segunda-feira, dezembro 31, 2007

Próspero 2008, apesar de tudo!

domingo, dezembro 30, 2007

Money talks

A crise no Banco da Opus Dei - o BCP, de Jardim Gonçalves - era afinal um modo de vida impunemente instalado e avesso a práticas de transparência nas contas e de respeito pelo rigor e pelos direitos dos seus clientes e accionistas. Talvez tenha sido por se pautar por obscuros critérios de gestão, e por se envolver em clandestinas negociatas de legalidade duvidosa, que tão ilustre instituição tenha atingido o estatuto de maior banco privado português, fazendo jus ao próprio mote publicitário que diz: "a vida inspira-nos"!
Benditas sejam as denúncias insistentes de Berardo e a sucessão mal congeminada pelo devoto e beato fundador, as quais funcionaram como o algodão que fez emergir (toda?) a porcaria acumulada e que estava dissimulada e encoberta por uma imagem de credibilidade e exigência que não passava de encenação.
Perante tamanhas fraudes económicas, a CMVM e o BP só se mexeram após a persistência noticiosa dos média, provando quão incompetentes e comprometidos parecem ser no exercício efectivo e independente das suas funções de supervisão e de regulação. Só a promíscua cumplicidade entre o poder político e alguns agentes económicos pode explicar o injustificável silêncio e a vergonhosa inércia daqueles organismos. Às vezes, dá ideia que Constâncio é mais um secretário de Estado das Finanças do que um governador do BP...
E, para colorir ainda mais este cenário de moderno capitalismo e decadência nacional, transfere-se a administração da CGD para o BCP, como se o conhecimento de matérias de interesse e de investimento públicos e estratégias empresariais não estivessem em causa. Como pode ainda haver capitalistas e neoliberais, face a tão condenáveis episódios, que criticam a importância do papel do Estado na sociedade e na economia e apregoam cinicamente as virtudes da livre iniciativa individual?
O capitalismo é, de si, trágico, mas o capitalismo português consegue ser também ridículo nesta diária ressurreição do «salazarismo de mercado»: pelos vistos, só tem esperança em Portugal quem fizer parte de uma catolicamente abençoada elite de detentores de cartão rosa e laranja. Neste país com tanto de terceiro-mundismo, cada vez mais parece estarmos num 24 de Abril!

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sexta-feira, dezembro 28, 2007

Em ninho de cucos / 14

Não tem termo a sucessão de sofismas com que a igreja dos papa-hóstias ilude a verdade com ficções ancoradas no medo do pecado e na crucificação da vida. Acusar o ateísmo de tirar o sentido à época natalícia e os ateus de serem culpados pelos crimes cometidos em nome de Deus é só mais uma prova da imbecilidade e má-fé dos que se apropriam da mensagem do defunto nazareno que consideram deus.
Infelizmente, e ao contrário do que erroneamente rosna Policarpo, os humanos seres não "estão a esquecer Deus" suficientemente. Este cardeal é que parece esquecer (ou escamotear) a História, que ensina que as grandes tragédias da humanidade são indissociáveis do fenómeno religioso: é quando o Homem se lembra de deus - nas suas múltiplas acepções, facetas e credos - que se instala o conflito, o obscurantismo, a opressão teocrática. Nem parece que Zé Policarpo faz parte da cúpula da hierarquia de uma instituição que é das mais criminosas da História, que matou arbitrária, injustificada e cruelmente milhões de pessoas ao longo de séculos (e que ainda hoje exerce censura e contribui para o imobilismo social). Ceifar vidas não é, seguramente, uma tarefa cristã nem legitimadora da Igreja papal nem da sua moral retrógrada, bafienta e mentecapta.
Acaso a ignorância do vaticano clero é tão grande que desconhece que, mesmo na actualidade, não esquecer Deus perpetua as tragédias humanas? O que se passa na Palestina entre judeus e islamistas? E nos Balcãs: entre católicos croatas e ortodoxos sérvios, entre estes e islamistas bósnios e albaneses? E na Irlanda do Norte entre protestantes e católicos (todos eles cristãos!)? E em Caxemira entre islamistas e hindus? E no Sudão entre cristãos, animistas e islamistas? E na Nigéria, na Etiópia e na Eritreia entre cristãos e islamistas? E no Sri Lanka entre hindus tâmil e budistas cingaleses? E na Indonésia e Timor entre islamistas e cristãos? E no Cáucaso: entre ortodoxos russos e islamistas chechenos, entre cristãos arménios e islamistas azeris?
Sr. Zé Policarpo: não brinque com coisas sérias e interceda junto do seu actual chefe alemão para que, finalmente, a Igreja Católica páre com a consagração da mentira e deixe de insultar a inteligência das pessoas. Só os parasitários cleros de todas as confissões teriam a perder com o "esquecimento de Deus"!
Deixem os ateus e o ateísmo em paz e na sua nobre missão de esclarecimento de que a construção de uma efectiva Ética universal se funda na Razão e não no irracional preconceito sustentado em dogmas de fé gerados desde o tempo em que o Sol girava à volta da Terra, que boiava na água, e Adão e Eva habitavam o paraíso!

