminar e esboçado que fosse, permaneceu sisuda, já certamente formatada pelo cumprimento das exigentes regras protocolares e antecipando no estilo o exercício futuro de um reinado tão asséptico quanto o da antepassada inglesa Isabel II.
Agora, isto de apresentar um bebé a uma estátua tem que se lhe diga e é de fazer inveja a surdos-mudos. Por outro lado, possuindo o panteão católico um tão vasto leque de humanas divindades aureoladas, não será injustificado o privilégio chauvinista por uma virgem em particular? Será que na prodigiosa eucaristia realizada foi lido, por exemplo, o Êxodo 20 e 34, Salmos 115 ou Isaías 42? Não seria melhor, dada a afinidade etária, guardar a cerimónia lá para o Natal, a tempo de mais adequadamente ser apresentada ao menino Jesus?
Para este procedimento - adultos com comportamento de criança imporem a uma criança um comportamento de adulto - nem Deus, se existisse, teria explicação ou resposta.

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segunda-feira, junho 12, 2006

Angola 0 - Portugal 1

A selecção portuguesa era favorita para o jogo e cumpriu, entrando neste Mundial a ganhar à estreante selecção angolana num jogo há meses muito aguardado, dada a afinidade histórica, desportiva, cultural e linguística entre os dois países. Com uma pouco usual entrada de rompante, os primeiros quatro minutos foram alucinantes e culminaram com o excelente golo de Pauleta (o seu 47º na selecção), que muito deve ao grande trabalho de técnica e velocidade de Figo pela ala esquerda.
Ainda na primeira parte, uma bola à barra e um remate de Cristiano Ronaldo bem defendido por João Ricardo podiam ter consolidado o marcador. A esta falta de sorte juntou-se uma notória quebra exibicional da selecção, evidente na segunda parte: lentidão na construção de jogadas de ataque, posse de bola pouco objectiva, com excessiva lateralização do jogo e falta de ligação entre os sectores... A selecção precisa trabalhar bem mais as transições rápidas, pois frente a equipas mais fortes e credenciadas torna-se vital acelerar o tempo de recuperação de bola e a construção de processos ofensivos.
Daí que, não obstante a vitória, a exibição foi pior que o resultado e deixa alguma apreensão para o próximo jogo, sobretudo se considerarmos que Portugal jogou com uma equipa inexperiente nesta competição e que a segunda parte foi jogada taco a taco com os «palancas negras». Foi um jogo emotivo mas fraco, no qual se sentiu a ausência de Deco para dar outra amplitude de jogo, designadamente no meio-campo, e em que Cristiano Ronaldo e Simão ficaram uns furos abaixo do que podem fazer. Fica agora a pergunta: até onde os portugueses Irão?

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sexta-feira, junho 09, 2006

Primum vivere deinde philosophare - 6

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Celebrar o planeta futebol

E eis que hoje tem início mais um Campeonato do Mundo de futebol, uma das mais importantes competições do calendário desportivo internacional. A cobertura mediática exponencia o número de adeptos deste fenómeno social que é, inequivocamente, uma incontornável forma de manifestação cultural da modernidade, até pelo amplo e socialmente complexo envolvimento afectivo que caracteriza o investimento emocional individual de milhões de pessoas.
Como uma religião, o futebol instaura práticas gregárias e dinâmicas rituais e cultuais materializadas no clube ou na selecção; potencia grandes assistências e aglomerados ímpares; inspira cânticos e coreografias num uníssono coral de claques; e cimenta uma identidade social (cidade, região/província, país) que valida uma versão iconográfica e idiossincrática específica e localizada espacialmente. Por outro lado, a transversalidade sociológica desta modalidade é abrangente e inclusiva, exemplarmente democrática, na medida em que é partilhada por todos interclassistamente, é independente de estatutos sociais e pretexto de amnésia segregacionista.
Dentro do rectângulo de jogo, o futebol simboliza, de certo modo, os diferentes contextos da vida social: os jogadores e as equipas reproduzem modelos de divisão do trabalho, de tarefas e papéis, bem como de interacção recíproca, mediados por um corpo de juízes dotado de poder sancionatório e que zela pelo cumprimento de leis, regras e prescrições. E, todavia, isso não impede que haja uma diversidade de estilos de jogar e perspectivas de enquadrar e avaliar o desempenho dos actores-jogadores, que são os guerreiros a quem impende a obrigação de permitir a satisfação do triunfo e a busca lograda do prazer. À felicidade de uns corresponde necessariamente a infelicidade de outros; além disso, não há campeões sem sorte, factor aleatório e casuístico que a qualidade e o mérito não dispensam. Em suma, em 90 minutos condensam-se os dramas e as alegrias intrínsecos à configuração da vida em sociedade, com a alternância dos seus altos e baixos traduzidos num cortejo de vitórias e derrotas; o sorteio contingente da sorte e do azar e a oposição nós - eles que se decide através da moderação arbitral que incorpora a legitimação do resultado e representa a justiça que pode ser bem ou mal aplicada, por vezes favorável e outras vezes desfavorável.
Desta vez com epicentro na Alemanha, o mundo vai novamente transbordar de adrenalina, pois a bola vai começar a rolar!

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quinta-feira, junho 08, 2006

Primum vivere deinde philosophare - 5

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Legendar o silêncio icónico (7)

A flagrante inconsistência entre distracção e segurança.
(Será uma prova de destreza para ladrões anões?)

