quarta-feira, abril 30, 2008

Se a estupidez pagasse imposto...

A Junta de Freguesia da Ericeira foi multada em €7000 por proteger o ambiente, usando óleos reciclados nos camiões de recolha do lixo e dada a circunstância de ser impossível legalizar a produção de biodiesel (está esgotada a quota definida pelo Governo). É no mínimo estranho e bizarro este excesso da ASAE, que penaliza o consumo de combustíveis seguramente mais ecológicos que os combustíveis fósseis, multando comportamentos mais ambientalmente correctos do que o embuste dos agrocombustíveis, que retiram espaço agrícola para produções bem mais importantes e necessárias (e que contribuem para a actual crise na produção de cereais).
A estranheza aumenta quando nos lembramos que Sócrates foi Ministro do Ambiente (vê-se mesmo que era um ferreiro a tocar rabecão!)... Que bom seria se, em Portugal, a estupidez pagasse imposto - o Governo contribuiria em muito para encher os cofres do Estado!

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terça-feira, abril 29, 2008

Ignorantes são os outros

No seu discurso na sessão parlamentar comemorativa do 25 de Abril, Cavaco Silva disse estar mal impressionado com a ignorância dos jovens sobre a nossa história recente e com o seu alheamento da vida política, bem como fez eco da notória insatisfação dos portugueses com o funcionamento da democracia. Não ouvi o discurso, porque o meu tempo de ócio não o desbarato com as costumeiras banalidades de circunstância debitadas pelos políticos habituais, mas li nos jornais um resumo da retórica presidencial: ocorreu-me que Cavaco ter-se-á esquecido de que foi primeiro-ministro durante mais de dez anos e é Presidente vai para três, dando cobertura à tragédia que é o Governo Sócrates (o «engenheiro» das Novas Oportunidades) e mostrando-se inadmissivelmente frouxo e servil para com os desmandos imbecis de Alberto João Jardim. Por conseguinte, Cavaco é um dos maiores responsáveis pelo estado de coisas que cinicamente vem agora lamentar, provando à saciedade que é a presumível ignorância dos portugueses que justifica as escolhas eleitorais que mantêm os políticos medíocres no poder.
Começo a ter sérias dúvidas sobre o significado das elevadas percentagens de abstenção eleitoral: serão, afinal, sinal de ignorante passividade ou de inteligente expressão de descontentamento? Do que não tenho dúvidas é que, em terra de cegos, até Cavaco é presidente!

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segunda-feira, abril 28, 2008

Primum vivere deinde philosophare - 81

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quinta-feira, abril 24, 2008

O Tratado que maltratou a democracia

José Sócrates acrescentou ontem mais algumas pérolas ao seu pouco invejável e extenso rol de verborreias ocas e demagógicas, paradigmáticas da sofrível qualidade retórica e do pouco apreço que tem pela inteligência dos seus concidadãos. Com efeito, durante a sessão parlamentar de ratificação do Tratado de Lisboa, afirmou o nosso querido líder que, em torno deste documento, existe "um grande consenso político e social". Mas então, se assim é, por que razão é Sócrates inconsequente e, cobardemente, fez tábua rasa de uma das suas mais importantes promessas eleitorais e impediu que os portugueses se pronunciassem em referendo sobre tão relevante matéria de interesse nacional? Afinal, se é tão significativo esse consenso favorável, o que temeu Sócrates na hora da verdade? Ou será que o povo (que o elegeu) é tão estúpido que não consegue compreender o texto do convénio europeu assinado em Lisboa, compreensão essa só ao alcance das notáveis e reconhecidas inteligências que são os deputados do PS, do PSD e do CDS?
Como se isso não bastasse, o logorreico «engenheiro» que nos (des)governa asseverou mesmo, jactante e triunfante - no seu estilo comum aos que atiram os foguetes e mais se divertem a apanhar as canas -, que a ratificação por via parlamentar do Tratado de Lisboa "é uma forma particularmente feliz de assinalar a revolução democrática". Caro senhor de estranhas engenharias lógicas, cada vez que sou obrigado a ouvi-lo vem-me espontaneamente à memória umas recentes palavras reais que fizeram história: em nome da saúde da democracia, «porque não te calas?»