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quinta-feira, dezembro 27, 2007

Em ninho de cucos / 13

É infernal a fúria arrebanhadora desta multinacional italiana de almas: nem os fetos escapam à estratégia de angariação e fidelização da clientela. Para os papistas, a crença religiosa forma-se por imposição cultural e ca(te)quética manipulação, e não por livre convicção assumida por pessoas maduras e adultas; o baptismo de crianças é o conveniente e precoce acto de arregimentação acenado por disparates teológicos que vêm desde patetas como «Santo» Agostinho e outros energúmenos «santos» padres que fazem a absurda e pouco bíblica «Doutrina & Tradição» desta totalitária instituição sediada no Vaticano.
Como se vê, este eclesial comportamento para com os inocentes - os pobres, os pobres de espírito, os analfabetos, as crianças - nem os que ainda estão para nascer poupa e deixa de fora, tal como os pedófilos impõem o seu deslocado fervor hormonal a ingénuas e imberbes criaturas. Como censurar estes e elogiar uma igreja igualmente perversa?
E, já agora, se, como rosna a misoginia católica pela voz de Policarpo, "toda a mulher é mãe, mesmo que não gere filhos", o mesmo princípio legitima que se defenda que "todo o padre é pedófilo, mesmo que não apalpe as criancinhas na solidão das sacristias". Como pode haver mulheres que não prezam a sua dignidade de género e alinham nestes hediondos esquemas?! Amarão realmente os rebentos por vir?

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Humores # 19

Certa noite uma mulher não voltou para casa.
No dia seguinte, ela disse ao marido que tinha dormido na casa de uma amiga. O homem telefonou para as 10 melhores amigas da mulher: nenhuma sabia de nada!

Certa noite um homem não voltou para casa.
No dia seguinte, ele disse à esposa que tinha dormido na casa de um amigo. A mulher telefonou para os 10 melhores amigos do marido: oito deles confirmaram que ele tinha passado a noite na casa deles e dois disseram que ele ainda estava lá!


Um homem casado vai confessar-se: "Eu quase pequei..."
E o padre: "Que quer dizer com «quase»?"
- "Encostei o meu «coiso» na empregada... Mas não enfiei - por isso, foi «quase»!"
- "Encostar é a mesma coisa que enfiar... Você pecou, meu filho! Reze vinte avé-marias e colabore com cem euros para as obras da igreja, que será perdoado!"
O tipo sai do confessionário, reza vinte avé-marias, tira da carteira uma nota de cem euros e vai até à caixa de esmolas. Encosta a nota na ranhura, mas recua e guarda o dinheiro de volta. O Padre, que estava à espreita, repreende-o:
- "Eu vi isso, seu pecador! Você não enfiou o dinheiro na caixa de esmolas!"
- "Ai é, senhor padre? Se calhar já se esqueceu que encostar é o mesmo que enfiar..."