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terça-feira, junho 06, 2006

O preço da pax americana

Há em África uma guerra que dura há três anos e já matou mais de 300 mil pessoas e provocou milhões de desalojados e refugiados. No Darfur, em paupérrimo território sudanês, prolonga-se o confronto sangrento que opõe milícias pró-governamentais e rebeldes e que não parece ter fim à vista. É actualmente o foco de conflito mais trágico e, apesar disso, os média quase ignoram esta circunstância, convertendo em pequeno rumor o ensurdecedor grito de sofrimento de tantos civis inocentes.
Por seu lado, na antiga Birmânia, hoje Myanmar, o país vive sob o jugo de um regime ditatorial igual ou pior do que o iraquiano na era de Saddam.
Os exemplos multiplicam-se por esse mundo fora e se o discurso oficial da diplomacia e política externa dos EUA, que justificou a invasão unilateral do Iraque, fosse consequente e baseada em premissas verdadeiras, certamente que, muito antes do facínora shiita, outros ditadores teriam sido depostos pelos falsos arautos da paz e da democracia, sediados em Washington e Londres, enquanto estes apoiavam Saddam na guerra que empreendeu contra o Irão. Mas isso não aconteceu pela simples razão de que ou as ditaduras são subservientes aliadas dos EUA (como a Arábia Saudita e o Paquistão) ou, não o sendo, não albergam petrolíferas riquezas e outras fontes de prosperidade predatória que não são de enjeitar. Assim se erige o "Império do Bem" em torno do eixo anglo-americano.
Se as relações internacionais não fossem baseadas em desumanas relações de poder e de exploração económica, Kissinger estaria a apodrecer na cela de uma prisão (em vez de se passear no mundo em tenebrosas conferências) e Bush e Blair seriam os réus mais mediáticos do TPI, como criminosos de guerra responsáveis por terrorismo de Estado. O que lhes vale é que são eles que ditam as regras e vendem a pax americana. Além disso, à custa de tanta invocação em tomadas de presidencial posse, grafadas também no vil metal (in god we trust), a fórmula teocrática parece dar resultado.
Nesta reabilitação do espírito templário de Cruzada contra os ímpios gentios na sua própria terra, resgatar e preservar o Santo Graal / Ouro Negro, a utilidade da guerra radica na venda da paz e da democracia; e, nesta acepção de paz, o Sudão e Myanmar, por exemplo, nada têm a que os EUA possam deitar a mão. Por conseguinte, também fazer a paz é um investimento que só vale a pena se, com a graça de Deus, tiver retorno e lucrativo proveito. God Bless America!

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segunda-feira, junho 05, 2006

No país do fascínio pirómano

Portugal, país de gente desleixada e pirómana, já arde há algumas semanas. A onda de calor dos últimos dias antecipou o Verão e, invariavelmente, converteu-se em feroz inimiga do ócio dos bombeiros. À mais pequena subida de temperatura, lá ressurgem os incêndios numa cadência de suspeita e estratégica aparição, que as imagens televisivas divulgam como churrasco imenso da fauna e flora e infernal pasto ígneo.
É surpreendente como ainda há árvores para arder e como ainda há governos a proceder a reestruturações, reformulações e revoluções nos serviços de bombeiros, sapadores e protecção civil, para no final tudo ficar na mesma; mormente este ano, em que a GNR ganhou a valência de combate ao fogo. Pode ser que para o ano os governantes pateticamente se lembrem dos cantoneiros da limpeza... Os sucessivos governos, à custa de meterem tanta água, não entram também em combustão.
Talvez seja isso fruto da imunidade parlamentar e impunidade política, bem como do gosto português por queimadas a destempo, piqueniques sem higiene ou tradicionais foguetórios que abrilhantam as festividades populares de católica reverência, do São João à Nossa Senhora do Amparo, das Dores ou das Diarreias...
Cada vez mais, o sentido que faz ter bombeiros em Portugal equivale ao sentido que faz terem os esquimós... frigoríficos!

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sexta-feira, junho 02, 2006

Legendar o silêncio icónico (6)

Mais cedo ou mais tarde, cada um descobre a sua vocação.
(A tecnologia de ponta não vencerá o artesanato!)

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quinta-feira, junho 01, 2006

Dia Mundial da Criança

Convenção Sobre os Direitos da Criança
(adoptada pela Assembleia-Geral da ONU em 20 de Novembro de 1989)
Artigo 6
1. Os Estados Partes reconhecem à criança o direito inerente à vida.
2. Os Estados Partes asseguram na máxima medida possível a sobrevivência e o desenvolvimento da criança.
Artigo 24
1. Os Estados Partes reconhecem à criança o direito a gozar do melhor estado de saúde possível e a beneficiar de serviços médicos e de reeducação. Os Estados Partes velam pela garantia de que nenhuma criança seja privada do direito de acesso a tais serviços de saúde.
É a inconsistência entre a idealidade abstracta da palavra e a cruel realidade concreta do meio social que abala os mais fortes alicerces da esperança e do respeito pelos mais desprotegidos e que alimentam o inferno na Terra. Comemorar um dia da criança não é, em rigor, um exercício simbólico de celebração, mas antes de lamentação; a mesma lamentação que justifica a necessidade de uma Convenção Sobre os Direitos da Criança. O Homem não tem remissão...

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Primum vivere deinde philosophare - 4

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