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terça-feira, abril 22, 2008

Hoje é o Dia da Terra



Muitos dos dias do ano são dias de qualquer coisa que globalmente o Homem maltrata, oprime, violenta, discrimina negativamente e/ou faz perigar, seja o planeta, as crianças, as mulheres, a árvore, a floresta, o ambiente, a paz, a poupança, etc. E hoje é o Dia da Terra - que pena! Pelo menos, que se celebre a Terra, enquanto houver Terra...

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Sem trabalho e sem ética

A severa frieza e indiferença dos números denuncia a cruel realidade laboral instaurada pelo sistema capitalista e neoliberal. Segundo o DN, numa notícia com o concludente título «Nunca houve tantos empregos precários», entre trabalhadores precários e assalariados com falsos recibos verdes são mais de um milhão os que vivem a prazo, sem garantias mínimas de subsistência; e, numa década, este tipo de população activa aumentou 47%. Por outro lado, duplicou o número de desempregados só no último quadriénio.
Perante este quadro social preocupante, é estranho que ainda haja quem sustente que a legislação laboral portuguesa é rígida e que os patrões se queixem da dificuldade que dizem ter para despedir trabalhadores, imputando mesmo cobardemente a estes o ónus dos períodos de abrandamento da actividade produtiva e económica. Estamos perante uma quadratura do círculo, pois há alguma coisa que não bate certo no discurso da rigidez laboral - em que países é, afinal, mais difícil o despedimento colectivo do que em Portugal?
Antes de terem um novo Código do Trabalho, o Governo devia era promover nos nossos empresários úm Código de Ética.

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segunda-feira, abril 21, 2008

Legendar o silêncio icónico (81)

O Papa previu o resultado do último Sporting - Benfica!
(Pudera, com iluminação divina, até eu...)

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Porto - Benfica

Estava o treinador do FC Porto, Jesualdo Ferreira, a falar com os seus jogadores no balneário, antes de um jogo com o Benfica:
- Eu sei que é uma chatice, mas temos que jogar contra eles... Faz parte do calendário, o que é que querem?
Nisso, o Lucho responde:
- Mas, mister, é preciso irmos todos?
Então, o Quaresma levanta-se e diz:
- Não é preciso! Eu vou jogar sozinho contra eles; vocês podem ir descansar...
E Jesualdo, surpreendentemente, lá concordou:
- Ok Quaresma! Então vai lá dar cabo deles!
E, assim, Jesualdo e os restantes jogadores foram para um café ao lado do estádio e começaram a jogar snooker. Estavam eles entretidos, até que Lisandro se lembra de ir ver o resultado do jogo ao intervalo. O marcador assinalava: 1 - 0, golo de Quaresma aos 10 minutos. Lisandro regressa à mesa de snooker e divulgou a informação.
Uma hora depois, decidem ir todos ver o resultado final, que foi de 1 - 1, golo de Adu aos 89 minutos. Ficaram surpresos e algo aborrecidos, pelo que Jesualdo se dirigiu ao balneário onde estava o Quaresma, sentado com as mãos na cabeça e muito irritado.
- Então Quaresma, o que é que aconteceu?, perguntou Jesualdo.
- Oh mister, então não é que o cabrão do árbitro expulsou-me aos 11 minutos...

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sexta-feira, abril 18, 2008

Laranja sem sumo

As histórias do PS e do PSD mostram que os partidos de poder não têm talento como partidos de oposição (tê-lo-ão quando exercem o poder?). As derrotas eleitorais sofridas permitem antever uma penosa travessia no deserto e lutas intestinas próprias de uma militância mais preocupada na obtenção de dividendos pessoais do que na defesa cívica e descomprometida de causas, convicções e ideologias. As maiorias de Cavaco Silva perturbaram a vida interna do PS, como agora a maioria de Sócrates tem prolongado o clima de paz podre no seio do PSD.
Mas a agremiação laranja atingiu o paroxismo do conflito entre «companheiros», descambando numa voragem autofágica inaudita e convertendo-se no maior partido da oposição... interna! Marques Mendes queria derrotar José Sócrates, mas só conseguiu derrotar Santana Lopes; Luis Filipe Menezes queria derrotar José Sócrates, mas só conseguiu derrotar Marques Mendes; agora é uma legião de barões (e baronesas) que querem derrotar José Sócrates e, de tanto vituperar o edil de Gaia, moeram-lhe a paciência e levaram-no a bater com a porta...
Foram sete os meses de liderança de Menezes - nem dava para gerar um filho! Estranho partido este, em que é mais problemático eleger um líder do que vencer o partido rival na obtenção do poder. Com amigos assim...