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domingo, dezembro 23, 2007

Feliz Natal

Apesar de ser tão provável o puto a que ternamente chamam «menino jesus» ter nascido num 25 de Dezembro de há mais de dois milénios, como um judeu comer carne de porco, lá continuamos a, ano após ano, fazer de conta que esta invenção cronológica da tradição católico-cristã não é ficção: salvaguarda-se o profano negócio - o religioso e o outro - e garante-se um período de tréguas na existencial batalha pela sobrevivência...
Assim, e embora eu, antes de morrer, não pense reservar com o preço de esmolas um apartamento num celeste condomínio, associo-me à efeméride desejando a todos os que têm por hábito visitar este blogue um Feliz Natal!

sexta-feira, dezembro 21, 2007

PIano para salvar Portugal

Recebi via mail um interessante plano para salvar Portugal e que, embora seja chauvinista e provavelmente alguns de vocês já o conhecem, não resisto a postar neste blogue. Eis o singelo projecto de salvação nacional:
Passo 1: trocamos a Madeira e os Açores pela Galiza, mas os espanhóis têm que levar o Sócrates.
Passo 2: os galegos são boa onda, não dão chatices e ainda ficamos com o dinheiro gerado pela «Zara», que é só a terceira maior empresa de vestuário, revitalizando assim a indústria têxtil portuguesa. A Espanha fica encurralada entre os Bascos e o Sócrates.
Passo 3: desesperados, os espanhóis tentam devolver o Sócrates, mas a malta não aceita.
Passo 4: oferecem também o Pais Basco - a malta mantem-se firme e não aceita.
Passo 5: a Catalunha aproveita a confusão para pedir a independência e, cada vez mais desesperados, os espanhóis devolvem-nos a Madeira e os Açores e dão-nos ainda o Pais Basco e a Catalunha, com a contrapartida de termos de ficar com o Sócrates. A malta arma-se em difícil mas... aceita.
Passo 6: damos a independência ao País Basco. A contrapartida é eles ficarem com o Sócrates. A malta da ETA pensa que pode bem com ele e aceita sem hesitar. Sem o Sócrates, Portugal torna-se um paraíso e a Catalunha não causa problemas.
Passo 7: afinal, a ETA não aguenta o Sócrates e o País Basco pede para se tornar território português. A malta faz-se difícil mas aceita (apesar de estar lá o Sócrates).
Passo 8: fazemos um acordo com o Brasil: eles enviam-nos o lixo e nós mandamos-lhes o Sócrates.
Passo 9: o Brasil pede para voltar a ser colónia portuguesa. A malta aceita e manda o Sócrates para os Farilhões das Berlengas, apesar das gaivotas perderem as penas e as andorinhas do mar deixarem de pôr ovos.
Passo 10: com os jogadores brasileiros mais os portugueses, e não dispensando a preciosa ajuda do célebre emplastro, Portugal torna-se campeão do mundo de futebol.
Passo 11: os espanhóis ficam tão desmoralizados, que nem oferecem resistência quando os mandamos para Marrocos.
Passo 12: unificamos finalmente a Península Ibérica sob a bandeira portuguesa.
Passo 13: a extraordinária dimensão geoestratégica adquirida, que une a Península Ibérica e o Brasil, torna-nos verdadeiros senhores do Atlântico. Colocamos portagens no mar, principalmente para os barcos americanos, que são sujeitos a uma sobretaxa tão elevada que nem o preço do petróleo os salva.
Passo 14: economicamente asfixiados, eles tentam aterrorizar-nos com o Bin Laden e até escolhem o emplastro para capa da TIME e «man of the year», mas a malta ameaça enviar-lhes o Sócrates e eles rendem-se incondicionalmente.
Fica ultrapassada a crise!
Como vêem é fácil - basta tentar!