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Triste vitória de Pirro

Inesperada e surpreendentemente, a Plataforma Sindical de professores comprometeu - se calhar de forma irremediável - o capital de credibilidade, de esperança e de reconhecimento público da justiça das suas reivindicações conseguido a 8 de Março com a histórica manifestação em Lisboa. A assinatura, ontem, deste indecoroso acordo (entendimento, moratória, ou outros eufemismos com que o queiram designar) com a tutela representa, efectivamente, uma cobarde capitulação e uma tácita cedência às propostas ministeriais sobre matéria fulcral da vida nas escolas. Curiosamente, os presidentes dos Conselhos Executivos dos agrupamentos de escolas de Coimbra fizeram mais no pós-manifestação pela dignidade da profissão docente, do que Mário Nogueira e os seus camaradas sindicalistas - a fraqueza destes é uma traição e uma desautorização da coragem e integridade deontológicas daqueles.
As posições dos sindicatos, na pessoa de Mário Nogueira, têm ziguezagueado ao sabor das circunstâncias e, infelizmente, não souberam estar à altura da responsabilidade que lhes cabia. Creio mesmo que mentem aos professores, ao anunciarem que em 86% das escolas os professores reunidos na última terça-feira foram favoráveis ao acordo, quando a lista de escolas cujos professores a ele se opuseram excede a centena... Não é fácil sentir na pele o sentimento de César apunhalado por Brutus!
Como aceitar que, mesmo a título experimental (numa espécie de avaliação a brincar), os docentes sejam avaliados por itens como as classificações que atribuem aos alunos e sejam responsabilizados pelo abandono escolar (quando as causas deste são bem conhecidas e extrínsecas à escola e bem mais imputáveis ao Governo)? Como admitir que um docente seja avaliado por um colega menos habilitado e/ou de uma diferente àrea disciplinar? Como anuir à instrumentalização dos professores contratados, que agora se vêem desamparados e confrontados com a descabida exigência de frequentarem acções de formação creditadas inexistentes e nunca antes ordenadas a docentes que não sejam do quadro (até porque não progridem de escalão)? Então agora, subitamente, já é admissível a divisão da carreira em professores titulares e não titulares? E dissipa-se a contestação quer ao ignóbil modelo de gestão escolar que o governo pretende implementar, quer ao estúpido Estatuto do Aluno já em vigor?
Não, os professores não têm uma Ordem nem Sindicatos que os defendam, de facto. Mas o mais irónico é ser esta apregoada vitória uma vitória de Pirro - de parabéns parece estar a astúcia de Lurdes Rodrigues, que dando a imagem de ceder, conseguiu com um passo atrás dar brevemente três em frente. E irónico também é ter este acordo sido assinado a uma semana... do 25 de Abril!

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quarta-feira, abril 16, 2008

Legendar o silêncio icónico (80)

Amizade à moda do Porto!
(Assim, a bida bale a pena ser bibida!)

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terça-feira, abril 15, 2008

Mundo perfeito

Em África, ao acordar de manhã, uma gazela sabe que deve conseguir correr mais velozmente que o leão se quiser manter-se viva. Por sua vez, ao acordar de manhã, um leão sabe que deverá correr mais velozmente que a gazela se não quiser morrer de fome.
Afinal, o Sol, quando nasce, é para todos - quem poderá negar que estamos num mundo perfeito?

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segunda-feira, abril 14, 2008

Glorioso?


Glorioso? Só se for na... RTP Memória!

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quinta-feira, abril 10, 2008

Primum vivere deinde philosophare - 80

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terça-feira, abril 08, 2008

Serviço cívico

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segunda-feira, abril 07, 2008

O tacho do costume

Jorge Coelho foi nomeado para a presidência da construtora Mota-Engil, juntando-se na administração a outro ex-ministro, Valente de Oliveira, e a um ex-secretário de Estado, Luis Parreirão. Não sejamos ingénuos: não é o exercício de cargos de governação que, como por geração espontânea, habilita ou dá competência para a gestão e a administração em lugares de cúpula de lucrativas empresas. E este é o enésimo caso que indicia o conluio dos partidos de poder (PS, PSD e PP) com o sector privado, concomitante com a destruição do serviço e da administração públicos, aliás já denunciado pelo socialista João Cravinho - entretanto afastado para Londres e igualmente bafejado por um salário principesco num banco para ex-políticos - ao referir que "é inaceitável que quem concedeu o exercício de monopólios para a construção e exploração de obras públicas tenha depois cargos de direcção na execução desses mesmos monopólios" - é o que se passa com Jorge Coelho, que, enquanto ministro das Obras Públicas, concedeu à Mota-Engil os maiores negócios das SCUT. Uma situação análoga à de Joaquim Ferreira do Amaral em relação à Lusoponte, entre muitos outros exemplos que se acumulam há décadas.
Não admira, portanto, que as injustas assimetrias sociais aumentem e batam recordes em Portugal, um país onde facilmente se recrutam bufos, um país da «cunha» e do nepotismo tacitamente institucionalizados no relacionamento entre cidadãos. Festejar o 25 de Abril converteu-se numa rotina politicamente correcta mas sem correspondente substância cívica nem efectivação concreta, tantos são os exemplos de perda de qualidade da participação democrática que vão proliferando...
Concedo que os políticos que tiveram responsabilidades governativas não podem ser discriminados negativamente no acesso a cargos administrativos e de gestão de empresas no sector privado. Mas «à mulher de César não basta ser honesta» e o ambiente de suspeição é recorrente, quase uma lusa fatalidade, obstando à moralização da vida pública e à confiança na classe política. Mormente num país com uma deficiente, pouco credível e morosíssima Justiça, e em que o Estado parece servir de abono, confundindo-se os limites entre servir o Estado e servir-se do Estado.
O progresso do país faz-se da confiança nos cidadãos e nas instituições, e isso não rima com «tacho»!

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sábado, abril 05, 2008

3 coisas que até uma gata preta percebe



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sexta-feira, abril 04, 2008

Figura de urso

Ontem, durante a pausa para almoço, um dos meus comensais colegas comentou que tinha lido na última edição do «Expresso» um dos mais imbecis e cretinos artigos de opinião jamais publicados na história da imprensa escrita nacional, digno de ombrear com as boçalidades típicas de um César das Neves. Aguçado pela concomitante curiosidade gerada por tão desprestigiante e apodíctico julgamento, fui ler online o controverso artigo e, confesso, fiquei siderado pelo rudimentar primitivismo intelectual que ele expressa. Não pensava que o «Expresso» descesse ao ponto de dar cobertura e difusão a tão impudente idiotice, a tão dissoluta ignorância verberada por Henrique Raposo - há, convém reconhecer, que ter coragem!
Por exemplo, a dado momento afirma o escriba que o programa «Minuto Verde», da RTP, "é uma espécie de Alcorão ecologista". Curiosa analogia e curiosa omissão do porquê de não ser igualmente uma «espécie de Bíblia ecologista». E, mais à frente, e no contexto de uma diatribe dirigida à Quercus, o bem pensante colunista declara que esta instituição "ama o ambiente enquanto odeia a sociedade onde vive; ama a bicharada árctica enquanto despreza todos os meus hábitos. Querem o quê? Que deixe de tomar banho em nome da fraternidade que une homens e ursos? Lamento: entre o sacrossanto gelo do Árctico e a heresia ecologicamente incorrecta, escolho a segunda. Nunca um urso polar me pagou um copo pela Páscoa." Perante tamanho exemplo de egoísmo e da mais rasteira ética utilitarista, afigura-se-me que é o Henrique Raposo - nem o seu apelido de animal o sensibiliza e solidariza ecologicamente! - que faz triste figura de urso patrocinada pelo «Expresso». Terá ele andado a beber copos a mais na Páscoa? Pena tanto desperdício de tinta, papel e... água do banho!