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Um presente envenenado

Surpreendentemente (ou talvez não!), o Governo do sr. «engenheiro» concedeu tolerância de ponto nos dias 24 e 31, ao contrário do que aconteceu nos anos anteriores, em que os funcionários da Administração Pública tinham de optar por um dos dois dias. Ora, tão simpático presentinho do Natal dá que pensar, pois, quando a esmola é grande, o pobre desconfia!
Será uma contrapartida compensadora da ignominiosa perda continuada do poder de compra dos adorados funcionários públicos? Ou será um cínico paliativo para a proposta de lei acabadinha de aprovar pelo PS (Partido do Sócrates, que de «socialismo» tem nada!) no Parlamento e que imporá em 2009 um aumento de 1% nas contribuições sociais dos «privilegiados» trabalhadores na coisa pública?
Se Charles Dickens fosse português e vivo, teríamos um Conto de Natal protagonizado não por Mr. Scrooge, mas por Mr. Sócrates!

Primum vivere deinde philosophare - 71

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terça-feira, dezembro 18, 2007

Superbriga - 6º episódio


Estamos em Dezembro e, não há dúvida que, com o Inverno à porta, o frio já se faz sentir em todo o país. Porém, este ano o clima está mais gélido no sul, sobretudo para os lados da 2ª circular, com temperaturas negativas que até já carecem de actualização: vive-se por ali abaixo dos -10ºC! Já nem o calor humano é antídoto...

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segunda-feira, dezembro 17, 2007

Tooneladas de siso - 10º quilo

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Humores # 18

No hospital, diz o médico:
- O senhor é o dador de sangue?
- Não, eu sou o da dor de cabeça!
Uma mulher entra numa loja de roupa e pergunta:
- Vendem camisas de noite?
- Não, de noite estamos fechados...
Vai um velhote na auto-estrada quando a mulher lhe liga:
- Sim?
- Olha, querido, tem cuidado! Deu agora nas notícias que, na auto-estrada, vai um carro em sentido contrário!
- Um? Eles são às dezenas!
Dois miúdos estão a conversar:
- O que é que o teu pai faz?
- É advogado.
- Sério?
- Não, um dos normais.

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Primum vivere deinde philosophare - 70

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quinta-feira, dezembro 13, 2007

A UE não é só dos políticos

Consumada que está, pelos 27 chefes de Estado e de Governo da UE, a assinatura do novíssimo Tratado de Lisboa, com a solenidade própria das ocasiões que querem impressionar e deixar rasto na História, é agora a vez de alargar o debate sobre o conteúdo desse Tratado a todos os cidadãos do espaço comunitário e, sobretudo, que estes reivindiquem nos respectivos países a realização do complementar acto referendário ao texto em apreço. Com isso ganham a democracia e o conhecimento das questões europeias que uma tal discussão implica e envolve, bem como se traz o projecto europeu para a agenda dos cidadãos anónimos e afastados da praxis política (só de quatro em quatro anos, por altura das eleições para o Parlamento Europeu, é que tal agenda se coloca). Será que os políticos em exercício querem mesmo manter a imposição de um divórcio entre as pessoas e a instituição que dizem querer reforçar?
Porque nem todos os Estados da UE serão obrigados a uma ratificação por esta via popular (a Irlanda é a saudável excepção), há que denunciar a tentação de os governantes pretenderem - como Sócrates em Portugal - uma ratificação parlamentar, o que relegaria os milhões de eleitores europeus para um silêncio censurável. Assim, colabore e assine esta petição de apoio à realização de um referendo europeu, pois a participação activa do povo nas decisões políticas não se concretiza apenas nos dias de sufrágio para os poderes legislativo e executivo.
Deixemos de ser conformistas e vamos discutir a Europa, a bem da própria Europa!