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quinta-feira, abril 03, 2008

Do convento para o ministério

As coisas compreendem-se melhor quanto mais numerosas forem as peças do puzzle: agora tenho a comprovação de que, conforme eu suspeitava, a actual ministra da Educação demonstra possuir mais vocação para gerir instituições monásticas. Educada por freiras, Lurdes Rodrigues dava um excepcional case study de psicanálise se se deitasse no divã. Afinal, tudo se conjuga e coordena naquele ar seráfico de beata, nas suas convicções tão profundas e inabaláveis, praticamente místicas, de padroeira redentora dos profanos pecados educativos. O seu tom de voz tem a sacra solenidade de uma oração; dos castos passos do seu andar transparece uma peregrinação rumo a um idílio prometido, qual reino dos céus, expurgado dos diabólicos docentes, sindicalistas e demais comunistas. A sua postura é a de combatente sofredora na defesa dos insondáveis desígnios legislativos que quer impor, só comparáveis às santas revelações ditadas por Iavé aos profetas.
Pena que esta antiga aluna de um colégio de freiras não tenha ido para madre superiora, pois tem vocação de austera eremita - tal é o seu alheamento da concreta imanência - e, por outro lado, a sua ignorância da realidade escolar e educativa não se resolve com o Curso Comercial que tirou, nem a partir do límbico pedestal em que se acomoda nem da divina transcendência que a ilumina. E é talvez por isso que se ganhou uma péssima ministra à custa da perda de uma potencial santa, especialista e mártir de outros comércios...
A bem dizer, a católica confraria não tem as virtudes das escolas de futebol, tão ineficaz é na descoberta de vocações, como por este caso se confirma - Lurdes Rodrigues bem podia ser o Figo ou o Ronaldo da santidade e dos futuros altares dos súbditos do Papa, como Nossa Senhora das Aberrações!

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terça-feira, abril 01, 2008

Em ninho de cucos / 19

Uma das (infelizmente) poucas medidas aceitáveis que este governo quer implementar - e que só peca por tardia - é a de extinguir o divórcio litigioso. E, talvez por isso, o clube de solteiros profissionais que reúne sob o epíteto de Comissão Episcopal Portuguesa rosne perante um pontual projecto de lei sensato, socialmente pertinente e ajustado a um Estado laico, composto de cidadãos livres, autónomos e intelectualmente emancipados. Persistem os nostálgicos dos autos-de-fé e salazarentos atavismos de outrora em não discernir a mudança cultural inevitavelmente operada: a igreja romana já não tutela indiscriminadamente - graças a Deus! - as consciências com a opressão dos estúpidos e erróneos dogmas emanados de abjectos Concílios dos tempos em que o Sol girava à volta da Terra.
Como continuar a dar ouvidos a esta canibal e anticrística legião de papa-hóstias, cúmplices e fautores dos mais hediondos crimes contra a humanidade, títeres e mentores de déspotas, adversários da democracia e discriminadores de divorciados, homossexuais e mulheres? Afinal, quais lóbistas impenitentes, o que este aglomerado de vendilhões do templo e vestidos de sotaina pretende já não é só regozijar-se com o penoso cenário de cônjuges desavindos a arrastarem o corpo e as economias pelos corredores dos tribunais, mas, no limite, contaminar os governantes com o veneno das suas execráveis idiossincrasias para banir o divórcio (amigável ou litigioso) do nosso ordenamento jurídico.
No fundo, o que os gestores portugueses da multinacional vaticana prezam, promovem e defendem é o seu lucrativo negócio milionário de almas, esmolas, ilusórias redenções, esperanças de salvação, vãs promessas e paraísos celestiais. Não lhes basta as injustificáveis benesses de «concordatas» e afins privilégios infames concedidos pelo Estado laico, e ainda vociferam desavergonhadamente contra imperativos de elementar justiça social... Vale a esta multidão parasitária e improdutiva que o medo da morte e a pueril crença em irracionais ressurreições ainda movem muitos pobres de espírito que os alimentam nos seus dilatados estômagos e na sua episcopal soberba.
Que moral têm estes celibatários para determinar ao Estado laico a autista protecção do casamento? Acaso alguém já viu um vegetariano defender as superiores virtudes da dieta omnívora? Ao clero católico só o diabo, e com muita paciência, os perdoa!

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Legendar o silêncio icónico (79)

Com o frio, todo o cuidado é pouco!
(Isto é que é ficar «enregelado»...)

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Primum vivere deinde philosophare - 79

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