terça-feira, dezembro 11, 2007

Primum vivere deinde philosophare - 69

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Irmã África

Sob o inevitável opaco manto dos discursos laudatórios e a usual retórica dos redondos lugares comuns da prosa diplomática, terminou a Cimeira Europa-África apadrinhada por Portugal. No indiscernível labirinto de interesses em jogo, muitos dos quais incompatíveis, é difícil não ter prevalecido a hipocrisia que exaure a esperança e cerceia a solidariedade.
O sucesso mais visível, por enquanto (e temo que talvez o único!), foi o da qualidade posta na organização do evento pela presidência portuguesa da União Europeia e o reforço do prestígio internacional concomitante. Porém, reuniões desta magnitude não vão, infelizmente, resolver a crise no Darfur nem as sucessivas e persistentes violações dos Direitos Humanos, uma vez que outros e mais obscuros valores se levantam; pelo contrário, a inclusão protocolar de ditadores africanos na mesa das conversações (ou negociações?), ao mais alto nível da diplomacia, pode até ter o efeito perverso de legitimar e dar cobertura a esses autocratas, simbolicamente representado pela passadeira vermelha a cujos pés é dado pisar.
É frequente o desvirtuamento dos bons propósitos pela realpolitik, sobretudo se de negócios e de África se trata: veja-se, por exemplo, o caso do regime angolano, que é acarinhado por Portugal e pela China (José Eduardo dos Santos não abdica de exercer o poder num gigante que, apesar de rico, tem uma esperança média de vida da sua população pouco superior aos 40 anos, o que não coibiu o «dinossauro excelentíssimo» de reservar 80 quartos do Ritz para a sua faustosa comitiva); ou de Kadhafi, o terrorista reabilitado pelo alinhamento com os EUA e que se perpetua na liderança da Líbia (o culto da personalidade neste país inviabiliza a notoriedade de qualquer outro cidadão líbio); para além de tantos outros casos, como Omar al-Bashir no Sudão e Robert Mugabe no Zimbabué...
Após a Cimeira, também esta estirpe de usurpadores regressa a casa com uma legitimidade reforçada por uma Europa que se diz defensora de valores fundamentais, mas cuja prática institucional afronta cinicamente tais valores. Meio século depois do início do processo descolonizador em África (com a independência do Gana, em 1957), o legado é preocupante pelo avolumar de problemas sem fim à vista. E depois do Cairo e de Lisboa, repetir-se-ão daqui a sete anos as mesmas inócuas e inconsequentes palavras de circunstância que a solenidade destes encontros oficias inspira, em nome da pobreza, da injustiça, dos danos ambientais e dos Direitos Humanos; e renovar-se-ão os votos de amizade e de cooperação estratégica e tudo recomeça: provavelmente sem Sócrates e Barroso (oxalá!), mas, se calhar, ainda com Kadhafis, dos Santos, Bashires, Mugabes e quejandos grandes líderes... Pobre irmã África!

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Legendar o silêncio icónico (73)

"Ladrões! Pra cima de dez bandidos!"
(Como o protocolo oficial branqueia ditaduras de Estado!)

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sexta-feira, dezembro 07, 2007

Ociosidades

Porque é quase fim-de-semana e nem só de Natal vive o mês de Dezembro, bem como aproveitando o facto de quem visita este blogue ter as mãos no leme da cibernavegação, aconselho o visionamento desta interessantíssima animação alusiva à história da pintura e desta outra página sobre a centena de maravilhas escrutinadas pelo mundo, cuja visita é um apaziguador momento de beleza e de sedução para o que no planeta ainda se vai podendo considerar interessante.
Se aceitarem o repto, façam boa viagem!

Jardim no Éden

Humores # 17

1. Um homem chega a casa e encontra um amigo com a sua esposa na sua própria cama. Vai ao esconderijo doméstico buscar a pistola e mata-o com três tiros. Irritada, a esposa comenta: "Se continuares a comportar-te assim, vais acabar sem amigos!"
2. Um aluno diz à professora: "Não quero alarmá-la, mas o meu pai diz que, se as minhas notas não melhorarem, alguém vai levar uma sova!"
3. Dois amigos encontram-se depois de muito anos:
- Casei, tive filhos, separei-me e já fizemos a partilha dos bens.
- E as crianças?
- O juiz decidiu que ficariam com aquele que mais bens recebeu.
- Então ficaram com a mãe?
- Não, ficaram com nosso advogado.
4. Conversa entre reclusos numa cela:
- Porque é que vieste cá parar?
- Concorrência económica.
- Como assim?
- O governo e eu fabricamos notas iguais...
5. O condenado à morte esperava a hora da execução, quando chegou o padre:
- Meu filho, vim trazer-lhe a palavra de Deus.
- Pura perda de tempo, senhor padre... Daqui a pouco vou falar com Ele pessoalmente. Algum recado?
6. Dois velhinhos na conversa:
- Você prefere sexo ou Natal?
- Sexo, claro! Natal há todos os anos - enjoa!

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quinta-feira, dezembro 06, 2007

Primum vivere deinde philosophare - 68

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Libidinal Natal

O fotógrafo italiano Oliviero Toscani é conhecido internacionalmente como o autor das polémicas campanhas da Benetton; e a sua pouco consensual criatividade não pára: desta vez, Toscani volta a provocar com um slogan para o Natal de Milão impresso em camisetas e outros produtos de merchandising cujas receitas reverterão a favor de obras de caridade. E o que diz tal slogan? Simplesmente, "È Natale? Scopiamo?" ["É Natal? Fodemos?"]
Com efeito, esta ousada campanha pouco católica - e talvez por isso muito mais interessante! - insere-se num contexto civilizacional em que a quadra natalícia está absolutamente repaganizada e supera em atractividade a solenidade taciturna e ritual da sua génese cristã. O Natal começa cada vez mais cedo, pois em meados de Outubro já somos bombardeados por anúncios publicitários que têm o velhote da Lapónia como protagonista. E não são só as crianças que se vêem arrebanhadas nas malhas do fervor consumista, sendo igualmente constatável a crescente aposta na sensualidade e na erotização da publicidade, no sentido de seduzir transversalmente os segmentos de mercado.
Neste capítulo, e depois das marcas de automóveis e de perfumes, são os operadores de telemóveis que assumem a vanguarda: a TMN diz que "o Natal pode ser o que você quiser; com a TMN a magia é sua", complementando esta emancipadora mensagem com efusivas imagens festivas, qual Carnaval antecipado, em que participam atraentes modelos e crianças perfeitas, num paroxismo de beleza e alegria de que os idosos não fazem parte; ou a Optimus, com a subliminar mensagem libidinal em que se diz "este Natal dá o teu melhor, com o melhor de ti, Optimus", acompanhada por um spot com lindas manequins, designadamente a protagonista principal: a pose sensual em lingerie, o azul olhar fatal, as sugestivas bolinhas de sabão; ou o Pai Natal da Vodafone, que ora dorme entre elegantes rapazes dispostos a tudo por um novo celular, ora dança empenhadamente entre belas mulheres, ora se bronzeia no convés de um iate ladeado pelas inevitáveis modelos...
Não se pode ficar indiferente a esta idílica metamorfose dos valores natalícios, em que se quer incutir aos adultos que já não se trata apenas de uma época do ano da exclusiva ou dominante preferência dos petizes ávidos de prendas. Inquestionavelmente, a estratégia estival do costume resulta e o Natal está cada vez mais bonito! "È Natale? Scopiamo?"

terça-feira, dezembro 04, 2007

Legendar o silêncio icónico (72)

Nalguma coisa havíamos de estar num honroso 1º lugar!
(Como é fácil reduzir o défice em Portugal!)

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Infelicidades do sr. Fernandes

Ontem foi, seguramente, um dos dias mais tristes na vida do jornal «Público»: a manchete escolhida dava a vitória a Chávez no referendo venezuelano, quando ainda no dia de domingo se soube que, pelo contrário, havia ganho o «não». É a credibilidade de um jornal generalista de referência que sai ferida, como se já não bastasse ter como director José Manuel Fernandes - um mal nunca vem só!
E, por falar no director, vi ontem na página online deste periódico um excerto do artigo de opinião do dito em que asseverava o seguinte: "Muitos autocratas fazem-se reeleger sem necessitarem de desenvolver os seus países ao tirarem partido da renda de riquezas como o petróleo. Até podem matar a fome no curto prazo, mas hipotecam o futuro."
Mas, objecto eu, os ditadores de direita não fazem o mesmo? E "matar a fome a curto prazo" não devia ser a prioridade fundamental de qualquer governo, na Europa como na América do Sul, em África como na Ásia? E se isso se fizer à custa da riqueza gerada pela exploração dos recursos que existem no país, distribuindo-a por todos e não ficando retida como propriedade privada de alguns, qual é o problema ou o crime? E será que pode haver estômagos vivos e saudáveis a médio e longo prazo, se não se lhes der o alimento a curto prazo?
Posso estar enganado, mas ou a Sonae convida o sr. Fernandes a fazer o favor de deixar a direcção do «Público» ou "a curto prazo" morre o jornal de jejum de vendas ou se converte em mero pasquim!

Uma lição de democracia

Eis uma boa oportunidade para pôr à prova a retórica de Chávez sobre a legitimidade do voto e o respeito pela democracia. Com efeito, e um tanto surpreendentemente - felizmente! -, ganhou o «não» no referendo venezuelano de domingo sobre as dezenas de emendas constitucionais que confeririam um poder (quase) absoluto ao general bolivariano. Isto evidencia duas coisas óbvias: Chávez não é o ditador que uma certa direita maniqueísta e retrógrada pinta e o povo da Venezuela deu um recado claro ao seu presidente que o que precisam é de progresso e de desenvolvimento e não de uma deriva autoritária.
Oxalá saiba Chávez moderar o estilo e ímpeto autocráticos da sua governação e, ao contrário dos salazares, não esteja com a democracia apenas quando ganha e com ela esteja também quando perde.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Vale-lhes que a hipocrisia não mata!

Haver um «ministério da Justiça» na Arábia Saudita é tão surpreendente como haver uma «congregação para a Igualdade das mulheres» no Vaticano ou um «ministério das Obras Públicas» no Sudão. Mas lá que há um tal ministério na terra do ouro negro, há: não obstante o desprezo por elementares direitos cívicos, o Ministério da Justiça saudita defendeu a condenação a 200 chicotadas, no passado dia 24, de uma jovem de 19 anos violada colectivamente por sete homens. Na sobranceira perspectiva do governo, a sentença foi considerada "equilibrada", até porque a rapariga havia admitido (sob coacção?) que teve "relações ímpias" (o islão não faz por menos!): era casada e encontrava-se nua na companhia de um homem que não pertencia à sua família, tendo ambos sido agredidos, raptados e violados por um septeto de justiceiros de Allah (estes foram condenados entre 2 a 9 anos de prisão).
Ora, desconhece-se a posição da Comissão Europeia ou da presidência socrática da União Europeia (talvez se trate de escrupuloso respeito pela não ingerência nos assuntos internos de outro país). E, segundo o wahhabismo vigente na Arábia Saudita, as fêmeas criaturas não se devem apresentar em público com machos que não sejam familiares, bem como se devem cobrir da cabeça aos pés. E ainda, como é fácil de prever, o advogado da "ímpia" esposa pouco mais que adolescente, tem o azar de ser um activista dos Direitos Humanos na pátria de Maomé, pelo que pode vir a perder o direito de exercer a advocacia - firmeza acima de tudo, nem que para isso seja precisa a imposição ad baculum...
É curioso que Gordon Brown não venha à cimeira UE - África para não ter de se cruzar com o ditador Mugabe, mas não se coiba, da mesma forma e em nome dos mesmos saudáveis princípios, de se relacionar com cortesia e afabilidade com o Rei Abdullah. Talvez seja porque também Bento 16 se encontrou recentemente com este monarca (veja-se o caloroso cumprimento entre eles num post que aqui publiquei em Novembro). Mas Brown é, presumo, anglicano. Então, tal fraterna amizade entre estes confrades, talvez seja por escuras razões, razões da cor do... petróleo, que o Zimbabué não tem!